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Petróleo em alta de 4,25% puxa PETR4 e ajuda o Ibovespa a terminar no verde

Wall Street, acalmada pela compra dos restos mortais do SVB, não se deixou afetar – na medida do possível – com a crise no setor bancário. Enquanto isso, no bar, só se fala em uma coisa: se o ciclo de alta dos juros nos EUA acaba ou não no próximo Fomc. 

Por Bruno Vaiano
27 mar 2023, 17h44

Foi um pregão sem solavancos. O Ibovespa passou o dia na região verde do gráfico e fechou em +0,85%. Nova York ajudou: dois dos três índices subiram por lá, com Wall Street acalmada pela notícia de que um banco chamado First Citizens – o 30º maior dos EUA, sediado no estado da Carolina do Norte – topou comprar os restos mortais do Silicon Valley Bank (SVB). 

A falência do SVB, é claro, foi o epicentro da crise que se alastra pelo setor bancário. Embora seja justo se acalmar com a resolução desse caso simbólico, vale reforçar que o Fed e outros bancos centrais ainda têm muito trabalho pela frente na missão de evitar um efeito-dominó de falências no mundo das finanças. Leia-se: a torneira de dinheiro ainda vai passar um bom tempo aberta. 

Torneira aberta é sinônimo de menos juros. De fato, a plataforma de monitoramento do CME Group põe em 57% de chance de que não haverá mais um aumento na taxa básica americana na próxima reunião do comitê de política monetária deles, o Fomc. O mundo das ações regozija: o fim do ciclo de alta da “Selic” americana é tudo que o mercado de renda variável quer para ressuscitar após um 2022 melancólico de inflação nas alturas.

Legal. Mas o principal índice da B3 subiu mesmo por causa de uma alta acentuada na cotação do petróleo: 4,25%. PETR4 fechou em 1,74%, RRRP3 em 1,90% e PRIO3, a estrela do dia, em 4,43%

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Não há uma razão única por trás do fenômeno. Parte é medo dos russos, que desde janeiro estão pondo em prática um plano de diminuir a exportação de combustível em 500 mil barris por dia – o equivalente a 5% do output do país e 0,5% da produção global. Trata-se de um plano para inflar os preços artificialmente e inviabilizar o limite de US$ 60 por barril imposto pelo Ocidente em dezembro de 2022 como punição pela guerra na Ucrânia.

Outro fator foi a queda do dólar: quando as verdinhas perdem força no câmbio com seus pares, o petróleo sobe. É uma relação inversamente proporcional, que vale para qualquer commodity negociada na moeda americana. 

Por fim, do outro lado da balança – o da demanda – há a eterna esperança com a recuperação econômica da China pós-covid (ainda que, a julgar pelos dados macroeconômicos de fevereiro, o país asiático não esteja voltando no modo locomotiva que todo mundo no Ocidente esperava – leia mais aqui). 

A essa expectativa, que já está velha, soma-se uma nova: se o Fed puser mesmo o pé no freio dos juros, a atividade econômica americana pode ganhar, com o perdão do trocadilho, um gás. E isso aumentaria a demanda por combustível.

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Enquanto isso, em Brasília

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Falando na China, você já sabe: Lula, diagnosticado com uma pneumonia, adiou seu embarque para lá (de acordo com Alexandre Padilha, a viagem ainda não foi remarcada). O mercado não acredita em atestado médico. Ficou no ar a expectativa de que, com o rolê asiático cancelado até segunda ordem, o presidente usará seu tempo livre para revisar e apresentar ao público o novo arcabouço fiscal. 

Padilha, que é ministro de Relações Institucionais, disse que o petista ainda não foi trabalhar em seu gabinete no Planalto desde que adoeceu, mas que está despachando normalmente e recebendo convidados para reuniões na Alvorada, sua residência. O home office deverá continuar até quarta-feira. Nem Padilha nem Lula mencionaram datas ou fizeram promessas relacionadas à divulgação do novo pacote de regras para as contas públicas. 

Por ora, permanece o discurso-padrão: Tebet declarou novamente que o arcabouço vai estabilizar dívida, zerar déficit e garantir espaço para investimentos sociais, e reforçou seu papel de moderadora entre a visão monetarista (que se aproxima mais de suas ideias) e as intenções desenvolvimentistas da dita ala política do PT. “Procuro ser aquele ponto de equilíbrio, porque embora liberal, não sou aquela liberal padrão. Temos que fazer as coisas de forma a sobrar dinheiro para o social.”

Enquanto os presidentes da Câmara e do Senado tentam resolver sua querela – Lira e Pacheco vão se encontrar hoje, pacificamente, para tentar resolver o impasse na tramitação de algumas Medidas Provisórias –, o Boletim Focus prevê IPCAs cada vez mais altos para 2024 e 2025. A projeção de 2024 foi de 4,11% para 4,13%, a de 2025 saiu de 3,90% para 4,00%.

Veremos, nas próximas semanas (e meses), como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária vão mexer com essas expectativas. 

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Até amanhã. 

Maiores altas

Prio (PRIO3): +4,43%
Raízen (RAIZ4): +4,15%
Braskem (BRKM5): +3,92%
Cyrela (CYRE3): +3,81%
Magazine Luiza (MGLU3): +3,41%


Maiores baixas

CVC (CVCB3): -5,43%
Yduqs (YDUQ3): -3,18%
Azul (AZUL4): -2,81%
Klabin (KLBN11): -2,62%
Locaweb (LWSA3): -2,34%

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Ibovespa: +0,85%, a 99.670 pontos


Em NY:

S&P 500: +0,17%, a 3.977 pontos

Nasdaq: -0,47%, a 11.768 pontos

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Dow Jones: 0,61%, a 32.432 pontos

Dólar: -0,85%, a R$ 5,20


Petróleo

Brent: +4,25%, a US$ 77,76

WTI: +5,12%, a US$ 72,81 


Minério de ferro:

+2,16%, a US$ 126,96 a tonelada na bolsa de Dalian
-0,41%, a US$ 120,40 a tonelada no porto de Qingdao

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