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Moody’s corta perspectiva de crédito da China

Decisão reflete uma perspectiva de crescimento menor e a crise que abate o setor imobiliário no país. Por aqui, PIB cresce 0,1%, melhor do que a previsão.

Por Camila Barros e Sofia Kercher
Atualizado em 5 dez 2023, 09h33 - Publicado em 5 dez 2023, 08h29

Bom dia!

A agência de classificação Moody’s cortou a perspectiva de crédito da China de estável para negativa. Funciona assim: a agência possui uma escala de 21 classificações, que vão de C (que indicam muita chance de calote) até Aaa (para os melhores pagadores de dívida da Terra). Desde 2017, a Moody’s classifica a China como A1 – um grau alto. 

Isso não mudou. O que a decisão de hoje diz é basicamente o seguinte: a nota de crédito chinesa por ora é a mesma, mas pode cair em um futuro não muito distante. 

O rebaixamento tem a ver com a perspectiva de crescimento menor para o país nos próximos anos. Para a Moody’s, o PIB chinês deve desacelerar para 4% em 2024 e 2025, e para uma média de 3,6% entre 2026 e 2030. 

E tem também o fator imobiliário: as construtoras carregam quase 30% do PIB do país nas costas, e hoje enfrentam uma crise de dívida que já arrastou duas gigantes (a Country Garden e a Evergrande) para a recuperação judicial.  Segundo a Moody’s, o rebaixamento reflete evidências crescentes de que o governo deverá intervir para evitar o colapso do setor – o que afeta o cenário fiscal do país. 

A notícia puxou as ações das maiores empresas chinesas de capital aberto para mínimas em quase 5 anos. O índice CSI 300 caiu 1,90% na sessão de hoje. 

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Nem deu para se atentar ao PMI de novembro, que trouxe boas-novas. O índice mede a atividade dos setores de indústria e serviços em um país, utilizando uma pontuação que vai de 1 a 100. Quando abaixo de 50, ele indica encolhimento da produção. De 50 pra cima, significa expansão. 

O da China veio em alta de 51,6 – uma melhora em relação aos 50,0 de outubro, e o melhor número desde agosto. 

Só que existe um ruído de resultados: na semana passada, o PMI divulgado pelo NBS, o departamento nacional de estatísticas, mostrou contração de 49,4 em novembro, contra 49,5 no mês anterior. Já a versão divulgada ontem é medida pelo S&P Global em parceria com o grupo chinês Caixin. 

A divergência de resultados pode ter a ver com diferenças no método de coleta de dados para o índice. O problema é que, para novembro, um deles indica expansão, e o outro contração.  Aí fica difícil saber em qual cenário se basear. 

PIB do Brasil

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No terceiro trimestre, o PIB brasileiro subiu 0,1% na comparação com o trimestre anterior, para R$ 2,741 trilhões. Em relação ao 3tri de 2022, a alta é de 3,1%. 

O resultado veio melhor do que o projetado: a mediana das previsões coletadas pelo Broadcast indicava recuo de 0,2%. Ainda assim, confirma um cenário de desacelaração de crescimento, já esperado. Tem a ver com a perda de fôlego do agronegócio, setor que puxou as altas significativas na primeira metade do ano. No trimestre até setembro, o agro encolheu 3,3% em relação ao 2tri.

O IBGE, aliás aproveitou para revisar os números do ano: o PIB do primeiro trimestre de 2023 foi para 1,4% (a leitura anterior indicava 1,8%). Já o PIB do segundo tri foi para 1,0% (contra 0,9% antes).

Bons negócios!

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Humorômetro - dia com tendência de baixa
(Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,35%

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Futuros Nasdaq: -0,57%

Futuros Dow Jones: -0,23%

*às 8h15

market facts

Demissões no Spotify

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O Spotify anunciou mais uma onda de demissões — a terceira de 2023. Desta vez, serão 1.500 funcionários cortados, ou 17% do total. O CEO e fundador do serviço de streaming, Daniel Ek, fez o anúncio pelo site da empresa nesta segunda-feira (4).

Em janeiro, o Spotify demitiu 600 pessoas. Em junho, cortou 200 funcionários na divisão de podcasts (na mesma época, também subiu os preços dos planos).

Os cortes acontecem em um momento em que a indústria tech está sentindo o fim de uma década de taxas de juros baixíssimas nos EUA. Inclusive, um dos catalisadores das demissões foi o “cenário econômico mais lento”, segundo Ek. A empresa não é a única: Meta, Amazon e Salesforce também cortaram custos e empregos entre o ano passado e esse ano.

A notícia mostra uma tentativa de reestruturação do negócio, que aparentemente agradou investidores: na véspera, os papéis do Spotify subiram 7,5% em Nova York.

Agenda

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09h: IBGE divulga PIB do terceiro trimestre

10h: S&P Global divulga PMI de serviços do Brasil em novembro 

11h45, EUA: S&P Global divulga PMI de serviços e composto final de novembro

12h, EUA: Departamento do Trabalho divulga relatório Jolts de outubro

Europa

                      • Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,13%
                      • Londres (FTSE 100): -0,64%
                      • Frankfurt (Dax): 0,09%
                      • Paris (CAC): 0,11%

                      *às 8h19

                      Fechamento na Ásia

                        • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,90%
                        • Hong Kong (Hang Seng): -1,91%
                        • Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,37%

                        Commodities

                                                        • Brent*: 0,34%, a US$ 78,37
                                                        • Minério de ferro: -0,36%, a US$ 135,37 por tonelada na bolsa de Dalian

                                                        *às 8h20

                                                        Vale a pena ler:

                                                        EUA e Venezuela estão reatando laços

                                                        Mesmo depois de romper relações em 2019, os Estados Unidos e a Venezuela mantiveram comunicações por canais secundários. Em março de 2022, as conversas formais foram oficialmente retomadas — na esperança de que os EUA conseguissem garantir outras fontes de energia após a invasão russa à Ucrânia.

                                                        Agora, esta reportagem da Bloomberg mostra como Biden e Maduro estão gradativamente retomando laços desde junho deste ano, em conversas que envolvem negociações sobre eleições livres no país, acesso a petróleo e remoção de sanções há muito estabelecidas.

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