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Nos EUA, pasmaceira pré-feriado com ata do Fomc. No Brasil, PEC e emoção. 

Em clima de feriado, Wall Street já espera no mínimo 5% como taxa de juros final – e dá como certa uma alta menor em dezembro. Por aqui, PT fecha apoio do Congresso a PEC enquanto Bolsonaro contesta eleição.  

Por Bruno Vaiano e Camila Barros
23 nov 2022, 08h23

Véspera de feriado nos EUA. Amanhã, é Dia de Ação de Graças – o feriado de importância natalina em que os americanos assam peru, agradecem a Deus e montam a lista de compras da Black Friday, no dia seguinte.

A não ser que os alienígenas pousem em Nova York ou que role qualquer outra catástrofe, as emoções do dia em Wall Street ficarão por conta da ata do Fomc, programada para sair ao meio-dia no horário de Brasília – 2h da tarde em Washington, D.C.

Mas ninguém aposta que haverá muito com que se emocionar: na última reunião, realizada entre 1º e 2 de novembro, o comitê de política monetária americano aprovou de modo unânime a quarta alta seguida de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros do país – que agora está no intervalo de 3,75% a 4%, exatamente como a bola de cristal do mercado financeiro esperava. 

A expectativa, agora, é por quanto tempo os juros vão permanecer altos, e se a taxa final ficará muito além de 5%. Qualquer sinalização de juro final muito alto ou de juro alto por muito tempo pode azedar o mercado. 

Porém, na segunda, Loretta Mester, presidente da sucursal do Fed em Cleveland, declarou à imprensa que “5% são um bom ponto de partida” e que ela está alinhada com as expectativas do mercado. Ou seja: que não há razão para temer mais do que já se teme. 

Por ora, declarações como essa se refletem nos futuros de Nova York, que estão estáveis (Nasdaq, -0,01%; S&P 500, 0,05%; Dow Jones, 0,05% às 8h03). A semana do feriado como um todo tende a apresentar um baixo volume de negociações nas bolsas de lá.  

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O último hike de 0,75 p.p. não foi uma previsão difícil. A inflação de setembro veio mais alta que o esperado, os resultados de outubro não haviam saído ainda quando a cúpula do Fed se reuniu, e o varejo e o mercado de trabalho americano continuavam fortes (o que indica uma economia aquecida, sendo que se combate a inflação justamente esfriando a atividade do país). 

A expectativa, agora, não é má: o presidente Powell e sua turma já deram a entender que as próximas altas devem ser mais contidas, de 0,5 p.p. ou 0,25 p.p. – ainda que o ciclo de alta da “Selic” do Tio Sam não deva parar nos atuais 4 pontos percentuais, e que o pico final seja mais alto do que o mercado gostaria. A ata deve traduzir esse sentimento com as palavras oblíquas de praxe.  

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Esse pé no freio cauteloso é importante para o próprio Fed avaliar o impacto que as medidas das reuniões anteriores já tiveram e calibrar a mão dos ajustes, já que existe um delay de alguns meses entre determinar a nova taxa e ver suas consequências na rua. É praticamente consenso que o Ocidente, em sua cruzada contra a maior inflação em décadas, entrará em recessão econômica em 2023. 

Em outubro diga-se, a inflação americana começou a arrefecer, e cedeu mais que o esperando, o que indica que a política econômica apertada do segundo semestre está começando a surtir efeito (uma informação que o Fomc não tinha em 2 de novembro, antes do IPCA americano, o CPI, ser divulgado). 

No Brasil, a novela da PEC tem potencial para mexer com o coraçãozinho do Ibovespa, como sempre. O PT fechou o apoio do Congresso a PEC, mas isso não quer dizer grande coisa, já que os detalhes cruciais (quanto tempo o Bolsa Família passará fora do teto, e qual será o tamanho do waiver) ainda estão sendo discutidos. 

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De acordo com o Estadão, os parlamentares já sinalizaram o óbvio: querem negociar uma troca de favores, em que o Congresso decide o rumo de uma parcela dos recursos além-teto da PEC em troca de permitir que esses recursos existam. O Senado deve protocolar o Projeto nesta quarta. 

O Partido Liberal (PL) de Bolsonaro divulgou um relatório em que questiona o resultado do segundo turno. A falha apontada em uma parte das urnas eletrônicas, ao contrário do que afirma o documento, não impede a identificação e fiscalização das máquinas – e só serve para inflamar os protestos golpistas (que já estão descambando para a violência em vários estados). 

Um ministro do STF já avisou o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, que a contestação não daria em nada, e parlamentares bolsonaristas que frequentam a Alvorada, residência do presidente, sabem disso: admitem que a intenção é mesmo inflamar as ruas e fazer parecer que as autoridades eleitorais do país não têm interesse em investigar a versão bolsonarista dos fatos (o que é óbvio, já que não há quaisquer evidências à favor dessa versão). 

A ver como o desenrolar dessas duas histórias afetará o mercado hoje. Bons negócios.

humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: 0,05%

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Futuros Nasdaq: -0,01%

Futuros Dow: 0,05%

*às 8h03

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,16%

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Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,43%

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,05%

Bolsa de Paris (CAC): 0,08%

*às 8h06

Fechamento na Ásia

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Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,11%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,61%

Hong Kong (Hang Seng): 0,57%

Commodities

Brent: -1,29%, a US$ 87,19 o barril

*às 7h59

Minério de ferro

2,47%, a US$ 95,30 a tonelada, na bolsa de Cingapura
-0,41%, a US$ 102,37 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 7h12

market facts

Preço-alvo da Tesla

As ações da Tesla terminaram o dia de ontem (terça, 23) com alta de 1,22%, rompendo a sequência de quatro quedas consecutivas. Mas não foi o suficiente para corrigir os danos deixados pelas baixas recentes: -11,3% nos últimos 5 dias, -19,6% em um mês e vertiginosos -57,5% no acumulado do ano. 

Agora, a ação está cotada a US$ 169,91. Muito distante do preço-alvo médio estabelecido pelas casas de análise de Wall Street, de US$ 302. Para alcançar esse valor, as ações da companhia precisariam subir 77%. 

Mas, de acordo com um levantamento da Bloomberg, o mercado permanece otimista em relação ao futuro da companhia: entre 45 analistas, 27 recomendam a compra das ações, 11 permanecem neutros e 7 recomendam a venda. 

Vale a pena ler:

Copa do Mundo é desperdício de dinheiro? 

Desde 2010, quando a sede da Copa deste ano foi anunciada, o Qatar desembolsou US$ 300 bilhões para erguer a infraestrutura do evento. Gasto que não dá pra chamar de investimento: o governo estima que só US$ 17 bilhões serão injetados na economia do país durante o torneio. E é assim mesmo. Uma pesquisa da Universidade de Lausanne mostrou que, entre 1964 e 2018, 31 de 36 grandes eventos esportivos (como Copas do Mundo e Olimpíadas) causaram enormes perdas financeiras para os países sede. A Economist mostra os números do levantamento, explica quais são os maiores gastos e como é distribuída a receita gerada durante a Copa. 

Agenda

EUA, 12h: Divulgação da ata do Fomc.

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