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Pão de Açúcar (PCAR3) sobe 22,55% com possível capitalização

Na outra ponta, Gol (GOLL4) cai 6,05% com notícia sobre pedido de recuperação judicial. Ibovespa sobe 0,41%, em dia de baixo volume financeiro.

Por Alexandre Versignassi
15 jan 2024, 18h55

Com feriado nos EUA (Martin Luther King Day) o mercado operou um volume financeiro baixo nesta segunda: R$ 12,bilhões – metade de um pregão normal. 

Mas, com Petrobras (PETR4) em alta de 1,07%, num dia de petróleo relativamente estável (-0,18%), e Vale (VALE3) caindo só 0,20% (menos do que o esperado para um dia em que o minério tombou 3%). o Ibovespa ficou no azul: 0,41%, a 131.520 pontos.

E os destaques do dia foram mesmo a queda da Gol e a alta fortíssima de Grupo Pão de Açúcar. Vamos elas.

GOLL4: -6,05%

Ontem, o Painel S.A., da Folha, disse que a Gol planeja pedir recuperação judicial nos EUA em breve, citando que a informação parte de pessoas envolvidas nas conversas. A empresa soma R$ 20 bilhões em dívidas, com R$ 3 bilhões vencendo no curto prazo. O caixa total, no balanço mais recente, do 3T23, era de R$ 993 milhões. 

Também vale notar que o balanço do terceiro trimestre mostrou um crescimento veloz na dívida. Ela foi a 4,7 vezes o Ebitda no 3T23, ante 2,6x no mesmo período do ano anterior – acima de 2x, acende-se a sirene. 

De acordo com a coluna, a Gol considera melhor aderir ao “Chapter 11” da lei americana do que pedir RJ no Brasil – já que isso abriria mais possibilidades de refinanciamento no exterior. E o mercado reagiu conforme o esperado: queda de 6,05% para GOLL4, a R$ 7,14 – na verdade, o maior pânico foi pela manhã, com a ação caindo 12%. Ao longo do dia, as coisas ficaram menos feias.

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Seja como for: o receio é que os atuais acionistas acabem diluídos para ajudar no pagamento das dívidas. Uma das possibilidades de refinanciamento, afinal, é vender novas ações no mercado (fazer um follow on), a um preço mais baixo. 

A Gol é dividida em 3,2 bilhões de ações. Pelo fechamento de hoje, isso significa um valor de mercado de R$ 22,8 bilhões. Exemplo hipotético: caso a empresa decida levantar R$ 3 bilhões num follow on e consiga vender as novas ações a R$ 7,00, isso elevaria a base acionária para 3,6 bilhões de unidades. Com isso, acionistas que não colocarem a mão no bolso para adquirir novos papéis teriam direito a 11% menos dividendos num eventual pagamento – reforçamos aqui que este é apenas um exemplo para fins didáticos (mostrar como funciona uma diluição): a empresa não fez anúncio algum nesse sentido.             

A concorrente Latam, vale lembrar, tinha pedido recuperação judicial nos EUA em maio de 2020. E saiu dela em 2022, com sua dívida reestruturada. A Azul também organizou um programa de renegociação de dívidas, em 2023, mas sem entrar em recuperação judicial – fez seus acertos diretamente com os credores.

PCAR3: 22,55% 

O Grupo Pão de Açúcar liderou as altas de hoje, com estrambólicos 22,55%, estendendo o rali do último pregão, quando já tinha subido 11%.

Motivo: na sexta (12), o GPA anunciou uma convocação de Assembléia Geral Extraordinária de acionistas para decidir sobre um “aumento do limite de capital autorizado”. Seria uma porta aberta para a emissão de novas ações. Ou seja: uma diluição também. Por que neste caso a notícia é lida como positiva? 

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Porque o GPA está numa situação mais tranquila. O endividamento tem baixado. De 3x o Ebitida no 3T22 para 2,5x no 3T23 (ainda alto, mas em redução). Ou seja: neste caso a capitalização viria para expandir a empresa – e seu potencial de faturamento, e não para servir como extintor de incêndio.

Ainda assim, seria uma diluição pesada. O GPA fala em levantar R$ 1 bilhão. Seu valor de mercado hoje não é muito maior do que isso, R$ 1,36 bilhão. Dessa forma, a quantidade de ações disponíveis no mercado (270 MM hoje) teria de quase dobrar. Logo, os acionistas atuais que não entrarem no follow on tendem a ser diluídos em quase 50%. 

Mesmo com a alta surrealista de hoje, a queda de PCAR3 nos últimos 12 meses ainda é de 35%.

Boletim focus

Saiu hoje o segundo relatório Focus do ano. E ele veio positivo. A pesquisa semanal do BC junto a agentes do mercado mostrou uma queda na expectativa de inflação. A mediana das apostas aponta para um IPCA de 3,87% no final do ano. Há uma semana, eram 3,90%. Há um mês, 3,93%. (o IPCA, neste momento, é de 4,62%). 

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Sobre a Selic terminal de 2024, não houve variação de uma semana para a outra: 9,00%. Há um mês, de qualquer forma, o número que aparecia na bola de cristal do Focus era um pouco maior: 9,25%. 

Mesmo assim, os números revelam uma cautela forte do mercado. Para o futuro mais distante (do final de 2025 até o final de 2027) espera-se uma Selic estável em 8,5% com inflação de 3,50%. Por mais que as previsões de longo prazo do Focus não tenham importância (é virtualmente impossível fazer previsões dessa natureza para um prazo tão longo), temos aí uma aposta de juro real (acima da inflação) em grossos 5% a perder de vista.

Para comparar: em 2019, antes de pandemia bagunçar o coreto, tínhamos Selic a 4,50% e inflação em 4,30%. Juro real de 0,2%.   

Até amanhã.

 

MAIORES ALTAS

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Pão de Açúcar (PCAR3): 22,55%

Assaí (ASAI3): 3,15%

Equatorial Energia (EQTL3): 2,21%

Prio (PRIO3): 2,15%

BRF (BRFS3): 2,02%

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MAIORES BAIXAS

Gol (GOLL4): -6,05%

CSN Mineração (CMIN3): -3,21%

Arezzo (ARZZ3): -3,08%

Grupo Soma (SOMA3): -3,06% 

Azul (AZUL4): -2,36%

 

Ibovespa: 0,41%, a 131.520 pontos.

 

Em Nova York

Feriado (Martin Luther King Day)

 

Dólar: 0,18%, a R$ 4,86

 

Petróleo

Brent: -0,18%, a US$ 78,15

WTI: -0,33%, a US$ 72,44

 

Minério de ferro: -3,17%, a US$ 131,21 na bolsa de Dalian, China 

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