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Petróleo cai quase 30% em uma semana e volta para perto de US$ 100

Seria um alívio, não fosse a razão da queda: o lockdown na China. Nisso, bolsas começam a terça no negativo.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
15 mar 2022, 08h19

O mercado financeiro vive sobre o efeito daquele meme da Turma da Mônica: “O que está acontecendo?”, “Eu não sei!”. Há uma semana, o barril do petróleo tipo brent fechava perto dos US$ 130. Hoje, ele começa o dia cotado perto dos US$ 100, o patamar ali do começo da guerra na Ucrânia. Isso é um tombo de 27,8%, enquanto investidores especulam que a commodity poderá chegar a US$ 150 em breve.

Mas depois do eu não sei, as explicações começam a aparecer. O que mudou a direção do mercado foi o novo lockdown na cidade chinesa de Shenzhen. China parada significa menor demanda pelo produto, e o governo local já isolou 51 milhões de pessoas para conter um novo surto da doença. 

A queda do petróleo poderia trazer algum alívio mundo afora, já que a disparada de preços disseminou o pânico de inflação global generalizada, como a dos anos 1970. Só que o efeito não foi o esperado.

Investidores estão preocupados que novas quarentenas prejudiquem a recuperação econômica. Nem os dados chineses mostrando que a sua produção industrial cresceu 7,5% e que as as vendas no varejo avançaram 6,7%, ambas na comparação anual no primeiro bimestre, seguraram as quedas de 5% nos índices chineses. 

Já no campo de batalha, Rússia e Ucrânia ainda não chegaram a um acordo. Ontem, os dois países se reuniram para a quarta rodada de negociações de um cessar-fogo e discutir as demandas exigidas pelos dois países para encerrar o conflito. Não houve progresso e as conversas continuam hoje. O problema é que o bombardeio segue enquanto isso. 

E há ainda a tensão pré-Fed para explicar o dia azedo. Amanhã o BC americano decide se subirá os juros (decisão 100% esperada) e de quanto será a alta (aqui fica mais difícil saber). As apostas são de que o Fed eleve a taxa em 0,25 ponto percentual – mas há quem defenda um movimento mais agressivo, com uma alta de 0,50 pp. 

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Além disso, o mercado quer saber é do chamado “gráfico de pontos”, que mede a projeção do banco central americano para as taxas nos próximos anos. A expectativa é de até sete aumentos só em 2022. 

Por aqui, também vai rolar o Copom amanhã (sim, estamos em semana de Super-Quarta – o fenômeno metafísico que une as decisões de políticas monetárias americanas e brasileiras em um dia só). A projeção é de que a Selic suba mais 1 pp. e vá para 11,75% ao ano. 

Bom pregão. 

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,11%

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Futuros Nasdaq: 0,04%

Futuros Dow: -0,21%

*às 8h00 

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,74%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,02%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,66%

Bolsa de Paris (CAC): -1,77%

*às 8h00

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -4,57%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,15%

Hong Kong (Hang Seng): -5,72%

Commodities

Brent: -5,41%, a US$ 101,12

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Minério de ferro: -9,80%, US$ 137,45 em Cingapura

*às 8h00

Agenda

09h30 O Departamento de Trabalho dos EUA divulga o  Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês). O indicador mede a inflação dos produtores de bens e serviços.

market facts

Contra as sanções

A Pfizer anunciou que não irá interromper o envio de medicamentos à Rússia como medida de repressão contra a guerra na Ucrânia. Em comunicado, a companhia informou que “uma pausa voluntária no fluxo de medicamentos violaria diretamente nosso princípio fundamental de colocar os pacientes em primeiro lugar”. A Pfizer destacou que entre os seus produtos estão medicamentos para câncer e terapias cardiovasculares que afetaria diretamente os russos que passam por tratamento. Em contrapartida,  o laboratório disse também que doará todos os lucros da subsidiária russa para apoio humanitário direto ao povo da Ucrânia. Desde o início das invasões, grandes empresas já deixaram de atender o país, como a Apple, McDonald’s, Visa, Mastercard, Walt Disney e Toyota.

Fraude

Markus Braun, ex-presidente-executivo da Wirecard, e outros dois ex-executivos da empresa de pagamentos (as maquininhas de cartão) alemã foram formalmente acusados de manipulação do mercado e fraude em demonstrações financeiras. Esse é um dos maiores escândalos corporativos do país, já que a empresa era considerada uma fintech de sucesso. Segundo promotores da Alemanha, Braun avalizou as demonstrações financeiras entre 2015 e 2018, mesmo sabendo que estavam com dados incorretos. As investigações começaram em 2020, quando a companhia quebrou, isso depois de admitir que metade de sua carteira de pagamentos não existia de verdade.  

Vale a pena ler:

Mercado de açaí

85% da produção mundial de açaí é brasileira. Só em 2020, foi 1,7 milhão de toneladas – 5% a mais do que no ano anterior. E a fruta caiu no gosto do resto do mundo. A polpa congelada já é encontrada nos EUA e Emirados Árabes. No entanto, uma pesquisa realizada pelo biólogo paraense Madson Freitas, revela que o consumo do açaí está levando a uma perda da biodiversidade na Amazônia. Árvores típicas da região estão sendo derrubadas para abrir espaço para plantar o açaizeiro. Leia o texto completo

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Entre as empresas que divulgam os resultados do quarto trimestre, estão a CVC, Iguatemi e Yduqs.

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