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O conselho número 1 de Warren Buffett e Charlie Munger

O braço direito de Buffett seguiu na ativa até os 99 anos, e era ainda mais incisivo que o amigo ao defender uma forma de investir. Veja qual.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 30 nov 2023, 17h42 - Publicado em 30 nov 2023, 16h04

Charlie Munger (1924-2023), morto no dia 28 de novembro, foi contemporâneo de Franz Kafka, Vladimir Lenin e Arthur Conan Doyle – todos estavam vivos quando ele veio ao mundo. A Rainha Elizabeth ainda não tinha nascido.

E aos 99 anos ele ainda era uma das figuras centrais do mercado. Munger era o braço direito de Warren Buffett, 93, na Berkshire Hathaway, a companhia de investimentos mais bem-sucedida da história.

Todos os anos, pelo menos 40 mil pessoas peregrinavam até a sede da empresa, em Omaha, Nebraska, para o encontro de acionistas. Programa principal: ouvir as opiniões e conselhos da dupla, por seis a oito horas.

E o que não lhes falta são credenciais. Eles obtiveram um retorno de 20% ao ano no mercado financeiro desde 1965. Dá um acumulado de dois milhões por cento, graças à magia multiplicadora dos juros compostos.

Mesmo assim, a grande dica de investimento que eles sempre deram foi a seguinte: “Não faça o que a gente faz”.

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Qual a estratégia de Buffett e Munger?

Metade do portfólio da Berkshire está concentrado em uma única empresa, a Apple – o que faz da companhia a segunda maior acionista da Apple, com 5,86% (ela só fica atrás do fundo Vanguard, que tem 7,91%.

Examinando mais adiante essa carteira de ações, você vê que 73% do capital deles está alocado em apenas quatro companhias. Além da Apple (50%), Bank of America (9%), American Express (7%) e Coca-Cola (7%).

É isso. Eles sempre colocaram seus ovos em poucas cestas. Mesmo assim, tudo o que a dupla sempre recomendou para as pessoas comuns é fazer o oposto.

Charlie Munger disse certa vez. “Pegue o mundo moderno, no qual pessoas tentam ensinar outras pessoas a escolher ações por conta própria. Considero isso o equivalente a induzir jovens a usar heroína.”

O ponto aqui é simples. Para escolher as ações certas, você precisa de quantidades de tempo e de talento não disponíveis em uma vida normal – só para ilustrar: a filha de Buffett disse que o pai nunca assistiu a um seriado na vida; ele passa 100% do tempo estudando empresas.

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Nenhum dos dois, porém, jamais indicou fundos de ações com gestão ativa, aqueles de banco e de corretora. Eles sempre foram contra a ideia de que você pague algum gestor para escolher ações por você – por mais que eles próprios façam isso profissionalmente, desde sempre.

Qual a dica de Munger, afinal?

A dupla recomenda que você compre ETFs, sigla em inglês para “fundos negociados em bolsa”. Mais especificamente, os “ETFs de índice”. No Brasil, o índice mais importante é o Ibovespa, que na versão atual contabiliza as 83 maiores empresas de capital aberto do país. Coloque dinheiro num ETF e ele será distribuído automaticamente entre essas companhias.

A tese de Buffett e Munger é a seguinte: basicamente nenhum gestor de fundos consegue ganhos maiores que o da média de todas as grandes empresas. Pelo menos não no longo prazo – e as exceções a essa regra, caso da própria dupla, são demasiadamente raras. Como os ETFs de índice não têm gestor, só redistribuem o dinheiro conforme o peso de cada companhia dentro do índice vai mundando, as tarifas deles são baixíssimas. Sobra mais para você. E o seu dinheiro não fica à mercê do futuro de meia dúzia de empresas. Se alguma quebrar, as outras seguram a bronca.

O próprio Buffett já disse que, quando morrer, deixará 90% de sua herança para a esposa na forma de ETFs do S&P 500 – e os outros 10% em títulos públicos. Que demore bastante, e tenhamos muitos encontros da Berkshire pela frente – mesmo com o vazio irreparável da ausência de Munger.   

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