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Petróleo se livra das sanções contra a Rússia e cai quase 1%

Ocidente endurece punições à Rússia, mas mantém o combustível fluindo. Wall Street sofre com previsão de alta na taxa de juros. Ibovespa cai 1,97%.

Por Juliana Américo
5 abr 2022, 17h24
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 (Caroline Aranha/VOCÊ S/A)
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A guerra na Ucrânia ficou mais tensa depois que foram descobertos centenas de corpos com sinais de execução na cidade de Batcha, após a saída das tropas russas. Mas, apesar do conflito se intensificar, o rally do petróleo deu uma trégua hoje.  

Acontece que a União Europeia divulgou o 5º pacote de sanções contra a Rússia e deixou a commodity – de novo – de fora da briga econômica. Entre as novas sanções estão:

  • embargo à importação de carvão russo, que pode custar 4 bilhões de euros por ano a Moscou;
  • veto a transações com quatro bancos russos, que têm 23% de participação no setor bancário russo;
  • bloqueio do acesso de embarcações russas a portos do bloco europeu – a exceção são as embarcações de transporte de alimentos, ajuda humanitária e commodities de energia (como nosso amigo petróleo);
  • veto a transportadores rodoviários da Rússia e Belarussia;
  • proibição de exportações de produtos como computadores quânticos e semicondutores, além de máquinas sensíveis e equipamentos de transportes;
  • veto de 5,5 bilhões de euros em importações da Rússia.

A decisão de manter a Rússia livre para enviar o petróleo para o resto do continente europeu brecou a alta do óleo – o tipo Brent caiu 0,83%, enquanto o WTI recuou 1,28%, isso depois de ambos começarem o dia no positivo.

Natural, já que isso indica que a oferta não será reduzida. Só que isso é por enquanto. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, já disse que o bloco trabalha em outras sanções, incluindo veto a importação da commodity. 

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Petronovela

A queda do petróleo já é, por si só, uma notícia ruim para a bolsa brasileira. E a gente tem outras. Por aqui, os investidores esperam o governo definir quem vai comandar a Petrobras. Ontem à noite, foi confirmada a desistência do economista Adriano Pires para a presidência da estatal. 

Indicado ao cargo, ele acabou desistindo de assumir o posto por conflito de interesses. Adriano é fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma consultoria que presta serviços para empresas privadas do setor de energia – inclusive para concorrentes diretas da Petrobras.

“Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo”, diz a carta que o economista enviou ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

O problema agora é achar um sucessor ao general Joaquim Silva e Luna, demitido por Jair Bolsonaro. A especulação é de que o cargo ficará com Caio Mario Paes de Andrade, secretário especial do Ministério da Economia e foi indicado pelo ministro Paulo Guedes. 

Mas o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é contra. Ele alega que Andrade não tem experiência no setor e que ele não será capaz de resolver o problema do preço dos combustíveis – como se alguém fosse. Esse impasse depende da mudança da política de preços da estatal, que segue a cotação do Brent e a variação do dólar.

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No fim, as ações da Petrobras caíram 0,86%, contribuindo para o desempenho negativo do Ibovespa.

O índice teve o seu pior desempenho nos últimos 16 pregões (dos quais, só cinco foram negativos) e perdeu os 120 mil pontos após queda de 1,97%. Não foi só culpa da Petrobras: a bolsa brasileira acabou contaminada pelo clima negativo do mercado internacional. 

Tensão em Wall Street

Amanhã sai a ata da reunião do Fed (o BC americano) de março, aquela em que a turma decidiu promover a primeira alta de juros dos EUA desde 2018. No mês passado, o Fed elevou os juros para o patamar de 0,25% a 0,50% após a alta de 0,25 ponto porcentual. O documento explica quais as premissas usadas pelos dirigentes na decisão, e dá pistas do que vem a seguir.

Que o Fed está disposto a subir as taxas para conter a inflação, todo mundo sabe – o próprio banco central já adiantou que o mercado pode esperar umas seis altas ao longo de 2022 até uma faixa entre 1,75% e 2%. 

O plano era de uma alta de mesma magnitude na reunião de maio – ou seja, outros 0,25 pp. Mas já faz umas semanas que o tom dos comentários dos integrantes do Fed está subindo, o que faz com que o mercado projete uma alta de 0,5 pp. no mês que vem. 

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Pode não ser o bastante, e a diretora do Federal Reserve Lael Brainard falou nesta terça sobre enxugar o dinheiro injetado na economia nos últimos anos. Nada de novo, mas o suficiente para assustar investidores por hoje. O índice Nasdaq, que ontem subiu mais que os amigos de Wall Street, afundou 2,26%. O carro-chefe S&P 500 caiu 1,25%. 

Quem sabe uma boa noite se sono não ajude a acalmar os ânimos. Até amanhã. 

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Maiores altas

Multiplan (MULT3): 2,30%

Minerva (BEEF3): 1,52%

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Vivo (VIVT3): 1,33%

3R Petroleum (RRRP3): 1,31%

Carrefour (CRFB3): 1,21%

Maiores baixas

Banco Inter (BIDI11): -8,67%

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Qualicorp (QUAL3): -7,04%

Americanas (AMER3): -6,53%

Locaweb (LWSA3): -6,26%

Méliuz (CASH3): -6,07%

Ibovespa: -1,97%, a 118.885 pontos

Em NY:

S&P 500: -1,25%, a 4.525 pontos

Nasdaq: -2,26%, a 14.204 pontos

Dow Jones: -0,80%, a 34.642 pontos

Dólar: 1,11%, a R$ 4,6591

Petróleo

Brent: -0,83%, a US$ 106,64

WTI: -1,28%, a US$ 101,96

Minério de ferro: -0,43%, US$ 142,54 em Cingapura

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