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Rússia cancelada e bolsas em alta

Petróleo já mira nos US$ 113 por barril, enquanto o trigo atinge o seu maior preço desde 2008.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
Atualizado em 2 mar 2022, 11h18 - Publicado em 2 mar 2022, 10h42

Durante a folga de Carnaval B3, o Ocidente fez a sua mais importante jogada econômica: tirou bancos russos do Swift, o sistema que permite transferências bancárias internacionais, levando a um rebuliço na Rússia. Mais uma vez, de maneira surpreendente, os mercados internacionais reagiram de forma até comedida.

Sete instituições financeiras da Rússia foram afetadas: o VTB, Otrkitie, Novikombank, Promsvyazbank, Bank Rossiya, Sovcombank e VEB. Elas terão dez dias para encerrar suas operações no Swift.

Para além das decisões do governo, empresas privadas continuam anunciando o cancelamento da Rússia. As gigantes de transporte marítimo Maersk e MSC Cargo, por exemplo, suspenderam temporariamente o transporte de carga em direção ou partida da Rússia. Youtube bloqueou os canais ligados à rede de TV  Russia Today e ao portal Sputinik – ambos são controlados e financiados pelo governo. A Apple também retirou os aplicativos dos veículos da App Store e paralisou a venda dos seus produtos no país. Já as petroleiras BP, Shell e a norueguesa Equinor cortaram laços com os seus parceiros russos. Montadoras de carros interromperam a produção, e a Boeing e a Airbus pararam suas operações. Até a Warner cancelou o lançamento do novo Batman por lá.

Mas o calo da guerra continua apertando nas commodities. Os preços do petróleo tipo Brent, que é referência global, subiram mais de  7% ontem. Hoje eles continuam a escalada e superam os US$ 113 por barril ao longo do dia. A Agência Internacional de Energia (AIE) liberou 60 milhões de barris dos seus estoques na tentativa de controlar o rali. O problema é que a agência aproveitou para afirmar que a segurança energética mundial está sob ameaça, e aí o efeito do aumento de oferta foi diluído no medo.

Tampouco a Opep+, que inclui a Rússia, tem ajudado. O cartel optou por elevar a sua produção em mais de 400 mil barris por dia no mês de abril. A decisão já era esperada pelo mercado – este é o segundo mês que a Opep mantém esse aumento, em magnitude considerada insuficiente. No entanto, o grupo informou que pode ampliar a oferta caso os preços continuem subindo. 

Mas não é só o petróleo que preocupa. O trigo alcançou o seu maior valor desde 2008, de US$ 9,840 o bushel (unidade de medida imperial que equivale a 25,4 kg) e já acumula alta de 27% no ano, tudo porque Rússia e Ucrânia são dois grandes produtores da commodity. E há ainda o milho, que também subiu e já custa US$ 7,2575 o bushel.

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Esses produtos não foram incluídos nas sanções do Ocidente à Rússia, mas traders, bancos e empresas não querem negociar com o país de Putin, por medo de novas medidas que afetem os negócios.

Mas enquanto a bagunça segue nas commodities, investidores mostram alguma esperança com um acordo de cessar-fogo. Na segunda-feira (28), rolou a primeira rodada de negociações entre os dois países. No encontro, as delegações ucranianas e russas determinaram os tópicos que garantiriam o fim do conflito – que agora estão sendo discutidos com os presidentes. Ontem, o Kremlin disse que a Rússia está pronta para retomar as negociações. A informação animou as bolsas europeias e futuros americanos. 

Por aqui, o Ibovespa aproveita as últimas horas do feriado e o pregão começa mais tarde, às 13h.

humorômetro: o dia começou com tendência de alta
(VCSA/Você S/A)

Futuros S&P 500: 0,31%

Futuros Nasdaq: 0,23%

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Futuros Dow: 0,41%

*às 10h35

Europa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,75%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,69%

Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,20%

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Bolsa de Paris (CAC): 0,47%

*às 10h35

Fechamento na Ásia
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,89%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,68%

Hong Kong (Hang Seng): -1,84%

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Commodities
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Brent: 8,26%, a US$ 113,64

Minério de ferro: 0,55%, US$ 44,98 

*às 10h35

Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

12h O presidente do Fed, Jerome Powell depõe perante o Comitê Econômico Conjunto, em Washington.

16h Federal Reserve divulga o Livro Bege, que traz as condições econômicas em cada um dos 12 distritos do banco central americano.

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market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Raquetada certa

A tenista Serena Williams levantou US$ 11 milhões com a sua empresa de capital de risco, a Serena Ventures. A empresa, que atua como investidor-anjo, já conta com um portfólio de 60 startups que inclui a fintech SendWave, a plataforma de educação MasterClass e o serviço de assinatura de alimentação Daily Harvest. “Sempre fui fascinada por tecnologia e sempre adorei como ela realmente molda nossas vidas”, disse Williams, que investe há nove anos.

Falta de bons investimentos 

A empresa Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, registrou lucro de US$ 36,9 bilhões no quarto trimestre de 2021 – 11% a mais ante o mesmo período de 2020. Mas o investidor não está satisfeito: ele reclamou que o mercado de ações e de grandes aquisições não está tão empolgante. “Hoje, as oportunidades internas oferecem retornos muito melhores do que as aquisições”, escreveu ele em sua carta anual aos acionistas. As oportunidades internas que ele cita são as gigantes que fazem parte do portfólio da gestora: a Apple, a companhia de ferrovias BNSF, a distribuidora de energia Berkshire Hathaway Energy e as operações no mercado de seguros.

Vale a pena ler:
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Pressão na cadeia de suprimentos

A guerra entre Rússia e Ucrânia abalou as cadeias de suprimentos globais, que estavam tentando se recuperar da pandemia. Conforme relata o The New York Times, o fechamento dos aeroportos ameaça o fornecimento global de produtos como platina, alumínio, óleo de girassol e aço. Isso sem falar nos riscos de interrupção no fornecimento de combustíveis, que tende a aumentar ainda mais os custos de frete. Leia (em inglês)

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