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Powell diz que desinflação começou – e NY festeja

No Brasil, eleições no Congresso fortalecem a agenda fiscal de Lula, e seguram o Ibovespa: queda de 1,20%, versus alta de 1,05% no S&P 500.

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
1 fev 2023, 18h58
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Noé, em sua arca, soltou uma pomba para checar se as águas do dilúvio tinham baixado. Caso tivessem, a ave não voltaria, pois teria achado um lugar para pousar. A pomba voltou, infelizmente. Mas trazia um ramo de oliveira no bico. Era um fio de esperança: aquilo pelo menos indicava que as águas tinham começado a baixar.

Nesta quarta, Jerome Powell saiu da reunião do Fomc, o Copom dos EUA, com um ramo de oliveira na boca. Pela primeira vez desde que os preços dispararam por lá, o presidente do Fed falou em desinflação. Foi para dizer que o processo de redução na pressão inflacionária está apenas em estágio inicial – e que isso, por si só, não é motivo para suspender as altas de juros. Mas o mercado americano viu um fio de esperança na menção de Powell, e o S&P 500 subiu 1,05%. A Nasdaq, 2%.

A alta em si nos juros veio como todos esperavam, em 0,25 ponto percentual, para 4,75% ao ano. Trata-se de uma redução no ritmo do aperto. Foram 0,50 pp em dezembro, depois de quatro pancadas seguidas de 0,75 pp. “Mudar o aperto [nos juros] para um ritmo mais lento [nas altas] nos ajudará a avaliar os dados [da economia]”, justifica Powell.

A inflação dos EUA em 2022 ficou em 6,5%, a maior desde 1981 e bem acima da meta de 2% do Fed.

“Vejo um caminho para a inflação retornar à meta sem queda significativa da economia e sem aumento significativo do desemprego. O crescimento econômico continuará, mas em ritmo mais lento”, disse Powell.

 A fala soa um tanto otimista diante das projeções de recessão para os EUA este ano. Ela é, contudo, calcada na força de trabalho do país, que segue num ambiente de pleno emprego. “Não teremos queda de inflação de serviços sem equilíbrio no mercado de trabalho”, completou Powell.

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Brasil 

Por aqui, sem surpresas: o Copom manteve a Selic estável, em 13,75% ao ano.

O Ibovespa, porém, não conseguiu acompanhar o bom-humor do exterior, e caiu 1,20%. A eleição dos presidentes da Câmara e do Senado tem elevado a incerteza dos investidores.

No fim da tarde, Rodrigo Pacheco, apoiado por Lula, conseguiu se reeleger como presidente do Senado, com 49 votos contra 32 de Rogério Marinho, apoiado por Bolsonaro.

Tudo indica que o candidato de Lula para a Câmara, Arthur Lira, também vença, onde as votações seguem rolando.

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Com o comando das duas casas, o presidente tende a aprovar seus projetos com maior facilidade, o que o mercado lê como: mais gastos e aumento do risco fiscal.

3G na berlinda: Americanas x BTG, e Ambev x CervBrasil

Em sua luta contra a falência, a Americanas (AMER3) partiu para a briga contra o BTG. Acusa o banco de ter contribuído para a fraude contábil. Segundo o processo contra o banco, o BTG teria informado à PwC, responsável pela auditoria da varejista, apenas os ativos da companhia, sem relatar os passivos.

“O BTG também teve participação nos atos que culminaram no cenário periclitante atual. Aliás, não apenas participação, mas conivência e culpa”, argumentam os advogados da Americanas no processo que corre no STJ, divulgado pelo Estadão.

O embate judicial entre as empresas começou com o bloqueio de R$ 1,2 bilhão da Americanas guardado no BTG. Após o ocorrido, demais bancos fizeram o mesmo, drenando o caixa da companhia, que ficou com apenas R$ 250 milhões.

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Em nota, o banco disse que “a elaboração e aprovação de demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única, exclusiva e não transferível da própria companhia e sua administração, incluindo sua diretoria e seu conselho de administração.” 

O banco ainda aproveitou para cutucar a varejista pela falta de capitalização desde que foi revelada sua real situação financeira. 

“A leviana criação de narrativas no intuito de atribuir aos Bancos qualquer tipo de responsabilidade neste lamentável episódio tem por objetivo desviar a atenção do problema central. […] passadas três semanas desde o reconhecimento – pela própria Americanas – de práticas irregulares, nenhuma atitude efetiva foi tomada no sentido de sanar os problemas, capitalizar a companhia ou atuar de maneira construtiva na recuperação da empresa e preservação de empregos e fornecedores.”

De qualquer forma, as ações da varejista saltaram 19,43%, indo de R$ 1,75 a R$ 2,09, enquanto as do BTG (BPAC11) caíram 1,80%.

Com a revelação do escândalo contábil da Americanas, que tinha R$ 21,9 em dívidas não divulgadas, os maiores acionistas da companhia passaram a ser olhados com lupa pelo mercado. Além da varejista, a 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, é dona da Kraft-Heinz e da Ambev.

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A companhia dona do famoso ketchup já foi investigada por fraude contábil nos EUA. Agora, pode ser a vez da cervejaria.

A CervBrasil, associação de cervejarias concorrentes, que inclui o Grupo Petrópolis (da Itaipava e Petra), aproveitou o momento para trazer à tona uma de suas antigas pautas: a Ambev teria a prática de fazer manobras tributárias para pagar menos impostos. Especificamente, R$ 30 bilhões a menos. 

Segundo a CervBrasil, a Ambev inflacionava em suas declarações à receita o custo de produtos isentos e que geram créditos fiscais na Zona Franca de Manaus para pagar menos impostos. À Veja, o diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni, disse que as fraudes acontecem pelo menos desde 2017, citando relatórios de fiscalização da Receita Federal.

Em resposta, a Ambev negou as acusações e disse que suas “demonstrações financeiras cumprem com todas as regras regulatórias e contábeis, as quais incluem a transparência do contencioso tributário.” 

Mesmo assim, investidores seguem desconfiados. Nesta quarta, as ações da cervejaria despencaram 3,51%.

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Gato escaldado, afinal, tem medo de água fria.

Até amanhã 🙂

 

MAIORES ALTAS

BRF (BRFS3): 13,21%

Marfrig (MRFG3): 4,11%

São Martinho (SMTO3): 6,90%

Braskem (BRKM5): 4,75%

Eneva (ENEV3): 3,55%

 

MAIORES BAIXAS

Santander (SANB11): -5,53%

EzTec (EZTC3): -5,12%

Raízen (RAIZ4): -4,26%

Natura (NTCO3): -3,78%

Telefônica Brasil (VIVT3): -3,78%

 

Ibovespa: – 1,20%, aos 112.073 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: 1,05%, aos 4.119 pontos

Nasdaq: 2,00%, aos 11.816 pontos

Dow Jones: 0,03%, aos 34.095 pontos

 

Dólar: -0,32%, a R$ 5,0605

 

Petróleo

Brent: -3,07%, a US$ 82,84

WTI:-3,12%, a US$ 76,41

 

Minério de ferro: -0,69%, negociado a US$ 128,60 por tonelada no porto de Dalian (China)

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