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Rumores de que a JBS também quer casório com a BRF agitam a bolsa  

Marfrig, que adquiriu o controle da dona da Sadia e a da Perdigão, sobe forte com o boato. BRF também.  

Por Guilherme Eler e Alexandre Versignassi
Atualizado em 15 jun 2021, 19h39 - Publicado em 15 jun 2021, 19h32

O Ibovespa terminou o dia preguiçoso, mas sem perder os 130 mil pontos. A queda foi branda, de -0,09%, e refletiu a expectativa dos investidores quanto à reunião do Copom, que acontecerá amanhã e pode cravar uma taxa Selic 1% acima do esperado. Enquanto o número final não chega, pouca gente está a fim de correr riscos.

Mas a pasmaceira do índice foi ilusória, porque não faltaram emoções. Principalmente no setor dos frigoríficos.

A Marfrig, que só mexe com carne bovina, começou a tirar do papel os planos de expandir sua atuação para o setor de aves e suínos – especialidades da BRF. Como? Arrematando via bolsa uma fatia da companheira de setor. O apetite foi tanto que agora a Marfrig controla a BRF, com quase 32% das ações da dona da Sadia e da Perdigão. 

E agora essa história ganhou um plot twist: os rumores de que uma outra gigante do ramo dos frigoríficos também quer a BRF. A concorrente em questão é a JBS, maior indústria de alimentos do Brasil, dona das marcas Friboi e Seara. 

A ideia de ver a companhia entrando na jogada soou como música para quem tem ações da Marfrig ou da BRF. Afinal, se a poderosa JBS também se interessa pela compra, é sinal de que Marcos Molina, CEO da Marfrig, fez um bom negócio ao comprar papéis da semi-rival de baciada – ou que, numa jogada à la Billions, o seriado, antecipou-se a um movimento que a família Batista, dona da JBS, estaria prestes a fazer. 

A notícia do interesse da JBS na BRF, publicada na sexta-feira (11) pelo jornalista Lauro Jardim, no O Globo, fez com que as ações de BRF e Marfrig fechassem o último pregão da semana com valorização de 4%. E os rumores reverberaram novamente nesta terça: Marfrig e BRF fecharam de novo com altas relevantes –  2,20% e 2,77%, respectivamente. 

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A JBS, por outro lado, amargou uma queda de 1,79%. 

Tradução: é o mercado entendendo que a JBS pode ter chegado atrasada. E que, se quiser mesmo ter uma fatia da BRF para chamar de sua, terá de gastar muito mais – a compra maciça por parte da Marfrig, afinal, já fez as ações da BRF subirem 30% desde meados de maio. Gastar mais e, talvez, ter de deixar um bom dinheiro nas mãos de Molina. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Petróleo

ESG à parte, o petróleo segue subindo forte, na expectativa por um boom na demanda – caso as novas variantes do vírus colaborem e não façam a pandemia grassar de novo nos países ricos. 

O barril do Brent, referência internacional, subiu 1,55% – o que levou a PetroRio à segunda maior alta do dia, com 3,61%. 

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A PetroRio, diga-se, não a Petrobras. A alta da estatal ficou em 0,97%. A PetroRio, afinal, ganha mais na veia com aumentos do barril, já que seu trabalho é apenas vender o líquido preto. Já a Petrobras tem sempre aquele risco: pode ser obrigada pelo governo a comprar combustível mais caro lá fora para revender mais barato aqui – um freio político que costuma atrapalhar o desempenho das ações da estatal mesmo em cenários positivos para o petróleo. 

A “super quarta”

Em Wall Street, o dia foi cinzento. As bolsas foram impactadas pela divulgação de resultados do varejo no mês de maio, que vieram abaixo das expectativas. Os números indicam uma recuperação econômica mais lenta do que se gostaria. Bastou para que os investidores torcerem o nariz. A queda foi de 0,20% para o S&P 500 e 0,71% para o Nasdaq. Amanhã, o Fed (o Banco Central deles) vai bater o martelo sobre os próximos passos da política monetária local – se ela continuará expansionista, focada na recuperação da crise e com juros perto de zero, ou se mais restritiva, sinalizando um aumento nos juros com o objetivo de conter gastos públicos e a inflação.

É uma discussão parecida com a que vai rolar por aqui, com a reunião do Copom. Com a diferença de que no Brasil as expectativas estão mais bem desenhadas. Para parte dos analistas, é bem provável que o Banco Central opte por um aumento de 1% na taxa de juros – o próprio BC havia sinalizado 0,75% na última reunião.

Ou seja: é bem possível que tenhamos uma Selic de 4,5% amanhã. Note que em março essa era a expectativa dos analistas para o fim do ano. Não chegamos nem na metade de 2021 e já teremos isso – ou algo bem próximo. Moral da história: ainda não inventaram bolas de cristal que funcionem.

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Maiores altas

Sulamérica: +4,84%

PetroRio: +3,61%

EcoRodovias: +3,31%

BTG Pactual: +3,01%

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BRF: +2,77%

Maiores baixas

Banco Inter: -2,73%

Azul: -2,66%

Hering: -2,54%

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Locaweb: -2,51%

Pão de Açúcar: -1,89%

Ibovespa: -0,09%, aos 130.091 pontos

Dólar: -0,47%, a R$ 5,04

Em NY

S&P 500: -0,20%, aos 4,246.59 pontos

Nasdaq: -0,71%, aos 14,072.86 pontos

Dow Jones: -0,27%, aos 34,299.33 pontos

Petróleo

Brent: 1,55%, a US$ 73,99 o barril

WTI: 1,75%, a US$ 72,12

Minério de ferro
+0,50%, a US$ US$ 221,87 a tonelada no porto de Qingdao (China). 

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