O tombo do bitcoin após os tuítes de abandono de Elon Musk

Dia foi de exceção no Brasil. Ibovespa subiu 0,87% enquanto mundo lá fora seguiu em baixa, com medo da inflação americana.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 16 dez 2024, 16h35 - Publicado em 17 Maio 2021, 18h29
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Que Elon Musk é o rockstar da segunda década do século 21 ninguém duvida. Só que agora investidores descobriram o risco de colocar a vida e o próprio dinheiro nas mãos de uma celebridade. Um par de tuítes do bilionário derrubou o valor do bitcoin para o patamar de três meses atrás.

A criptomoeda cedeu para US$ 43 mil (-10% em 24 horas) e voltou ao patamar de 8 de fevereiro, justamente o dia em que a Tesla anunciou a compra de US$ 1,5 bilhão em bitcoins. Em seus tuítes, Musk sugeriu que a montadora poderia se desfazer do investimento após um relatório do Bank of America apontar a gigantesca pegada de carbono das moedas. Os computadores que exploram novos bitcoins são movidos a carvão na China, como contamos aqui

O processo de “negação” do bitcoin havia começado dias antes, quando o bilionário afirmou que a sua montadora deixaria de aceitar bitcoins na compra de veículos por causa da poluição. Ele até disse que buscaria uma criptomoeda alternativa, com menor potencial poluidor, mas não adiantou. O mercado todo veio abaixo e zerou o “ganho Musk” do bitcoin.

O lance é que o sul-africano ajudou a emprestar credibilidade para o bit e outras coins quando começou a tuitar sobre o assunto. Isso passou a ser mais frequente no começo deste ano, depois que o bitcoin já havia disparado. A valorização em 12 meses é de mais de 400%, puxado pela enorme quantidade de dinheiro que governos injetaram na economia para evitar um colapso em meio à pandemia.

Inflação

Conforme mais dinheiro pingava em criptoativos, mais entusiastas defendiam que o bitcoin seria uma reserva de valor contra a inflação americana, causada justamente pelo excesso de moeda em circulação. Dólares e reais são como qualquer produto: quanto maior a quantidade, menos vale. Por outro lado, existe uma quantia limitada de bitcoins a ser minerada do mundo, e por isso ele não sofreria com a desvalorização causada pelo excesso de oferta. 

Isso significa que bitcoins deveriam, ao menos em teoria, andar sempre na direção contrária das bolsas americanas. Eis a explicação.

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Quando o mercado teme uma alta da inflação, espera que o Fed (o banco central dos EUA) eleve os juros para deixar o dinheiro mais caro e controlar os preços. Juros mais altos reduzem o potencial de ganho das empresas e faz com que as ações caiam. Foi o que aconteceu mais uma vez nesta segunda-feira (17) em mais uma evidência de que investidores não estão confortáveis com o nível de recuperação da economia americana. 

A queda foi puxada mais uma vez pelas ações das big techs — não por acaso, as que têm maior alta acumulada em 12 meses. Elas subiram na expectativa de lucros ainda maiores no futuro. Com a percepção de que o juro vá subir, a conta do tamanho do lucro muda. Todo esse dinheiro que sai de ações poderia ir buscar refúgio no bitcoin. Não é o que tem acontecido.

E isso que as ações nem estão mais nas máximas históricas. A Tesla, por exemplo, já foi negociada a US$ 900 e hoje fechou em US$ 576 (-2,19%). Ainda assim, tem quem diga que ela continua cara. 

Entre os que apostam contra a companhia está Michael Burry, que antecipou o crash do mercado imobiliário americano em 2008 e apostou contra ele. A história ficou imortalizada no filme A Grande Aposta. Bem, segundo o Brazil Journal, Burry divulgou à SEC (a CVM dos EUA) que tinha US$ 534 milhões apostados na queda das ações da Tesla.

Ibovespa

Só que a bolsa brasileira decidiu ignorar todo esse pessimismo e começou a semana em alta. O Ibovespa subiu 0,87% e fechou a 122.937,87 pontos. Investidores estavam tão confiantes que, no melhor momento do dia, o índice chegou a superar os 123 mil pontos.

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Se os fãs de bitcoins colocam sua vida nas mãos de Musk, por aqui todas as apostas estão na Vale. As ações da mineradora, que tem a maior participação no Ibovespa, subiram 2,62%. Elas foram na carona da alta de mais de 4% do minério de ferro na China.

Quem também pegou carona nas commodities foi a Petrobras, com a alta nos preços do petróleo. A estatal, além disso, voltou às listas de indicações de compra do Itaú BBA e do Bradesco BBI, o que ajuda a alimentar a confiança de investidores na companhia.

Quem não tem cripto, minera commodities de verdade. Boa semana.

MAIORES ALTAS

JHSF 4,60%

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BTG Pactual 3,48%

Braskem 3,40%

Raia Drogasil 3,32%

Lojas Renner 3,25%

MAIORES QUEDAS

B2W  -2,01%

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Magazine Luiza  -1,72%

Carrefour -1,70%

TOTVS -1,68%

Rumo 1,67%

Ibovespa: +0,87%, a 122.937,87 pontos

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Dólar: -0,09%, a R$ 5,2663. 

Nova York

Dow Jones: -0,16%, a 34.327,79 pontos

S&P 500: -0,25% a 4.163,29 pontos

Nasdaq: -0,38%, a 13.379,05 pontos

Petróleo

WTI: +1,48%, a US$ 66,34

Brent: +1,21. a US$ 69,54

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