Petróleo em alta bate nas estimativas de inflação na véspera da Super Quarta
Economistas esperam que BC ajuste estimativa para o IPCA. Além de Brasil e EUA, China, Japão e Reino Unido também divulgam decisão de juros nesta semana.
Bom dia!
A escalada firme do petróleo, que entra nesta manhã mais uma vez em alta, começa a tirar o sono dos economistas – e de quem tem que projetar a inflação daqui para frente. Analistas consultados pelo Broadcast acreditam que o BC deve aumentar a estimativa para a inflação de 2023 em até 0,30pp, destacando o salto de US$ 11/barril no preço do Brent desde a última reunião, no início de agosto.
Saberemos na quarta-feira, quando o Copom divulgar a sua decisão para a Selic. Tudo mais constante, a taxa de juros deve cair para 12,75%, como pré-sinalizado na reunião de agosto. O que importa é o quanto isso afeta as próximas decisões e qual será o novo patamar da Selic ao fim do ciclo de cortes.
O Copom deixou avisado que pretende promover quedas de 0,50pp durante as próximas três reuniões de 2023, incluindo a de amanhã. Se confirmado, o movimento levará a Selic ao patamar de 11,75%. O mercado vinha nutrindo expectativas de que o BC decida acelerar o movimento de queda.
A escalada do preço do petróleo pode ser um impeditivo. Em alta de 25% desde julho, o Brent segue sem perspectiva de queda. No início do mês, a Arabia Saudita e a Rússia – duas das maiores produtoras de petróleo do mundo, atrás apenas dos EUA – anunciaram que vão manter o corte na produção de petróleo até dezembro. Com a oferta mais escassa, o valor da commodity sobe.
Antes mesmo do BC, economistas já vinham apostando em um IPCA mais alto. O Boletim Focus da semana mostra que as expectativas do mercado para a inflação seguem subindo: agora, a mediana de projeções para o IPCA é de 4,93% ao final de 2023. Semana passada eram 4,92% e, há um mês, 4,84%. A meta do BC, vale lembrar, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5pp para cima ou para baixo. Já é consenso, no entanto, que o alvo não deve ser alcançado.
Já para o PIB, a mediana de projeções aponta para alta de 2,64% ao fim do ano. Há um mês, era 2,29%. Pistas sobre o ritmo de crescimento do país chegarão logo menos, às 9h, quando o BC divulga o IBC-Br de julho, índice de atividade econômica considerado uma prévia do PIB. A expectativa é de alta de 0,35% no mês e 0,75% em um ano – uma desaceleração em relação aos 2,1% em 12 meses registrados em junho.
Boletim Focus tem toda semana – uma oportunidade de economistas ajustarem os seus chutes (informados) para a economia. O relatório ganha mais atenção porque essa é uma semana monotemática: só se fala da Super Quarta, dia em que Brasil e EUA decidem simultaneamente suas novas taxas de juros.
Nos EUA, espera-se que o Fomc, comitê de política monetária do Fed, mantenha os juros no patamar de 5,50% por ora. Trata-se de uma visão unânime: há um dia da decisão, 99% dos agentes do mercado apostam na manutenção, segundo dados do CME FedWatch Tool.
Uma nova alta até o fim do ano, no entanto, não está descartada. Para dezembro, 35,4% dos investidores apostam em alta de 0,25pp, para 5,75%. Contra 59,7% que se agarram aos 5,50%.
Mais decisões
A agenda de política monetária ao redor do mundo não se resume a Brasil e EUA: esta noite, o Banco Popular da China também divulga sua decisão. Por lá, espera-se que o governo mantenha a taxa de referência (LPR) de 1 e 5 anos no mesmo patamar. Na quinta é vez do Reino Unido e, na sexta, do Japão.
Em meio a tantas decisões em aberto, é natural que o mercado mantenha certa cautela. Ontem, as bolsas americanas fecharam estáveis e o Ibovespa em queda de 0,40%. Hoje, o EWZ, ETF da bolsa brasileira em Nova York, cai 0,50% no pré-mercado. Já os futuros dos EUA assumem certo bom humor (veja abaixo).
Bons negócios!
Meta estuda colocar anúncios no Whatsapp
A dona do Facebook está avaliando inserir anúncios como os do Messenger, que aparecem intercalados entre bate-papos (não nas próprias conversas). Mas nada certo ainda: segundo o Financial Times, a discussão tem causado bastante polêmica interna.
A notícia foi negada pelo chefe do Whatsapp, Will Cathcart. Ainda sim, o FT afirma: um porta-voz da empresa não contestou que a ideia havia sido discutida.
O fato de a plataforma até hoje não estar aberta para anúncios é algo fora da curva, dado que o Whats é usado diariamente por 2 bilhões de pessoas. Até agora, a empresa manteve-se firme em resistir à ideia, justamente para não poluir a experiência dos usuários.
A fonte de receita ali é o Whatsapp Business, ferramenta desenvolvida para empresas que conta com 200 milhões de usuários mensais. Por meio dela, comerciantes podem automatizar mensagens de marketing e atendimento, por exemplo, pagando tarifas por isso.
Dia todo: primeiro dia da reunião do Copom
09h00: BC divulga IBC-Br de julho
22h15: Na China, PBoC estabelece taxa de juro de referência (LPR) de 1 e 5 anos
- Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,35%
- Londres (FTSE 100): 0,18%
- Frankfurt (Dax): 0,02%
- Paris (CAC): 0,32%
*às 8h05
- Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,51%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,39%
- Bolsa de Tóquio (Nikkei): Feriado
- Brent: 0,57%, a US$ 94,97*
- Minério de ferro: -0,69% a US$ 118,30 por tonelada na bolsa de Dalian
*às 8h07
Brasil, o país do filho único
5,7 filhos por mulher – essa era a média nos anos 1970, de acordo com o IBGE. Hoje, a taxa de fecundidade está em 1,7 – abaixo da taxa de reposição populacional (de 2,1; ou seja, 2 para repor o pai e a mãe e 0,1 para compensar quem não produziu crianças), e com viés de baixa.
Como resposta, o mercado de produtos e serviços tem procurado se adaptar à redução do tamanho das famílias. Confira nesta reportagem da Folha de S. Paulo.