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Petróleo avança 25% na semana, 50% no ano. E não deve parar tão cedo.

Petrobras, porém, fica para trás com risco político após fala de Bolsonaro. Enquanto isso, ataque à usina nuclear ontem derrubou bolsas em todo o mundo.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 4 mar 2022, 18h58 - Publicado em 4 mar 2022, 18h54

Em um dia de condições de temperatura e pressão normais, o mercado reagiria a dados importantes divulgados nesta sexta-feira, como o payroll dos Estados Unidos ou o PIB do Brasil. Mas o dia não foi normal, muito menos a semana, e esses números viraram nota de rodapé. Depois que a Rússia atacou a usina nuclear Zaporizhzhia, a maior da Europa, na noite de ontem, os investidores entraram em modo pânico e a aversão ao risco foi generalizada.

O incêndio decorrente do ataque foi extinto e não houve liberação de material radioativo. Agora, a usina está sob controle de tropas russas. Mesmo assim, o evento serviu para lembrar das consequências catastróficas que a invasão pode ter para o mundo.

A sangria nas bolsas foi generalizada. Na Europa, palco da guerra, o índice EuroStoxx 50 despencou 5%. A bolsa de Paris caiu 4,96%, Frankfurt -4,39% e Londres -3,59%. Nos EUA, o índice S&P 500 fechou em queda de 0,8%, e o Nasdaq -1,6%. O Ibovespa também não escapou do mau humor e perdeu 0,6%. O dólar, por sua vez, subiu 1% hoje, mas caiu 1,5% na semana graças a entrada de dinheiro gringo no Brasil nos últimos dias.

Mas o destaque ficou mesmo para ele, o petróleo. O rali da commodity seguiu hoje e fechou a semana com aumento de 25,5%. É o maior salto semanal no preço desde 1974, quando o mundo vivia a Crise do Petróleo, iniciada em outubro de 1973. No ano, o aumento é de 50%.

São números chocantes, ainda mais se considerando que um aumento generalizado nos preços dos combustíveis significa um aumento também da inflação, um problema que o mundo todo já enfrenta há alguns meses e deve se agravar ainda mais. 

O buraco é ainda mais fundo, porém. O Ocidente ainda não impôs sanções pesadas e diretas sobre o setor de energia russo, exatamente porque as consequências serão sentidas no mundo todo. Hoje, o Secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse com todas as letras que essa opção ainda não está descartada. Caso isso ocorra, o preço do barril de petróleo pode chegar a US$ 185  neste ano, prevê o JP Morgan. 

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E muitos acreditam que é só questão de tempo para que as sanções sobre o petróleo russo venham. As vias diplomáticas têm dado poucos resultados, com dois encontros entre Rússia e Ucrânia falhando em avançar as negociações (uma terceira rodada está marcada para os próximos dias). Várias empresas estão se somando aos esforços de países ocidentais e cancelando seus serviços na Rússia, mas, por enquanto, essa pressão não está fazendo efeito no Kremlin.

Em ligação com o chanceler alemão Olaf Scholz, Putin deixou bem claro que está aberto ao diálogo com a Ucrânia, desde que “todas as suas demandas sejam atendidas”. Ou seja: não vai recuar de sua estratégia, mesmo com toda a pressão internacional.

Petrobras e minério

Apesar da disparada nos preços do petróleo, as ações da Petrobras não reagiram nesta sexta-feira. Na semana, a alta foi tímida: 0,68% para a PETR4. O risco político da estatal explica, em partes, o motivo. Ontem, em sua live semanal, Bolsonaro defendeu que a empresa reduza seus lucros para evitar uma alta muito grande no preço dos combustíveis em meio a guerra da Ucrânia.

Enquanto isso, as ações da Petrorio, que não sofre o risco de interferência política, subiram mais de 9% no ano, na esteira da valorização do petróleo. Os papéis da 3R Petroleum foram além e fecharam a semana com alta de 13,99%

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Na semana mais curta devido ao feriado de Carnaval, porém, o Ibovespa subiu 1,18%. Tudo graças a outra commodity, o minério de ferro, que também vem de uma sequência de altas polpudas. Na China, o preço do minério subiu 17% na semana, dando força para o poderoso setor de mineração e siderurgia do Ibovespa.

Bom final de semana.

Maiores altas

Suzano (SUZB3): 6,70%

Bradespar (BRAP4): 4,97%

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Klabin (KLBN11): 4,83%

Taesa (TAEE11): 3,98%

Gerdau (GGBR4): 3,89%

Maiores baixas

Azul (AZUL4): -7,77%

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Gol (GOLL4): -7,64%

CVC (CVCB3): -6,67%

Banco Inter – Units (BIDI11): -6,06%

JHSF (JHSF3): -5,78%

Ibovespa: -0,60%, aos 114.473 pontos

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Em Nova York

S&P 500: -0,79%, aos 4.328 pontos

Nasdaq: -1,66%, aos 13.313 pontos

Dow Jones: -0,53%, aos 33.614 pontos

Dólar: 1,00%, a R$ 5,0783

Petróleo

Brent: 6,93%, a US$ 118,11

WTI: 7,44%, a US$ 115,68

Minério de ferro: -0,23%, a US$ 152,97, no porto de Qingdao (China)

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