Passou uma semana da guerra que tinha data para começar. Não rolou (ainda, dirão os mais pessimistas). O fato é que para o mercado financeiro isso não importa. O medo já é o bastante para fazer com que investidores saiam vendendo ações para colocar uma grana no bolso. Resultado: as bolsas caem.
No balanço da semana, o S&P 500 recuou 1,6%, e o Nasdaq -1,8%. Nada muito caótico para os padrões americanos de 2022, em que os índices americanos já registraram quedas superiores a 5%.
Na sexta passada, os Estados Unidos disseram que a Rússia invadiria a Ucrânia nesta semana. Guerras não respeitam o horário comercial, é verdade, de modo que para a previsão americana se confirmar, restam pouco mais de 24h depois que esse texto for publicado.
E nesta sexta, o medo cresceu. Depois de a Rússia ter dito que começaria a retirar parte das tropas da fronteira, os EUA anunciaram que o contrário estava acontecendo. Há mais soldados cercando a Ucrânia. Para piorar, a Rússia estaria financiando grupos separatistas na Ucrânia, alimentando o conflito interno no país.
O fato é que o mercado financeiro passou a semana se preparando para o pior. Um dos danos de um conflito seria a redução da oferta de petróleo, por causa de um eventual embargo ocidental aos russos como retaliação. Um segundo efeito seria a alta da inflação. Além da disparada da commodity, outros produtos poderiam encarecer por interrupção nas entregas causadas por um conflito.
Olhando em retrospecto, o balanço da semana não foi tão desastroso assim. Hoje o petróleo subiu 0,61%, mas na semana ele registrou a primeira baixa desde o começo do ano. Claro que a base de comparação é injusta, já que na sexta passada ele subiu mais de 3%. Mas outro motivo para a queda é que, enquanto os EUA alimentam o conflito russo anunciando a aproximação e anunciando a data do início do conflito, no melhor estilo guerra fria, eles também negociam um acordo com o Irã, na esperança de liberar o embargo imposto ao país e recolocar a produção iraniana no mercado internacional.
Uma coisa é certa: essa novela está longe de acabar.
Ibovespa
O Ibovespa chegou a engatar sete pregões de alta e fechou a quarta-feira acima dos 115 mil pontos. Era uma conquista a ser comemorada. Mas a quinta e a sexta foram negativas, estragando a festa. Enfim, a bolsa brasileira começou a sentir algum impacto da crise internacional. Hoje, o Ibov perdeu 0,57% e terminou em 112.880 pontos. Na semana a queda foi de 0,61% – melhor que os nosso amigos gringos.
Essa vem sendo a tônica do ano, e quem ajuda são justamente os estrangeiros. É que eles decidiram aportar uma grana por aqui enquanto os juros não sobem nos EUA. Eles ganham com a diferença de taxa de juros: 0% nos EUA x 10,75% Brasil.
Além da guerra
Nesta sexta, os destaques do Ibovespa foram de pura responsabilidade das empresas – e não do cenário macro.
A Cielo, por exemplo, anunciou a venda da operação da Merchant E Solutions, um plano que vinha sendo conduzido pelo menos desde o ano passado. O anúncio fez as ações saltarem mais de 12%. Altas dessa magnitude não são exatamente raras em empresas que flertam com o valor de uma penny stock, negociada na faixa de R$ 2 ou menos.
De qualquer maneira, a notícia é positiva para a empresa.
Também no campo dos desinvestimentos, o Banco do Brasil figurou nas maiores altas do dia depois de uma notícia de que o banco poderia organizar o IPO do BV, instituição financeira que ele tem em sociedade com o Grupo Votorantim. A alta, porém, foi mais modesta: 2%.
Na ponta negativa, a Rumo fechou em queda de quase 9% após reportar prejuízo de R$ 384 milhões no quarto trimestre.
No geral, porém, você sabe. A gente continua dependente dos gringos. Difícil prever até quando eles estarão pintados de verde e amarelo. O que importa é aproveitar o momento. Bom final de semana.
Maiores altas
Cielo (CIEL3) 12,30%
MRV (MRVE3) 2,73%
Banco do Brasil (BBAS3) 2,04%
Energias (ENBR3) 1,90%
Carrefour (CRFB3) 1,69%
Maiores baixas
Rumo (RAIL3) -8,81%
Locaweb (LWSA3) -7,12%
Natura (NTCO3) -5,65%
Banco Pan (BPAN4) -5,40%
Cosan (CSAN3) -4,81%
Ibovespa: -0,57%, a 112.880 pontos
Nova York
Dow Jones: -0,68%, a 34.079 pontos
S&P 500: -0,71%, a 4.349 pontos
Nasdaq: -1,23%, a 13.548 pontos
Dólar: -0,52%, a R$ 5,14
Petróleo
Brent: 0,61%, a US$ 93,54 o barril
WTI: 0,19%, a US$ 90,21
Minério de ferro: 0,63%, a US$ 130,94 por tonelada no porto de Qingdao, na China.