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Nubank desbanca Itaú na bolsa – mas estreia será no meio de um furacão

O banco ganhou o posto de instituição financeira mais valiosa, mas ainda precisa provar que tem forças para passar pelas altas de juros.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
Atualizado em 9 dez 2021, 09h47 - Publicado em 9 dez 2021, 08h07

Bom dia!

Existe um novo maior banco do país na praça. O Nubank emplacou a sua venda de ações na Bolsa de Nova York (NYSE) e foi avaliado em US$ 41 bilhões, acima dos US$ 37,9 bi do Itaú. No fim, foi uma margem relativamente apertada. Quando o neobank começou a se mexer para estrear na bolsa, chegou a mirar uma avaliação de US$ 100 bilhões, mas a realidade se impôs. Ajustou para US$ 50 bi e depois ainda precisou reduzir em 20% o preço pedido por cada ação posta à venda.

Ainda assim trata-se de um feito. É que o IPO saiu em plena crise das fintechs nas bolsas americanas. A Stone, cujas ações são negociadas na Nasdaq, acumula tombo de quase 80% neste ano. A PagSeguro, vizinha de NYSE, cai 50%.

O jogo começa de verdade depois do toque da campainha, quando as ações passam a ser negociadas em Nova York – na B3, há BDRs. Aí a comparação com o Itaú e outros bancões deixa de ser por valor de mercado, mas pela capacidade de gerar lucro ao acionista, algo que o roxinho ainda não faz.

Vai ficar mais difícil agora que os juros aceleraram no país. Na noite de ontem, o Banco Central elevou a Selic para 9,25% ao ano e indicou um novo aumento de 1,50 ponto porcentual. O comunicado teve um tom de alarme: o BC reconheceu que está difícil conter a inflação no país.

O mercado ainda processa a informação. Isso porque as expectativas para a alta de preços estão bem descontroladas, mas o país caminha para uma recessão. A Faria Lima se queixou da pouca ênfase do BC nesse fato, ainda que a missão de Roberto Campos Neto e sua turma seja exclusivamente com os preços.

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Para bancos, juros mais caros têm potencial de elevar o lucro, mas só para quem tiver bastante dinheiro em caixa para emprestar. É que dinheiro é a matéria-prima do crédito: se ela fica mais cara, é preciso cobrar mais caro do cliente. Só que juro maior no empréstimo significa menos gente com capacidade de tomar dinheiro emprestado. Aí fica mais difícil ganhar com a operação. 

O susto do Copom na inflação arrisca impor uma pausa na sequência de cinco altas da bolsa brasileira. E o mundo não parece colaborar. Depois de três pregões de alta lá fora, os contratos futuros das bolsas americanas sinalizam uma queda. Não há uma grande novidade para justificar a virada de mão dos investidores. A megaincorporadora Evergrande oficialmente deu um calote – mas os índices asiáticos fecharam em alta. Na Europa, a pausa no ciclo de altas é atribuída às medidas restritivas impostas pelos países ricos para conter a pandemia. Tudo indica que será um dia para colocar um lucro no bolso. Boa quinta.

Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,37%

Futuros Nasdaq: -0,40%

Futuros Dow: -0,36%

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*às 7h40

Europa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Índice europeu (EuroStoxx 50): -0,28%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,22%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,31%

Bolsa de Paris (CAC): -0,07%

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*às 7h30

Fechamento na Ásia
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,66%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,47%
Hong Kong (Hang Seng): 1,08%

Commodities
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Brent: -0,73%, a US$ 75,27

Minério de ferro: -2,55%, US$ 108,53

*às 7h30

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Agenda
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

10h30 O Ministério do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.

market facts
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Pix crédito

O Itaucard quer usar o Pix como cartão de crédito à vista ou parcelado. O braço de cartões do Itaú foi escolhido junto com outros seis para participar do primeiro ciclo do Sandbox Regulatório lançado pelo Banco Central. Sandbox é um ambiente experimental para que empresas testem inovações na área financeira. O desenvolvimento das soluções será acompanhado pelo Cesb (Comitê Estratégico de Gestão do Sandbox) e esse primeiro ciclo terá um ano de duração, podendo ser prorrogado por mais um. Após a fase de testes, o BC decidirá se os projetos poderão ser implementados de forma permanente. 

Conta internacional

O Senado aprovou um projeto de lei que modifica o mercado de câmbio e permite que pessoas físicas e jurídicas tenham contas bancárias em moedas estrangeiras, como o dólar ou o euro, mesmo estando no Brasil. Hoje, somente algumas empresas estão autorizadas a ter conta em outras moedas, é o caso de emissores de cartões de crédito e casas de câmbio. O texto também retira a proibição de que bancos estrangeiros, que possuam conta em reais no país, façam pagamentos no exterior e ainda expande as previsões legais para que a moeda brasileira seja usada em negócios no exterior. A PL segue para sanção presidencial e o Banco Central será responsável pela regulamentação. Na prática, fintechs já vinham oferecendo contas em moeda estrangeira no país, mas calcadas em outra regulação.

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Vale a pena ler:
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Tecnologia para assistência social

Papeladas e papeladas. Conforme relata o The New York Times, as barreiras burocráticas atrapalham as pessoas que precisam acessar programas de assistência social. E pior: desperdiçam um tempo precioso, no qual esses beneficiários poderiam estar estudando ou trabalhando. 

Agora, startups e organizações não governamentais estão usando a tecnologia para modernizar a distribuição de recursos. Já existem soluções para pedir cupons de alimentação pela internet e contas bancárias destinadas exclusivamente para receber benefícios do governo. Leia a matéria completa aqui (em inglês)

Divisão espacial 

A Agência Espacial Europeia (ESA) alertou para que os governantes não facilitem tanto a vida de Elon Musk quando o assunto for exploração espacial. Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, afirma que o rápido domínio do bilionário fora da Terra pode prejudicar as companhias regionais e que já está difícil para os reguladores ou rivais acompanharem os passos do empresário. 

Musk está preparado para gastar até US$ 30 bilhões para expandir a Starlink, sua empresa de satélites de internet, destaca o Financial Times (traduzido pela Folha de S. Paulo). Leia o texto completo aqui.

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