Petróleo desaba 5,62%, mas Ibovespa consegue escapar da queda: +0,17%

Mesmo com forte baixa da PETR4 (-4%), índice brasileiro surfa no bom humor americano e no alívio dos rendimentos dos Treasuries.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 4 out 2023, 18h09 - Publicado em 4 out 2023, 18h07
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 (Tamires Mazzo/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Quando a Petrobras lidera o ranking de maiores baixas no Ibovespa, não é bom sinal para a bolsa brasileira. Afinal, a estatal, sozinha, corresponde a quase 13% do índice, atrás somente da também gigantesca Vale. 

Foi o que aconteceu hoje: PETR4 liderou as perdas, com -4%, enquanto PETR3 veio logo atrás, desabando 3%. Outras petroleiras completaram o top 4 das baixas: PRIO3 -2,81%, RRRP3 (3R Petroleum) -2,93%.

Apesar de todo o azedume desse setor, o Ibovespa resistiu à pressão e conseguiu fechar no azul, com uma leve alta de 0,17%. É a primeira alta em outubro, após dois pregões de sangria para a bolsa brasileira.

Primeiro, vamos à Petro. As ações caíram justamente porque a cotação do petróleo no mercado internacional também caiu. Caiu, não: desabou. O Brent, que é a referência internacional, afundou 5,62%, recuando de volta para o patamar dos US$ 85. 

Essa queda vem logo depois de um rali no preço da commodity. Em setembro, o Brent ficou acima dos US$ 90 por quase todos os pregões, e muitos analistas passaram a prever o petróleo acima dos US$ 100, um patamar visto pela última vez há mais de um ano. O motivo para essa alta está no lado da oferta: a Opep+, cartel formado por alguns dos maiores produtores de petróleo, vem fechando a torneira e cortando a sua produção há meses, com o objetivo de justamente valorizar a commodity.

O rali mais recente, porém, está mais ligado aos cortes de produção da Arábia Saudita e da Rússia – ambas são membros da Opep+, mas, para além do movimento do cartel, decidiram também por conta própria cortar sua produção. 

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Hoje mesmo a Opep+ informou que não tem nenhuma mudança na sua estratégia atual, e que também apoia as decisões da Arábia Saudita e da Rússia de fazer seus respectivos cortes. Mas não foi isso que fez preço na commodity hoje.

O racionamento da oferta tinha sido o foco do mercado. Mas, agora, o preço do petróleo reage ao outro lado da balança, da demanda. 

Com algum atraso, o azedume com os juros altos nos EUA, que vem derrubando as bolsas mundo afora nos últimos dias, bateu na cotação do Brent nesta quarta-feira. A expectativa é que o Fed agressivo, com sua política de “juros mais altos por mais tempo” esfrie a economia americana (e global) e diminua na marra a demanda pelo suco de dinossauro. Isso sem falar na China, o maior motor de demanda por commodity, que há meses decepciona com uma economia cambaleante. 

O resultado foi o ajuste no preço da commodity hoje, que freou o Ibovespa de uma recuperação mais forte.

Nos EUA

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De qualquer forma, a bolsa brasileira voltou a subir com ajuda do humor americano. O mercado dos EUA, aliás, tem sido o foco do noticiário nos últimos dias. É que, por lá, ganhou força a ideia de que o Fed pode voltar a subir os juros na maior economia do mundo, a fim de frear a inflação. O aumento dos preços já não é tão assustador como já foi – está rondando os 3%, bem longe do pico de 9% no meio de 2022 –, mas ainda está acima da meta do Fed de 2%. 

Além disso, a economia americana segue forte e resiliente, mesmo com o ciclo de altas nos juros iniciado pelo Fed. É uma boa notícia… mas que é lida de forma pessimista pelo mercado, porque isso significa que o banco central americano pode seguir com sua mão de ferro para tentar desaquecer a economia e, assim, diminuir a inflação na marra.

Tanto que, ontem, as bolsas caíram porque investidores reagiram ao relatório de empregos Jolts, que dá um panorama geral do mercado de trabalho americano. Ele mostrou que, em agosto, 9,6 milhões postos de trabalho foram, acima dos 8,8 milhões esperados, o que indica um cenário mais resiliente do que o esperado. 

Hoje, porém, um outro dado veio para confundir a história. Foi o relatório da ADP, que mede só a força do mercado de trabalho privado, e é mais limitado. Ele mostrou que foram criados 89 mil postos em setembro, muito abaixo da previsão de 140 mil. É uma tendência contrária ao do Jolts, e que deu espaço para algum alívio nas bolsas hoje.

E agora? Investidores aguardam o payroll – esse sim o relatório oficial de empregos nos EUA, e o dado mais importante e definitivo do tipo. Ele sai na sexta-feira, e deve deixar o cenário mais claro.

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Outro ponto de alívio hoje foram os juros dos Treasuries hoje, os títulos públicos americanos. Nos últimos dias, com a perspectiva de novos aumentos pelo Fed, eles estavam indo às alturas, voltando às máximas vistas pela última vez em 2007. Nesta quarta-feira, porém, sossegaram. O com vencimento de 10 anos, por exemplo, fechou com um yield de 4,728%, contra 4,7997% na véspera. 

O alívio também respingou nos juro futuros brasileiros. Nisso, ações mais sensíveis a eles lideraram as altas (veja abaixo), conseguindo trazer o Ibov para o azul na contramão das commodities. Já o dólar andou de lado, após um enorme salto ontem

Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

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Yduqs (YDUQ3): 7,61%

CVC Brasil (CVCB3): 7,53%

Locaweb (LWSA3): 7,19%

Arezzo (AREZ3): 6,17%

Carrefor (CRFB3): 3,88%

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MAIORES BAIXAS

Petrobras PN (PETR4): -3,97%

Petrobras ON (PETR3): -3,02%

3R Petroleum (RRRP3): -2,93%

Prio (PRIO3): -2,81%

PetroReconcavo (RECV3): -2,77%

Ibovespa: 0,17%, aos 113.607 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,80%, aos 4.263 pontos

Nasdaq: 1,35%, aos 13.236 pontos

Dow Jones: 0,38%, aos 33.128 pontos

Dólar: – 0,03%, a R$ 5,1530

Petróleo: 

Brent: -5,62%, a US$ 85,81

WTI: -5,61%, a US$ 84,22

Minério de ferro: -0,90%, valendo US$ 115,45 por tonelada em Singapura. Na China, não houve negociação por conta de feriado.

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