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Novo chapéu no teto de gastos derruba a bolsa e pressiona os juros para cima

PEC dos combustíveis troca corte do ICMS por aumento no Auxílio Brasil e voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros. Tudo fora do teto. Ibovespa cai 0,96% e perde os 100 mil pontos de novo.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 29 jun 2022, 18h00 - Publicado em 29 jun 2022, 17h54

A lei do teto de gastos é uma medida autorregulatória: o Estado impede que o Estado gaste demais, e isso mantém viva a esperança de que o Estado não vai quebrar –  o que é bom para todos, a começar pelo Estado. Quanto maior a confiança no equilíbrio das contas públicas, mais barata fica a rolagem das dívidas, já que o governo passa a pagar juros menores para financiar-se.

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Mas não faltam brechas. Se o governo estiver mesmo a fim de gastar mais, basta dizer que estamos em um “estado de emergência”. Não que isso seja um absurdo: o auxílio emergencial, despesa fora do teto de 2020 e 2021, foi importante para evitar um descarrilamento da economia – e teve equivalentes no mundo todo. 

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Mas agora é diferente. No resto do mundo, combate-se o aumento dos combustíveis com cortes de impostos. A ideia por aqui era fazer o mesmo, com o governo federal subsidiando os Estados que zerassem o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha – conteúdo central da PEC dos combustíveis. 

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Agora não mais. O Senador Fernando Bezerra Coelho, relator da PEC e que foi líder do governo na casa até dezembro de 2021, disse hoje que o texto será alterado. Sai tudo o que envolvia ICMS e entra um pacote de gastos sob estado de emergência, ou seja, que já nasce fora do teto. 

É um caminhão de dinheiro, e de afagos eleitoreiros, válidos até dezembro:

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Total: R$ 38,7 bilhões. Como a proposta original, a do ICMS, custaria R$ 29,6 bilhões, teremos R$ 9,1 bilhões a mais.

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Tudo isso num cenário em que os gastos do governo já estão apertados. O déficit primário de maio (ou seja, o tanto que o governo gasta além do que arrecada, fora juros de suas dívidas) fechou em R$ 39,3 bilhões, acima da expectativa do mercado, que previa R$ 30,6 bilhões.

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As perspectivas para as contas públicas aumentam o risco de investir por aqui. E a bolsa respondeu: queda de 0,96%, aos 99.621 pontos (um dia em que o S&P 500  ficou estável, em -0,07%).

E os juros seguem sob pressão, naturalmente. O título público IPCA+2035 passou a pagar inflação +5,93% – aproximando-se mais ainda da linha vermelha do +6%. Há duas semanas, ele estava em +5,67%.  

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A cada ponto percentual de alta, quem contratou a taxas mais baixas perde algo em torno de 0,15%. Quem colocou R$ 10 mil a 5,67%, por exemplo, está com R$ 9.600 hoje. 

Quando a expectativa vira a chave, e o mercado passa a prever uma baixa nos juros, rola o inverso: os títulos passam a valorizar. Mas, do jeito que as coisas vão, esse dia ainda está além do horizonte.

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Até amanhã.

Maiores altas

MRV (MRVE3): 3,41%

SLC Agrícola (SLCE3): 2,86%

Rede D’or (RDOR3): 2,83%

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Sul América (SULA11): 1,72%

Cyrela (CYRE3): 1,37%

Maiores baixas

Qualicorp (QUAL3): -8,38%

CVC (CVCB3): -6,36%

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Positivo (POSI3): -5,52%

Marfrig (MRFG3): -5,10%

Minerva (BEEF3): -4,51%

Ibovespa: -0,96 aos 99.621 pontos

Em Nova York

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Dow Jones: 0,26%, aos 31.027 pontos

S&P 500: -0,07%, aos 3.818 pontos

Nasdaq: -0,03%, aos 11.177 pontos

Dólar: -1,39%, a R$ 5,19

Petróleo

Brent: -2,36%, a US$ 115,20

WTI: 2,08%, a US$ 109,43

Minério de ferro: -1,01%, a US$ 122,95 por tonelada em Singapura

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