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Powell fala às 13h, mas a atenção do mercado está centrada no déficit público dos EUA

Guerra aumenta pressão sobre a dívida americana. Enquanto isso, Tesla cai 6,5% no pré-mercado após balanço. E a Netflix sobe 13%.

Por Alexandre Versignassi e Sofia Kercher
Atualizado em 19 out 2023, 08h30 - Publicado em 19 out 2023, 08h29

Bom dia!

Hoje tem discurso de Jerome Powell, às 13h. Só que, neste momento, o presidente do Fed tem menos poder para determinar os rumos do mercado. Porque as atenções agora estão voltadas para outra frente: o déficit público dos EUA. 

Quanto mais ele cresce, mais caro o governo precisa pagar para rolar sua dívida. Ou seja: os juros dos títulos públicos aumentam, independentemente da postura do Fed. 

E ele cresce sem freio. O congresso americano estima que o déficit feche 2023 em US$ 2 trilhões (7,6% do PIB), contra US$ 1 trilhão no ano passado (3,8% do PIB). O total da dívida está em US$ 33,5 trilhões – mais de 120% do PIB, e maior valor nominal da história. 

Com isso, os juros dos títulos públicos passam por uma alta histórica. O juro do prefixado de 10 anos, benchmark do mercado, fechou ontem em 4,96%. Trata-se do maior patamar desde 2007. Aí o clima esfria de vez para a renda variável. Não há bolsa que resista a títulos rendendo quase 5% ao ano em dólar. 

E as guerras pioram essa perspectiva. Biden deve pedir ao congresso nesta sexta US$ 10 bilhões extras para dar assistência militar a Israel, e US$ 60 bilhões para o conflito na Ucrânia. 

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Se serve como alento, vale lembrar que a situação já foi (bem) pior. Em 1981, os títulos de 10 anos dos EUA chegaram a pagar 15%. 

Tesla e Netflix

Os balanços tech mais esperados da semana vieram em direções opostas ontem, após o fechamento de mercado. 

A Tesla divulgou lucro de US$ 2,30 bilhões no 3T23 – abaixo da expectativa, que apontava para US$ 2,56 bilhões, e 37% abaixo do 3T22. O lucro por ação, medida favorita nos balanços americanos, ficou em US$ 0,66, contra uma expectativa de US$ 0,74.

E as ações da Tesla caem 6,5% no pré-mercado, sinalizando o tamanho da decepção. 

Já a Netflix lucrou US$ 1,67 bilhão – 20% a mais do que no mesmo trimestre do ano passado. No lucro por ação, foram US$ 3,73, acima da expectativa, que era de US$ 3,43. 

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Os papéis comemoram: alta violenta, de 13% no pré-mercado. 

O movimento fez com que a Nasdaq, centrada em techs, acordasse mais bem humorada do que o S&P 500: alta de 0,19% nos futuros, ante 0,05% do índice principal.

Bons negócios. 

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros do S&P 500: 0,05%

Futuros do Nasdaq: 0,19%

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Futuros do Dow Jones: 0,02%

*às 8h20

market facts

Ouro dispara 7,5% desde o início da guerra

O ouro não estava exatamente brilhando neste ano. Com a alta nos juros dos Estados Unidos, o mercado tende a preferir títulos públicos americanos. Dois dias antes do início do conflito Israel x Hamas, em 5 de outubro, o metal fechou em US$ 1.816 por onça, seu menor valor em sete meses. No dia 6, estava em R$ 1.830.  

Mas o bom filho a casa torna. Desde o dia que a guerra estourou (7), o ouro sobe 7,5% – chegando a US$ 1.968 por onça na quarta-feira (18). Em tempos de turbulência, afinal, muitos investidores se refugiam na commodity (basicamente por ser o único ativo que sobreviveria a um apocalipse).

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Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

    9h30, EUA: Número de pedidos de entrada no seguro desemprego na semana passada.  

    13h, EUA: Discurso de Jerome Powell, presidente do Fed.

    Europa

      • Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,02%
      • Londres (FTSE 100): -0,72%
      • Frankfurt (Dax): -0,03%
      • Paris (CAC): -0,47%

      *às 8h21

      Fechamento na Ásia

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      • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -2,13%
      • Hong Kong (Hang Seng): -2,46%
      • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,91%
      Commodities
      (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
                    • Brent: -1,39%, a US$ 90,23 por barril
                    • Minério de ferro: 0,40%,a US$ 119,09 por tonelada em Dalian, na China 

                    *às 8h23

                    Vale a pena ler:

                    Os números da migração venezuelana para o Brasil

                    O governo brasileiro já realocou 114 mil refugiados e migrantes venezuelanos — cerca de um quarto dos que vieram ao país desde 2018. São aproximadamente 2.000 venezuelanos por mês, que o governo auxilia a saírem de Roraima para trabalhar em outros Estados.   

                    O Brasil tem o 4º maior número de migrantes venezuelanos, atrás de Colômbia, Peru e Estados Unidos. Esta reportagem da Bloomberg mostra as cidades com mais venezuelanos instalados (a que mais recebeu migrantes de lá foi Curitiba, com 7,3 mil). 

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