Petróleo bate US$ 115 com uma semana de guerra na Ucrânia
Estrangeiros continuam pingando dinheiro na bolsa brasileira, que se esquiva da crise.
Há uma semana a história se repete. Quando é madrugada no Brasil, a Rússia acelera os ataques na Ucrânia, se espalham imagens de bombardeios e na mesma velocidade as notícias de alta de preços das commodities.
Nesta manhã o petróleo cruzou a marca dos US$ 115 por barril, renovando as máximas de 2013 e disseminando pelo mercado financeiro um temor de inflação global. Por enquanto, a Petrobras vem fingindo que não há nada acontecendo (leia mais abaixo nos nossos market facts).
Esse é o efeito colateral mais evidente da crise – e tem potencial destrutivo para a economia global. O aumento nos preços dos alimentos também é evidente, tanto pela escassez de trigo e milho saídos da Ucrânia e da Rússia quanto pela falta de fertilizantes.
Ontem, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o país tinha estoque de nutrientes até outubro. O grosso da produção agrícola nacional começa depois dessa data.
Por hoje, há alguma esperança: russos e ucranianos se encontram para uma rodada de negociações, e o regime de Vladimir Putin anunciou que levará para a mesa de negociação um cessar-fogo. É difícil acreditar que os tempos de paz voltarão rapidamente. Dois aviões russos invadiram o espaço aéreo da Suécia, mostrando que Putin continua bélico.
O cenário colocou investidores no modo cético nesta manhã. As bolsas europeias operam em queda, assim como os futuros dos mercados americanos. Não é nada extremo comparado às altas festivas da véspera.
Por enquanto, o Brasil vai se esquivando com sucesso, em parte porque as altas das commodities beneficiam empresas brasileiras. Investidores têm sido pragmáticos. Entraram R$ 30 bilhões de dinheiro estrangeiro na B3 em fevereiro, No ano, são R$ 62,6 bilhões. A alta das commodities e a entrada de estrangeiros têm ajudado a domar o dólar, agora na casa dos R$ 5,10.
E o mercado financeiro vê espaço para mais. Os índices de ações de mercados emergentes excluíram ações de empresas russas. A medida abriria espaço para um maior peso de empresas brasileiras no mercado internacional – ainda que isso ainda seja uma especulação de investidores. Boa quinta.
Futuros S&P 500: -0,13%
Futuros Nasdaq: -0,33%
Futuros Dow: -0,05%
*às 8h02
Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,76%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,54%
Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,07%
Bolsa de Paris (CAC): -0,40%
*às 8h01
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,59%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,70%
Hong Kong (Hang Seng): 0,55%
Brent: 2,78%, a US$ 116,07*
*às 7h59
Hoje – Segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia. O encontro das comitivas ocorre em Belarus e discutirá a possibilidade de um cessar-fogo.
10h30 – Departamento de Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego até 26/02.
12h – Presidente do Fed, Jerome Powell, apresenta o relatório de política monetária no Senado americano.
Mais games na Netflix, mais Netflix nos games
A Netflix quer comprar a desenvolvedora de jogos finlandesa Next Games. Segundo o comunicado, a transação deve bater 65 milhões de euros. A Netflix e a Next Games já tinham uma parceria prévia, para o desenvolvimento do jogo “Stranger Things: Puzzle Tales”, que é baseado na série homônima – um dos maiores sucessos do streaming entre adolescentes nos últimos anos.
A compra de um segundo estúdio de games (o primeiro foi o Night School Studio) reforça a intenção da gigante do vídeo de aumentar sua participação no segmento. Atualmente, a plataforma Netflix Games oferece 14 opções de jogos para os sistemas Android e iOS.
Sem pressa
O barril de petróleo já subiu 19% desde o início da guerra na Ucrânia. O óbvio era esperar uma alta nos preços dos combustíveis, mas o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, não tem pressa. Segundo ele, o mercado está nervoso diante de tantas incertezas, e enquanto isso a companhia apenas monitora o mercado. A última vez que a Petrobras subiu o preço da gasolina e do diesel foi em 11 de janeiro, há exatos 50 dias.
Tanta cautela tem nome: Jair Bolsonaro. Na última semana, o presidente afirmou que o chefe da Petrobras era “pago para trabalhar” e deveria apresentar soluções para o “problema” dos preços. No próximo mês, Silva e Luna completa um ano no cargo, para o qual foi nomeado após Bolsonaro demitir Roberto Castello Branco devido a – adivinhe – desentendimentos quanto à política de preços da estatal. Em tese, ela acompanha a cotação internacional do barril de petróleo e a variação do dólar.
Mas enquanto a famosa política de preços fica escanteada e os combustíveis não disparam (mais), a Petrobras voa. Em 2021, registrou lucro de R$ 106,6 bi, o maior da sua história – em um crescimento de 1.400% em relação ao ano anterior. E as ações, idem: em 2022, PETR3 e PETR4 saltaram 22%.
A posição da Apple
Na onda das sanções contra a Rússia, a Apple anunciou que deixaria de comercializar seus produtos no país. Internamente, o CEO Tim Cook enviou um e-mail a todos os funcionários comunicando a decisão e outras ações da empresa em relação à guerra na Ucrânia. A Bloomberg teve acesso ao conteúdo na íntegra. Leia aqui (em inglês).
À espera da Assaí
Em outubro do ano passado, a Assaí anunciou a compra de 71 lojas do hipermercado Extra, que deixou de existir. O tempo necessário para a mudança de bastão deixou pequenos empresários no prejuízo. É que as unidades do Extra funcionavam como mini-shoppings – e os lojistas-inquilinos perderam o faturamento nesse período em que o supermercado está fechado. O Estadão ouviu empresários de vários locais sobre o problema. Leia.
Após o fechamento do mercado, a AES Brasil divulga seus resultados do 4T21.