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Pressionado por EUA e China, Ibovespa cai 2,25% na semana

Leve recuo nos treasuries alivia os juros futuros e faz dólar cair 0,4%. Mas as bolsas não respondem, e o Ibov emenda sua 4ª queda seguida.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 20 out 2023, 18h53 - Publicado em 20 out 2023, 17h54

Os juros dos títulos de 10 anos nos EUA renovaram as máximas nesta manhã, quando bateram em 4,99% a.a. Mas a proximidade com a linha vermelha dos 5,00% (que não é ultrapassada pelos 10y bonds desde 2007) fez o mercado sossegar o facho e negociar os títulos a yields menos surrealistas. E esses papéis, que basicamente servem de referência para toda a renda fixa global, fecharam a sexta pagando 4,92%.

Isso refletiu por aqui na forma de um recuo do dólar (-0,43%, a R$ 5,03). Baixas nos juros dos títulos de lá diminuem a demanda por moeda americana (a unidade monetária que você usa para comprar títulos de lá), aí o dólar cai. 

O outro efeito é sobre a curva de juros futuros daqui: eles também caem, já que a pressão do dólar sobre a inflação diminui (juros altos, afinal, existem para combater inflação; não fosse por ela, bastaria aos governos mundo afora imprimir dinheiro e jogar de helicóptero no meio da rua para estimular a economia)  

Os efeitos benéficos da (leve) retração dos títulos do tesouro americano, porém, não chegaram às bolsas. A massa de investidores segue correndo para debaixo das asas dos treasuries. O S&P 500 emendou sua quarta queda seguida (-1,26%). A Nasdaq, idem (-1,53%). 

E o Ibovespa seguiu de mãos dadas. Quarta queda consecutiva para o nosso índice também (-0,74%, a 113.155 pontos). Na semana, ele amarga -2,25%. E, como recordar é viver, são -6,37% desde o dia 2 de agosto. 

Porque 2 de agosto? Você sabe: foi a data em que o BC iniciou os cortes na Selic. A bolsa estava em 120.859 pontos – e a expectativa era a de que ela subisse como um foguete. Mas deu ré, por cortesia da resiliência dos juros americanos.    

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O inverno do minério

Se o problema fosse só os EUA, já seria ruim o bastante. Mas tem a questão China também. O BC de lá está jogando dinheiro de helicóptero. Não no meio da rua, mas no sistema bancário, para ver se a economia pega no tranco.   

O freio de mão ali é o mercado imobiliário, que precisa de mais clientes para não entrar em colapso. Estes possíveis clientes precisam de financiamento bancário. O Banco do Povo Chinês, então, imprimiu e deu aos bancos, a juros de pai para filho, o equivalente a US$ 40 bilhões na segunda-feira (289 bilhões de yuans, na forma de empréstimos de médio prazo). Nesta sexta, foram mais US$ 100 bilhões (733 bilhões de yuans, na forma de empréstimos de curto prazo).

Mesmo assim, o pessimismo impera. Esse foi o recado que o minério de ferro deu nesta sexta. A commodity, que precisa de um mercado de construção civil pujante para se manter em alta caiu grossos 3,17% hoje na bolsa de Dalian. 

E aí pobre da Vale: tombo de 2,70% nesta sexta, a R$ 62,68. Com a mineradora apanhando, pior para o Ibovespa – já que ela é a maior companhia do índice, com peso de 14,3%. De qualquer forma, toda a turma metaleira se complica: CSNA3, -3,29%; USIM5, -2,46%; CMIN3, -1,67%; GOAU4, -1,18%  

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Recordar, como sempre, é viver. Em janeiro, quando a expectativa era a de que a economia chinesa tinha se livrado de suas amarras, VALE3 estava a R$ 98,00. Desde lá, a queda é de 36%.   

E a gente vai levando.

Bom fim de semana.

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MAIORES ALTAS

Casas Bahia (BHIA3): 4,00%

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BRF (BRFS3) 3,85% 

Natura (NTCO): 2,96%

Locaweb (LWSA3): 1,57%

IRB Brasil (IRBR3): 1,45% 

 

MAIORES BAIXAS

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Magalu (MGLU3): -4.35%

AZUL (AZUL4): -3,51%

CSN (CSNA3): -3,29%

Cielo (CIEL3): -3,20%

Bradespar (BRAP4): -2,91%

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Ibovespa: -0,74%, a 113.155 pontos. Na semana, -2,25%

 

Em Nova York

S&P 500: -1,26%, a 4.224 pontos

Nasdaq: -1,53%, a 12.983 pontos

Dow Jones: -0,86%, a 33.126 pontos

 

Dólar: –0,43%, a R$ 5,03

 

Petróleo 

Brent: -0,23%, a US$ 92,16. Na semana, 1,40%

WTI: -0,33%, a US$ 88,08. Na semana, 2,00%

 

Minério de ferro: -3,17%, a US$ 114,66 na bolsa de Dalian

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