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Petróleo sobe com corte na produção russa. Bradesco desaba com balanço fraco

PETR4 segura o Ibovespa no positivo por um triz. Bradesco cai 8% após assumir que "concedeu mais crédito do que deveria". E Alpargatas leva uma chinelada de -18%.

Por Alexandre Versignassi, Camila Barros
Atualizado em 10 fev 2023, 22h59 - Publicado em 10 fev 2023, 18h49

Se você tem ETFs de Ibovespa, quem garantiu o seu dia hoje foi Putin. O ditador russo cumpriu a ameaça de cortar a produção de petróleo da Rússia. Isso fez o Brent subir 2,24%. A Petrobras, que responde por grossos 11,5% do Ibov neste momento, pegou carona no foguete e fechou em alta de 3%. Isso ajudou o Ibovespa a baixar as cortinas levemente no positivo – 0,07%, em linha com o S&P 500 (0,20%). Na semana, a queda do Ibov é de 0,41%. 

A grande questão com o petróleo, porém, é outra. Ele é um baita combustível para a inflação. A alta dele no início da invasão russa à Ucrânia colaborou para a alta global nos preços. Já a queda desde então, de US$ 128 para US$ 81 (-37%) até a última sexta, foi fundamental para a desaceleração nas altas ao longo do ano passado.  

Com os 2% de hoje, a alta do líquido viscoso na semana foi de 8%, a US$ 86,39  – o barril já vinha em alta, precificando do eventual corte russo, que acabou acontecendo. Em números: o corte é de 500 mil barris por dia. Dá 5% da produção russa (ou 20% do que a Petrobras tira). É algo que os outros países da Opep poderiam matar no peito. Mas Arábia Saudita e cia já avisaram que não vão fazer isso – afinal, eles pretendem surfar esta alta para forrar o caixa. 

A pressão inflacionária do petróleo corta ainda mais a esperança de quem espera por um corte nos juros dos EUA ainda neste ano. A “Selic” deles está em 4,75%, e Jerome Powell, presidente do Fed, tem deixado claro que virão mais altas, a despeito da freada da inflação nos últimos meses. 

Nisso, Biden disse que o aumento dos juros “é uma vergonha”, e que vai esperar “esse cidadão terminar o mandato dele” para rever a independência do BC americano. Brincadeira, claro. Lá, eles não têm esse tipo de problema. O banco central dos EUA é independente desde 1951. E não consta que isso tenha destruído o país. Biden cuida do governo. Powell, que não foi indicado por ele, de frear a inflação. 

Que ele tenha comentado sobre isso com Lula em Washington. Porque as ameaças de o governo forçar uma alta na meta da inflação em 2024 (dos 3% planejados para 4,5%) seguem impulsionando os juros futuros, que balizam os títulos de inflação. O IPCA+ 2035 segue num patamar gritante, a 6,40%. Isso acontece porque passa-se a temer que a inflação saia do controle, e que force juros bem mais altos no futuro do que aqueles que o mercado previa. 

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Ou seja: pressão insana para derrubar os juros a qualquer custo não faz mais do que semear juros ainda mais altos lá na frente. 

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Bradesquinho

O balanço do Bradesco veio fraco. O banco lucrou R$ 1,59 bilhão no último trimestre – 69,5% menos que do que no 3T22, e 75,9% abaixo do mesmo período de 2021. O mercado esperava R$ 4,1 bilhões. 

O mau resultado gerou a… FRASE DO DIA:

Talvez o Bradesco tenha concedido mais crédito do que deveria“. 

Foi o que disse Octavio de Lazari Júnior, na coletiva sobre o balanço. Um dos créditos que não deveriam ter sido dados é, logicamente, o da Americanas. O Bradesco colocou R$ 4,9 bilhões na caixinha de Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) para o caso de um calote da Americanas. Esse tipo de reserva é subtraído do lucro do banco, já que pode ser usada. Então decidiram lançar de uma vez no balanço do 4T22, em vez de esperar para soltar só no do 1T23. 

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Mas não são só os R$ 4,9 bilhões. O problema é que o PDD total do banco foi a R$ 14,8 bilhões, contra R$ 4,8 bi há um ano. Lazari diz que isso vem de um aumento generalizado da inadimplência. Pressionadas pela inflação, diz o presidente do Bradesco, tanto empresas como pessoas físicas viveram uma diminuição ímpar na renda, o que afetou sua capacidade de solvência. O objetivo agora, diz Lazari, é recuperar gradualmente as margens da carteira de crédito. 

Havaianas: nem todo mundo usa

Todo brasileiro que viaja para fora do país desperta em si a mesma veia empreendedora: pensa em comprar um montão de Havaianas no Brasil, enfiar numa mala e ir vender a preço de grife na gringa. Será que funciona? Para a Alpargatas, mãe da marca de chinelos, já funcionou melhor. 

Ela reportou um prejuízo de R$ 21 milhões para o quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 303 milhões do mesmo período de 2021. 

O resultado também é fraco quando comparado a outros trimestres: no 3T22, o lucro foi de R$ 45 milhões. No 2T22, melhor do ano, R$ 60 milhões.

Somando tudo, dá um lucro de R$ 108 milhões no ano, contra os R$ 692 milhões um ano antes – uma queda de 84%. Dá para dizer que 2021 deixou 2022 no chinelo. 

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A Alpargatas diz que não vale comparar os dois anos, já que em 2021 entrou dinheiro proveniente da venda da Osklen para o Grupo Dass.

O maior problema, no entanto, não é a comparação. É o temor do mercado de que a Havaianas, marca flagship do grupo, talvez não seja mais a galinha dos ovos de ouro de outrem.  

A Havaianas registrou um lucro líquido de R$ 81 milhões no 4° tri, uma queda de 46% em relação ao mesmo intervalo de 2021. 

Depois da divulgação de resultados, ALPA4 levou uma chinelada do mercado: -18,68%, a R$ 9,58 – a maior escorregada do Ibovespa nesta sexta.

 

Bom fim de semana!

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Maiores altas

TIM (TIMS3): 4,44%

Banco Pan (BPAN4): 3,98%

CPFL (CPFE3): 3,61%

Rumo (RAIL3): 3,24%

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Energisa (ENGI11): 3,12%

 

Maiores baixas

Alpargatas (ALPA4): -18,68%

Bradesco (BBDC4) -8,19%

Azul (AZUL4): -7,46%

Bradesco (BBDC3): -6,08%

BRF (BRFS3): -6,69%

 

Ibovespa: 0,07%, a 108.078 pontos. Na semana, queda de 0,41%.

 

Em NY:

S&P 500: 0,22%, a 4.090 pontos

Nasdaq: -0,61%, a 11.718 pontos

Dow Jones: 0,50%, a 33.869 pontos

 

Dólar: -1,08%, a R$ 5,22. Na semana, alta de 1,44%.

 

Petróleo

Brent: 2,24%, a US$ 86,39. Na semana, +8,07%.

WTI: 2,13%, a US$ 79,72. Na semana, +8,63%

 

Minério de ferro: 0,76%, a US$ 127,04 a tonelada na bolsa de Dalian

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