O de baixo sobe, o de cima desce: Ibov fecha agosto em alta de 6,16%, na contramão do exterior
O S&P 500 recuou 3,97% no mês, com pavor do Fed. No ano, a bolsa brasileira vence por 4,48% a - 17,5%
Agosto definitivamente não foi o mês do desgosto na bolsa. Mesmo caindo 0,82% neste dia 31 do mês agourento, o Ibovespa ignorou o ditado. Subiu 6,16% em agosto e encerrou o último pregão do mês em 109.522 pontos – um patamar que não alcançava desde maio. O mês carregou a bolsa nas costas.
Só teve lugar para o Ibovespa na mochila, mesmo: o S&P 500, assombrado pela inflação americana e pelo fantasma dos juros do Fed, chegou ao dia 31 com uma queda de 3,97%.
A situação deste mês é uma miniatura da situação no ano como um todo: o Ibovespa subiu 4,48% desde o primeiro pregão de janeiro, e o S&P 500 caiu 17,5%.
Em dólar, a alta do Ibovespa foi ainda mais forte: 12%, já que o real valorizou ao longo do ano – a moeda americana começou 2022 em R$ 5,57, e agora está em R$ 5,20.
O índice brasileiro saiu do réveillon com 103,9 mil pontos e chegou ao pico do ano em março, com 121 mil. Dali em diante, o inferno. Desabou num vale de 96,1 mil pontos em 14 de julho. E aí veio a recuperação: alta de 14% desde lá.
O S&P 500, por sua vez, atingiu a mais baixa das baixas em 16 de junho, com 3,6 mil pontos, e até ensaiou uma recuperação. Mas não conseguiu mantê-la porque o pavor com o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, foi mais forte: ao longo da semana passada, o índice escorregou de volta para 3,9 mil.
Em Wall Street, diga-se, o medo de agosto não é superstição, é constatação: o desempenho médio do S&P 500 durante o mês oito, nos últimos 25 anos, foi de -0,6% – o gigante interminável do calendário só não fica com a lanterninha do ranking porque perde para os -0,7% de setembro.
Futuro sombrio
Para o Morgan Stanley, o meno do Fed já estaria embutido nos preços atuais das ações e não deve emocionar o pessoal muito mais do que já emocionou. Mesmo assim, o banco acha que o pior ainda está por vir.
O estrategista-chefe do banco disse para a Bloomberg que os investidores precisam prestar atenção mesmo é nos balanços das empresas no próximo trimestre – que talvez venham piores que os do trimestre anterior. Aí a coisa pode ficar feia mesmo em NY.
Suco de dinossauro
O petróleo fechou o mês com queda de 5,4%. Os motivos são, bem… todos: altas nos juros, expectativa de recessão no Ocidente e novos lockdowns na China pressionam a demanda para baixo. Do lado da oferta, a expectativa de um acordo bem sucedido com o Irã e a continuidade nas exportações da Rússia (apesar de Putin permanecer um pária diplomático) mantêm o fornecimento razoável.
No dia, o suco de dinossauro recuou 2,25%. Mesmo assim, as ações PETR3 (2,94%) e PETR4 (2,47%) protagonizaram as altas no último dia do mês.
De fato, a petroleira segurou o Ibovespa no verde até o finalzinho da tarde, quando uma virada brusca arremessou o índice para o buraco: o varejo liderou a viagem de última hora ao centro da Terra (MGLU3, -5,32%) acompanhado de uma grande sorte de empresas, como a Duratex, a seguradora Qualicorp e a Alpargatas – os 109.522 pontos do fechamento foram justamente a mínima do dia.
Será que o primeiro pregão de setembro abre numa nota mais condizente com as altas das últimas semanas? Ou manterá a escrita do manual da Anbima, a de que “rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura”? Só o amanhã dirá.
Até quinta!
Maiores altas
Meliuz (CASH3): 3,97%
Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): 3,38%
Petz (PETZ3): 3,24%
Petrobras (PETR3): 2,94%
Petrobras (PETR4): 2,74%
Maiores baixas
Alpargatas (ALPA4): -5,54%
Magazine Luiza (MGLU3): -5,32%
Braskem (BRKM5): -4,84%
Duralex (DXCO3): -4,84%
IRB (IRBR3): -4,65%
Ibovespa: – 0,82%, a 109.522 pontos
Em NY:
S&P 500: -0,78%, a 3.955 pontos
Nasdaq: – 0,56%, a 11.816 pontos
Dow Jones: – 0,88%, a 31.511 pontos
Dólar: 1,73%, a R$ 5,20
Petróleo
Brent: – 2,25%, a US$ 95,64 o barril
WTI: – 2,28%, a US$ 89,55 o barril
Minério de ferro: –1,72%, a US$ 99,30 a tonelada, na bolsa de Dalian