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Superquarta, tetos de gastos e um novo capítulo da novela Evergrande

Mercado quer saber quando Fed enxugará uma parte do dinheiro que coloca na economia todo mês desde março de 2020. Aqui, Selic tem tudo para subir a 6,25%.

Por Tássia Kastner
22 set 2021, 08h18

Superquarta é um fenômeno tipo superlua: acontece com mais frequência do que gostamos de admitir, mas ficamos igualmente impressionados. Essa superquarta, porém, é mais super do que outras.

O mercado financeiro do globo espera que o Fed (Banco Central dos EUA) dê sua primeira sinalização de quando começará a enxugar uma parte do dinheiro que vem jogando na economia, suspendendo o programa de compra de títulos que coloca US$ 125 bilhões de dólares todos os meses no mercado.

A expectativa é que se fale no tema hoje para começar a agir lá por novembro ou dezembro. Até agosto, quando Jerome Powell (presidente do Fed) falou sobre isso abertamente a primeira vez, o cenário era um: a inflação avançava firme, assim como o emprego nos EUA. Desde então, a inflação segue resiliente, mas os demais indicadores econômicos do país dão alguns parcos sinais de desaceleração, uma cortesia da variante delta.

Para arrematar, uma outra fonte de estímulo à economia, os gastos públicos, pode secar. É que os EUA também têm um teto de gastos, e ele tem tudo para ser alcançado agora em outubro. Por lá, bater no teto significa parar a máquina pública e manter apenas serviços essenciais. Deputados Democratas tentam uma manobra para dar um drible no teto, justamente temendo que a escassez de recursos signifique uma desaceleração da economia. A manobra é porque Republicanos tendem a barrar gastos acima do limite. 

Isso sem falar na China, que está às voltas com o caso Evergrande e uma possível desaceleração da economia do país. Nesta manhã, o site especializado em mercados asiáticos afirmou que o Partido Comunista Chinês poderá salvar a gigante da construção. 

Para o BC brasileiro, a tarefa tampouco é trivial. A decisão de subir a Selic em 1 ponto percentual já foi previamente sinalizada, para 6,25%. E há motivos, já que a inflação brasileira beira os dois dígitos. Além disso, aqui seguimos driblando o teto de gastos, agora com o adiamento dos precatórios (contamos aqui)

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É um equilíbrio tênue. Boa superquarta.

humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: +0,58%

Futuros Nasdaq: +0,35%

Futuros Dow Jones: +0,65%

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*às 7h39

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): +0,94%

Bolsa de Londres (FTSE 100): +1,27%

Bolsa de Frankfurt (Dax): +0,74%

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Bolsa de Paris (CAC): +1,23%

*às 7h37

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,70%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,67%

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Hong Kong (Hang Seng): fechada

Commodities

Brent*: +1,44%, a US$ 75,43

Minério de ferro: alta de 16,84%, a US$ 108,70 a tonelada no porto de Qingdao.

*às 08h01

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Agenda

15h Fed divulga decisão de política monetária e pode indicar o ritmo de redução de estímulos à economia.
15h30
Jerome Powell, presidente do Fed, concede entrevista para comentar a decisão,
18h30
BC brasileiro deve subir a Selic em 1 ponto, para 6,25% ao ano, como previamente sinalizado. Investidores vão atrás da indicação de novos aumentos.

market facts

Adiós

A Braskem voltou ao noticiário nesta semana, após uma notícia de que a Novonor (a nova marca da Odebrecht) poderá vender sua fatia na petroquímica na bolsa, em vez de encontrar um comprador só. Primeiro, o Valor Econômico afirmou que seria com uma venda de ações a mercado. Nisso, os papéis pegaram carona na semana turbulenta das bolsas e desceram dos R$ 65 para a faixa dos R$ 58. Ontem, quando o Ibov viveu um dia de recuperação, a BRKM5 ficou no zero a zero. A companhia confirmou o plano de saída da ex-Odebrecht, só não bateu o martelo. Hoje, o Broadcast diz que a venda pode ser na bolsa, mas aos poucos. Quase um bola ao centro. A Petrobras também a acionista da Braskem.

Definição de bull market atualizada

Enquanto Wall Street se perguntava sobre o tamanho do risco de uma quebra da Evergrande, pequenos investidores dos Estados Unidos foram às compras. A entrada líquida de dinheiro foi de US$ 1,93 bilhão, a quarta maior entrada diária de recursos desde o começo da pandemia. O dinheiro foi majoritariamente para ETFs de S&P 500 e também para as megatechs, como Apple. O levantamento é da Vanda Research para a Bloomberg.

Vale a pena ler:

Minha Petro, minha Vida

Tem dividendos pesados vindos para acionistas da Petrobras, e o petróleo não dá sinais de voltar da lua tão cedo. Sinal de que os lucros da estatal tem tudo para continuar robustos. Só precisa combinar com Brasília, que anda querendo socializar os resultados com os brasileiros, em busca de um alívio nos preços dos combustíveis. Você já viu esse filme e nem faz muito tempo. Na Você S/A deste mês, damos um caminho das pedras para você decidir se compra agora Petro ou não. Aqui.

Eu, robô

A Amazon já tem um centro de distribuição de produtos comandado por robôs e algoritmos. Fica na região de Seattle. A combinação faz a empresa despachar 1 milhão de produtos por dia, três vezes mais que o desempenho de um centro modelo de dez anos atrás. O lance é que essa automação mudou a rotina de trabalho dos empregados pela Amazon. Quem delega as tarefas e cobra metas não é mais um chefe, mas o algoritmo. Quem conta essa história é a Bloomberg, aqui (em inglês).

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