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Petro cai 3,82% com terceiro presidente sob Bolsonaro

Na segunda, ação da estatal fechou no maior patamar desde 2010. Nos EUA, Snapchat cai 43% e coloca economia americana em xeque.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
24 Maio 2022, 18h00

A ação da Petrobras estava na máxima desde 2010. Isso foi ontem. Depois que a bolsa fechou, Jair Bolsonaro decidiu demitir o terceiro presidente da estatal de seu governo. Não deu outra: as ações caíram 3,82%.

José Mauro Coelho perdeu o cargo apenas 40 dias depois de assumi-lo. E bateu um recorde: foi o CEO que ficou menos tempo no cargo desde a criação da estatal.

O motivo é o de sempre: Bolsonaro está tentando interferir na política de preços da estatal, baseada na cotação internacional do petróleo – e que não cede dos US$ 100 por barril. Como o preço do petróleo está na lua, os brasileiros sofrem na hora de abastecer o carro. A tentativa de interferência do presidente na companhia já custou o cargo de Roberto Castello Branco, do general Joaquim Silva e Luna e agora de José Mauro Coelho. 

O novo indicado é Caio Mário Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do ministro Paulo Guedes. Ele só assume após aval da Assembleia Geral Extraordinária de acionistas, que deve acontecer no final de junho. Enquanto isso, Coelho continua.

Pelas regras do jogo, Andrade não poderia assumir o cargo. A questão é que ele não tem experiência na área de energia ou petróleo e gás, o que desrespeita a Lei das Estatais e pode levar à judicialização da sua indicação. Sancionada em 2016, por Michel Temer, a legislação determina que os escolhidos para a presidência de companhias estatais tenham, no mínimo, experiência de 10 anos em empresas públicas do setor, ou quatro na chefia de companhias similares. 

A queda de 3% parece pequena ante o risco que a companhia corre. Se um aliado de Guedes e Bolsonaro finalmente for o bastante para mudar a política de preços da companhia, a rentabilidade – e os generosos dividendos – tende a minguar.

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Aí a Petrobras fica em xeque. Se o novo presidente não for capaz de mudar a dinâmica da empresa, estará mais uma vez com a cabeça a prêmio. Só que, no quarto presidente, parece que investidores já se acostumaram com esse padrão de Bolsonaro. A Petro caiu, mas não contagiou o mercado.

O Ibovespa passou o dia em queda, mas quando os EUA saíram do fundo do poço, o Ibovespa virou para o positivo. Fechou em alta de 0,21%, aos 110.580 pontos. 

Pessimismo em Wall Street

Esqueça Jerome Powell, ao menos por hoje. Quem fez previsões sobre a economia americana e deixou o mercado de cabelo em pé foi o Snapchat (lembra dele?). 

Ontem, depois do pregão, a Snap (dona da rede social) cortou suas projeções de receita para o segundo trimestre deste ano. O que importa não é o corte, mas a previsão para a economia.

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A Snap justificou dizendo que houve uma deterioração “maior e mais rápida que a prevista” da economia americana. As ações da companhia afundaram 43% e puxaram outras do setor de tecnologia. Facebook e Alphabet (a dona do Google) caíram 7,62% e 5,14%, respectivamente. Já o Twitter desvalorizou 5,23%. 

O foco não é o Snap, mas o que ela representa para investidores, cada vez mais preocupados com o dano da inflação sobre as empresas listadas na bolsa. Na semana passada, os balanços do setor de varejo decepcionaram o mercado e levaram as bolsas americanas a uma série de quedas que colocaram o S&P 500 na borda do bear market.

Para piorar o clima, a China segue rigorosa com a sua política Covid-zero, na tentativa de eliminar a doença do país. Ontem, Pequim registrou 48 novos casos e a vice-primeira-ministra, Sun Chunlan, pediu medidas de restrição mais abrangentes na capital para controlar a transmissão. Isso pesou sobre as cotações do minério de ferro, que caiu 3%. 

O Snap dragou o índice de tecnologia Nasdaq, que caiu 2,35%. O S&P 500 chegou a afundar no bear market, de novo, no intraday, mas conseguiu sair do precipício. Caiu modestos 0,79%. 

Será que estamos diante da oitava semana seguida de S&P 500 no negativo? Acompanhe nos próximos capítulos.

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Maiores altas

PetroRio (PRIO3): 3,55%

Equatorial (EQTL3): 3,38%

3R Petroleum (RRRP3): 3,18%

SLC Agrícola (SLCE3): 3,09%

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Taesa (TAEE11): 2,52%

Maiores baixas

CVC (CVCB3): -6,30%

Azul (AZUL4): -5,92%

Embraer (EMBR3): -5,46%

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Americanas (AMER3): -5,15%

Banco Pan (BPAN4): -4,24%

Ibovespa: 0,21%, a 110.580 pontos

Em NY:

S&P 500: -0,79%, a 3.942 pontos

Nasdaq: -2,35%, a 11.264pontos

Dow Jones: 0,16%, a 31.931 pontos

Dólar: 0,14%, a R$ 4,8123

Petróleo

Brent: -0,08%, a US$ 110,69

WTI: -0,47%, a US$ 109,77

Minério de ferro: -3,44%, US$ 131,06 no porto de Qingdao (China)

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