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Tesla, Apple e cia sobem e colocam Wall Street de volta no positivo

Por aqui, nosso negócio continua sendo commodities e não tech, o que quase deixou o Ibovespa de fora da recuperação.

Por Bruno Carbinatto
20 Maio 2021, 18h30

E Wall Street voltou a sorrir. Depois de três dias de baixas, as bolsas americanas se agarraram em novos dados positivos de emprego nos EUA e conseguiram fechar no positivo. E parecia que o Brasil ficaria de fora, mas quase na saída pro happy hour, o Ibovespa zerou as perdas e fechou estável. Ufa.

O embalo veio dos novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA. Foram 444 mil solicitações,o número mais baixo da temporada Covid, iniciada em março do ano passado e a segunda semana seguida que isso acontece. Aí os principais índices americanos tiveram altas consideráveis após três dias especialmente ruins. 

As big techs puxaram as altas. Ações da Apple (+2,14%), Facebook (+1,62%) e Google (+0,90%) se destacaram nesta quinta-feira, acompanhando o movimento do mercado como um todo e ajudando a decolar o Índice Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia e fechou em alta hoje de 1,77%. Só que olhar somente o dia engana: o mês de maio tem sido especialmente ruim para essas queridinhas do mercado.

Acontece que, na pandemia, essas empresas vinham acumulando altas significativas e ficando ainda mais big, em partes por conta da digitalização forçada que acompanhou as medidas de restrição de circulação. Agora, as coisas estão um pouco mais complexas.

Parte da equação que motivou a alta dessas empresas está na previsão de que elas vão lucrar ainda mais no futuro. Beleza, é bem provável que isso aconteça. A questão é quanto a mais e a gente já falou sobre isso aqui no Fechamento de Mercado. Tudo depende da taxa de juros, que por sua vez depende do ritmo de recuperação da economia e da inflação dos EUA. Se o juro é mais caro, o custo do dinheiro é maior e o lucro das empresas tende a ser menor.

Ontem o sururu do mercado foi porque, pela primeira vez, o Fed reconheceu que precisa começar a discutir a alta da inflação e uma possível (quem sabe, vamos ver) redução de medidas de estímulo à economia. É coisa para junho em diante, mas ao menos a primeira piscadinha veio. Até então, o banco central dos EUA batia pé que a economia estava muito longe de se reequilibrar.

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O Fed nem de perto falou em alta de juros, então depois do pânico de ontem, hoje o mercado conseguiu respirar. Só que não significa que os medos ficaram para trás. Maio tem sido especialmente ruim para as empresas de tecnologia. 

Por exemplo: as ações da Tesla, a sensação do momento, subiram belos 4,14% hoje. Não foi nem de longe o suficiente para recuperar as perdas ao longo prazo: do fim de abril até agora, a queda acumulada foi de 17,3% (da cotação máxima, em janeiro, o tombo é de 33,6%). Em maio, também registram quedas a Amazon (-6,34%), Google (-2,24%), Facebook (-1,99%) e Apple (-2,99%)

O lance é que 7 das 10 maiores empresas do S&P 500 são de tecnologia. Isso sem falar que elas são o coração do Nasdaq. Aí dá para entender por que o mercado deu uma azedada por lá mesmo com a vacinação em ritmo galopante (47% da população americana já recebeu pelo menos uma dose de um imunizante contra a Covid-19) e evidências de que a economia real vai bem, sim, obrigada. No mês de maio, a queda do S&P 500 é de 0,52%, e do Nasdaq, 3,1%. 

Ibovespa

Por outro lado, ter uma economia emergente baseada fortemente em commodities significa que nem sempre o otimismo ao norte respinga por aqui. É o que aconteceu hoje: apesar dos bons resultados americanos, que levaram as bolsas europeias a subirem também, o Ibovespa fechou perto da estabilidade, com uma leve alta de 0,05%. E isso foi garantido na última volta do relógio, durante o leilão de ajuste do final do pregão.

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O motivo de tanto sofrimento é a repetição da queda do preço das commodities no mercado internacional que já havia ajudado a afundar o índice ontem. O minério de ferro caiu quase 2% no porto chinês de Qingdao, referência para as negociações do produto. Com ele, caíram grandes siderúrgicas e mineradoras, incluindo a Vale (-1,02%), maior representante da carteira do Ibovespa, e a Gerdau, cujas ações figuraram entre as maiores quedas do dia (-3,30% e -2,95% para a metalúrgica).

O petróleo também caiu: o tipo Brent (referência internacional) fechou em -2,33%, e o tipo WTI (referência nos EUA), em -2,23%. O motivo principal é a notícia de que os Estados Unidos e o Irã vão fechar um acordo para o fim das sanções contra o país persa. Isso deverá permitir que ele retorne a exportar a commodity – o que aumentará a oferta do produto no mercado (e, por consequência, diminuirá os preços). A notícia em si não é nova, mas o presidente do Irã afirmou hoje que o modelo do acordo já está pronto, o que ajudou a derrubar os preços. Caíram junto as ações da Petrobras (-0,84%), outro peso-pesado do Ibovespa. No top five de maiores quedas, entrou a outra Petro, a PetroRio (-2,90%).

O dia também foi marcado pela queda nas ações da Eletrobras, já que o mercado buscou realizar lucros após as fortes altas ontem devido ao avanço do processo da privatização da empresa. A Câmara dos Deputados aprovou o texto da Medida Provisória que permitirá que o governo reduza sua participação na empresa de 58% para cerca de 45%, algo que o mercado considerou positivo. O projeto ainda precisa ser aprovado no Senado. Até lá, aguardamos o que o mercado internacional trás de positivo ou negativo para nós.

Maiores altas

BRF: +5,18%

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Locamerica: +5,12%

Localiza: +4,53%

Totvs: +3,86%

BR Malls: +3,84%

Maiores baixas

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Suzano: -4,19%

Gerdau: -3,30%

YDUQS: -3,06%

Eletrobras: -3,02%

Gerdau Metalúrgica: -2,95%

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Ibovespa: alta de 0,05%, aos 122.700 pontos

Em NY:

S&P 500: alta de 1,06%, aos 4.159 pontos

Dow Jones: alta de 0,55%, aos 34.083 pontos

Nasdaq: alta de 1,77%, aos 13.535 pontos

Dólar: baixa de 0,73%, a R$ 5,27

Petróleo:

Brent: queda de 2,33%, a US$ 65,11

WTI: queda de 2,23%, a US$ 61,94

Minério de ferro: queda de 1,99% para US$ 211,85 a tonelada no porto de Qingdao (China)

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