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Petróleo em alta bate nas estimativas de inflação na véspera da Super Quarta

Economistas esperam que BC ajuste estimativa para o IPCA. Além de Brasil e EUA, China, Japão e Reino Unido também divulgam decisão de juros nesta semana.

Por Camila Barros e Sofia Kercher
19 set 2023, 08h28

 

Bom dia!

A escalada firme do petróleo, que entra nesta manhã mais uma vez em alta, começa a tirar o sono dos economistas – e de quem tem que projetar a inflação daqui para frente. Analistas consultados pelo Broadcast acreditam que o BC deve aumentar a estimativa para a inflação de 2023 em até 0,30pp, destacando o salto de US$ 11/barril no preço do Brent desde a última reunião, no início de agosto. 

Saberemos na quarta-feira, quando o Copom divulgar a sua decisão para a Selic. Tudo mais constante, a taxa de juros deve cair para 12,75%, como pré-sinalizado na reunião de agosto. O que importa é o quanto isso afeta as próximas decisões e qual será o novo patamar da Selic ao fim do ciclo de cortes.

O Copom deixou avisado que pretende promover quedas de 0,50pp durante as próximas três reuniões de 2023, incluindo a de amanhã. Se confirmado, o movimento levará a Selic ao patamar de 11,75%. O mercado vinha nutrindo expectativas de que o BC decida acelerar o movimento de queda.

A escalada do preço do petróleo pode ser um impeditivo. Em alta de 25% desde julho, o Brent segue sem perspectiva de queda. No início do mês, a Arabia Saudita e a Rússia – duas das maiores produtoras de petróleo do mundo, atrás apenas dos EUA – anunciaram que vão manter o corte na produção de petróleo até dezembro. Com a oferta mais escassa, o valor da commodity sobe. 

Antes mesmo do BC, economistas já vinham apostando em um IPCA mais alto. O Boletim Focus da semana mostra que as expectativas do mercado para a inflação seguem subindo: agora, a mediana de projeções para o IPCA é de 4,93% ao final de 2023. Semana passada eram 4,92% e, há um mês, 4,84%. A meta do BC, vale lembrar, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5pp para cima ou para baixo. Já é consenso, no entanto, que o alvo não deve ser alcançado. 

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Já para o PIB, a mediana de projeções aponta para alta de 2,64% ao fim do ano. Há um mês, era 2,29%. Pistas sobre o ritmo de crescimento do país chegarão logo menos, às 9h, quando o BC divulga o IBC-Br de julho, índice de atividade econômica considerado uma prévia do PIB. A expectativa é de alta de 0,35% no mês e  0,75% em um ano – uma desaceleração em relação aos 2,1% em 12 meses registrados em junho. 

Boletim Focus tem toda semana – uma oportunidade de economistas ajustarem os seus chutes (informados) para a economia. O relatório ganha mais atenção porque essa é uma semana monotemática: só se fala da Super Quarta, dia em que Brasil e EUA decidem simultaneamente suas novas taxas de juros. 

Nos EUA, espera-se que o Fomc, comitê de política monetária do Fed, mantenha os juros no patamar de 5,50% por ora. Trata-se de uma visão unânime: há um dia da decisão, 99% dos agentes do mercado apostam na manutenção, segundo dados do CME FedWatch Tool. 

Uma nova alta até o fim do ano, no entanto, não está descartada. Para dezembro, 35,4% dos investidores apostam em alta de 0,25pp, para 5,75%. Contra 59,7% que se agarram aos 5,50%. 

Mais decisões 

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A agenda de política monetária ao redor do mundo não se resume a Brasil e EUA: esta noite, o Banco Popular da China também divulga sua decisão. Por lá, espera-se que o governo mantenha a taxa de referência (LPR) de 1 e 5 anos no mesmo patamar. Na quinta é vez do Reino Unido e, na sexta, do Japão. 

Em meio a tantas decisões em aberto, é natural que o mercado mantenha certa cautela. Ontem, as bolsas americanas fecharam estáveis e o Ibovespa em queda de 0,40%. Hoje, o EWZ, ETF da bolsa brasileira em Nova York, cai 0,50% no pré-mercado. Já os futuros dos EUA assumem certo bom humor (veja abaixo). 

Bons negócios!

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market facts

Meta estuda colocar anúncios no Whatsapp

A dona do Facebook está avaliando inserir anúncios como os do Messenger, que aparecem intercalados entre bate-papos (não nas próprias conversas). Mas nada certo ainda: segundo o Financial Times, a discussão tem causado bastante polêmica interna.

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A notícia foi negada pelo chefe do Whatsapp, Will Cathcart. Ainda sim, o FT afirma: um porta-voz da empresa não contestou que a ideia havia sido discutida.

O fato de a plataforma até hoje não estar aberta para anúncios é algo fora da curva, dado que o Whats é usado diariamente por 2 bilhões de pessoas. Até agora, a empresa manteve-se firme em resistir à ideia, justamente para não poluir a experiência dos usuários.

A fonte de receita ali é o Whatsapp Business, ferramenta desenvolvida para empresas que conta com 200 milhões de usuários mensais. Por meio dela, comerciantes podem automatizar mensagens de marketing e atendimento, por exemplo, pagando tarifas por isso.

Agenda

Dia todo: primeiro dia da reunião do Copom

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09h00: BC divulga IBC-Br de julho

22h15: Na China, PBoC estabelece taxa de juro de referência (LPR) de 1 e 5 anos

Europa

  • Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,35%
  • Londres (FTSE 100): 0,18%
  • Frankfurt (Dax): 0,02%
  • Paris (CAC): 0,32%

*às 8h05

Fechamento na Ásia

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  • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,51%
  • Hong Kong (Hang Seng): -1,39%
  • Bolsa de Tóquio (Nikkei): Feriado

Commodities

      • Brent: 0,57%, a US$ 94,97*
      • Minério de ferro: -0,69% a US$ 118,30 por tonelada na bolsa de Dalian

      *às 8h07

      Vale a pena ler:

      Brasil, o país do filho único

      5,7 filhos por mulher – essa era a média nos anos 1970, de acordo com o IBGE. Hoje, a taxa de fecundidade está em 1,7 – abaixo da taxa de reposição populacional (de 2,1; ou seja, 2 para repor o pai e a mãe e 0,1 para compensar quem não produziu crianças), e com viés de baixa. 

      Como resposta, o mercado de produtos e serviços tem procurado se adaptar à redução do tamanho das famílias. Confira nesta reportagem da Folha de S. Paulo.

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