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Petróleo cai 4,19% com balança comercial fraca na China

Apesar do dia ruim para as commodities, Ibovespa sustenta alta de 0,71%. Itaú sobe 2,80% após balanço.

Por Camila Barros
Atualizado em 7 nov 2023, 19h04 - Publicado em 7 nov 2023, 19h03

Em queda de mais de 4% hoje, o petróleo voltou aos níveis de julho, perto dos US$ 80. 

Nos últimos meses, a commodity vinha numa trajetória de alta patrocinada por dois fatores: cortes na produção da Arábia Saudita e da Rússia (que tem fornecido, ao todo, 1,3 milhões de barris por dia a menos até dezembro). E preocupações com a escalada do conflito entre Israel e Hamas – o que poderia resultar no envolvimento de grandes produtores da commodity, como o Irã. As duas razões, veja, vem do campo da oferta. 

O alívio nos preços veio do lado da demanda, e foi cortesia de dados fracos da China. Durante a madrugada, o país divulgou uma balança comercial mais fraca do que o esperado: US$ 56,9 bilhões em outubro, contra expectativa de US$ 79,1 bilhões. A pior surpresa veio no dado de exportações, que registrou -6,4%  no mês – sexta queda mensal consecutiva e quase duas vezes pior do que o projetado. 

O desempenho ruim ajuda a requentar aquele velho receio de que a economia chinesa não tem conseguido manter seu ritmo de crescimento. Má notícia para as commodities: a China é a maior compradora de minério de ferro do mundo, e a segunda maior de petróleo. Uma desaceleração na economia da gigante asiática, portanto, implicaria numa queda significativa da demanda global pelos produtos. 

Daí o tombo da cotação do petróleo. Já o minério não sentiu tanto assim: -0,48% na bolsa de Dalian. 

Mas a Vale sentiu. A maior companhia da bolsa brasileira esteve entre as maiores quedas do dia, a -1,99%. As petroleiras também acompanharam o pessimismo: PETR4 caiu 1,66%. PRIO3, -2,48%.

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A boa notícia é que isso não foi o suficiente para derrubar o Ibovespa, que fechou o dia em alta de 0,71%. 

ITUB4: 2,80%

Com as commodities puxando o desempenho do índice para baixo, quem ajudou a segurar a barra foi o setor financeiro. O Itaú puxou a fila: alta de 2,80%, refletindo a animação do mercado com os números de seu balanço, divulgado ontem após o fechamento. 

Os valores vieram assim: lucro líquido de R$ 9,04 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 11,9% na comparação anual e em linha com as projeções. 

O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) subiu 0,1pp, para 21,1%. Trata-se de uma métrica que avalia a capacidade de uma empresa de gerar dinheiro a partir do capital que já tem. Para os bancos, ROEs acima de 20% são considerados ótimos. O Itaú detém o melhor ROE entre os bancos privados do país. Pra comparar: o do Santander veio a 13,1% no 3TRI, e o do Bradesco (que ainda não divulgou os resultados mais recentes), 11,1% no 2TRI.

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De qualquer forma, o desempenho do Itaú deu um gás aos seus pares no pregão de hoje: BBDC4 subiu 2,64%, SANB11, 2,77%.

MGLU3: 23,78% 

As varejistas também subiram em uníssono. Subir é pouco: decolaram. A Magazine Luiza, maior alta da sessão, terminou o dia com ganhos de 23,78%, a R$ 1,77. Casas Bahia subiu 11,76%, a R$ 0,57. SOMA3, 7,58%; ARZZ3, 7,53% e LREN3, 4,52%. 

Tem a ver com o movimento da curva de juros. Nos EUA, os títulos públicos voltaram a cair hoje – depois de passar por uma alta acentuada ontem. Títulos americanos em queda costumam pressionar para baixo os títulos brasileiros. 

E também teve a ata do Copom: o documento foi visto como hawkish no saldo geral, com o BC apontando um cenário externo mais desafiador e batendo a tecla na importância de se perseguir a meta fiscal. Por outro lado, ele reafirmou o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

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Como isso afeta as varejistas? Bom, o setor é conhecido por ser bastante sensível à variação dos juros, já que sua fonte de renda vem inteira do consumo das famílias – por isso, se o poder de compra das pessoas diminui, o negócio sente o baque. Indicativos de juros menores no futuro, então, são um alívio para as empresas do ramo. 

Não que isso signifique melhora imediata. O consenso entre analistas é de que ainda há um longo caminho a percorrer até que o setor volte a ser atraente. Vale notar que a alta de hoje vem depois de quedas consecutivas e um péssimo desempenho em outubro: as ações MGLU3 tiveram a pior performance do Ibovespa no mês, com -37,26%. BHIA3 foi a segunda pior colocada, com -28,57%. SOMA3 caiu 20,45%. 

Ou seja: apesar da alta expressiva de hoje, o setor continua bem longe do fim desse túnel. 

Até amanhã. 

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MAIORES ALTAS 

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Magazine Luiza (MGLU3): 23,78%

Casas Bahia (BHIA3): 11,76%

Hapvida (HAPV3): 8,54%

Grupo Soma (SOMA3): 7,58%

Arezzo (ARZZ3): 7,53%

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MAIORES BAIXAS

PetroRio (PRIO3): -2,48%

Petrobras (PETR3): -2,21%

Vale (VALE): -1,99%

Petrobras (PETR4): -1,66%

BRF (BRFS3): -1,56%

Ibovespa: 0,71%, aos 119.268 pontos

Em Nova York

S&P 500: 0,28%, aos 4.378 pontos

Nasdaq: 0,90%, aos 13.639 pontos

Dow Jones: 0,17%, aos 34.152 pontos

Dólar: –0,26%, a R$ 4,87

Petróleo 

Brent: -4,19%, a US$ 81,61

WTI: -4,26%, a US$ 77,37

Minério de ferro: -0,48%, a US$ 126,776 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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