Petrobras chega a perder R$ 70 bilhões ao longo desta segunda

Baixa desde sexta roça nos R$ 100 bilhões, e corresponde a um quarto do valor de mercado da estatal. Entenda melhor a profundidade do buraco.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 22 fev 2021, 15h58 - Publicado em 22 fev 2021, 12h18
plataforma de petroleo
 (Jeff Heger/Getty Images)
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Uma derrocada de 25% no valor de mercado entre sexta e hoje. Foram R$ 28 bilhões a menos na sexta, mais R$ 70 bilhões no pregão em andamento. Total: R$ 98 bilhões – um quarto do preço somado de todas as ações da petroleira.

Para entender melhor o que está acontecendo, tenha em mente: a produção nacional de combustíveis não dá conta da demanda do país. Um a cada seis litros de gasolina (15%) é importado. De diesel, um a cada quatro (25%).

A cadeia de venda de combustíveis começa com dois agentes: o produtor nacional e os importadores, que entram para cobrir o déficit.

Quase 100% da produção brasileira vem das refinarias da Petrobras. A importação fica dividida entre a própria Petrobras e empresas independentes.

A Petrobras vende o que produz e o que importa pelo mesmo preço – definido de tempos em tempos por canetada. Se o preço de importação for mais alto que o da canetada, a estatal arca com o prejuízo.

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Era o que estava acontecendo nos últimos meses, por pressão política, e que ainda acontece em menor escala, após os aumentos recordes da semana passada. Aumentos que elevaram ao insuportável a pressão política e causaram a troca na presidência da estatal: de Roberto Castello Branco, um economista com doutorado pela Universidade de Chicago, por um general, Joaquim Silva e Luna, que estava à frente de Itaipu e foi Ministro da Defesa de Temer.

O problema: com a Petrobras praticando dumping forçado, as importadoras independentes saem do jogo. Elas não vão comprar diesel lá fora por X para vender aqui a X menos 1. Com as independentes fora do jogo, não tem alternativa: ou a Petrobras opera no prejuízo ou temos uma crise de abastecimento, e passamos o vexame de ser um país exportador de petróleo com fila em posto de gasolina e safra apodrecendo por falta de combustível para caminhão.

É a volta de um fantasma para os acionistas. Entre 2011 e 2014 o setor de refino da Petrobras operou no prejuízo, com o governo impedindo reajustes em paridade com os preços internacionais dos combustíveis. Em 2014, o prejuízo com o refino chegou a R$ 19,5 bilhões, apagando todo o lucro do setor de exploração e produção de petróleo cru, que tinha sido de R$ 19 bilhões naquele ano.

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Ou seja: diante do que pode acontecer com os próximos balanços da empresa, esses 25% de queda em dois dias ainda podem ser pouco.

 

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