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Minério puxa o Ibovespa de volta aos 125K

BofA eleva as recomendações de boa parte das metálicas brasileiras, a começar pela Vale. Petróleo sobe novamente, mas PETR4 não acompanha. Veja a razão.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 20 nov 2023, 18h51 - Publicado em 20 nov 2023, 18h48

Demorou, mas veio: o Ibovespa rompeu a barreira psicológica dos 125k, e renovou a melhor marca de 2023. Com a alta desta segunda, 0,95%, fechou em 125.957 pontos. 

Demorou mesmo. O índice não visitava esse patamar desde julho de 2021, pouco depois de ter registrado sua máxima histórica em valores nominais (que não levam a inflação em conta) – os 130.776 pontos de 7 de junho daquele ano (quando a Selic ainda estava em 3,50%). 

Agradeça ao Bank of America por boa parte da alta. O BofA elevou a recomendação da Vale de neutra para compra, elevando o preço alvo de R$ 80 para R$ 102, e VALE3 respondeu com uma alta de 2,45%, a R$ 76,06.  

Os analistas do banco americano prevêem que o minério chegue a US$ 150 a tonelada no 1T24 (11% acima do nível atual). Corrobora para isso a notícia, da Bloomberg, de que o governo chinês pretende recomendar a bancos públicos o financiamento de 50 construtoras do país, entendidas como estratégicas. Aí não tem erro: se a construção civil da China fica feliz, a Vale sorri junto.  

O BofA, aliás, foi ainda mais otimista em relação à CSN (CSNA3). Puxaram a recomendação direto do fundo do poço (venda) para compra, sem passar pelo estágio da neutralidade. E dobraram o preço-alvo, de R$ 10,50 para R$ 21. Resultado: maior alta do dia para ela: 9,46%, a R$ 16,27. 

A CSN Mineração, CMIN3, também passou por uma alta relevante de preço-alvo – de R$ 3,60 para R$ 7,10, com promoção de neutra para compra. E  viu seus papeis fecharem 3,79% no azul, a R$ 7,12.      

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A Usiminas foi outra que recebeu um afago do Bank of America: neutra para compra, com o preço-alvo elevado a R$ 9 (de R$ 7). Alta de 2,11% para USIM5, a R$ 7,76.  

Só a Gerdau perdeu o trem da alegria das metálicas. O Bofa rebaixou a siderúrgica/mineradora de compra para neutra. Motivo: ela é muito mais focada na produção de aço do que na mineração de matéria prima básica. Portanto, fica menos exposta à eventual primavera do minério que o banco antevê. Por conta disso, as ações da companhia (GGBR4 e GOAU4) acabaram na rabeira do Ibov (veja abaixo).  

Nota: juntas, todas as metálicas mencionadas aqui respondem por 17,59% da carteira atual do Ibovespa. Mas é a Vale quem carrega o piano, claro – sozinha, ela representa 15,08%. Então é isso: Vale feliz, Ibovespa feliz. 

Petróleo e dólar

O Brent estendeu o rali de recuperação iniciado na sexta. Alta de 2,12% hoje, na expectativa de que a Opep anuncie novos cortes de produção. O bom momento das commodities ajudou a derrubar o dólar ante o real: queda de 1,10% hoje, a R$ 4,85. 

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Mas não foi só isso. O dólar também caiu ante as demais moedas fortes (0,45% pelo índice DXY, que compara o greenback a uma cesta de moedas de alta demanda). Aí entra em cena o otimismo do mercado em relação ao fim das altas nos juros americanos: sentimento que também impulsionou o S&P 500 (0,74%). 

Já a alta do barril não deu o impulso esperado à Petrobras. PETR4 ficou no zero a zero (0,08%) – contra 2,26% da Prio, por exemplo. 

E o motivo é o de sempre: a parte política. Vamos a ela. 

Intrigas na Petro

O dia de PETR4 começou com uma má notícia. De acordo com a coluna de Malu Gaspar, no O Globo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai sugerir um novo nome para a presidência da Petrobras, em substituição a Jean Paul Prates. 

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Prates vem batendo cabeça com Rui Costa e o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. Malu Gaspar aponta que a discordância tem dois motivos. Um diz respeito à resistência de Prates em reduzir os preços dos combustíveis ante as quedas recentes do petróleo e do dólar. O outro se daria por conta da falta de clareza de Prates sobre os futuros investimentos da Petrobras – a empresa planeja colocar R$ 5 bilhões em projetos de energia eólica, por exemplo, mas não apresenta dados sobre a viabilidade da coisa.

A ver como Lula lidará com a situação. 

O “plano Milei”

Falando em petróleo, a vitória de Javier Milei na Argentina fez com que as ADRs da YPF, a estatal argentina de petróleo, subissem 39,89% em Nova York – já que ele declarou, para surpresa de zero pessoa, que irá privatizá-la. 

No campo macroeconômico, ele disse que pretende “resolver o problema das Leliqs”. Faz sentido. As Leliqs (Letras de Liquidez do Banco Central) são títulos públicos emitidos não pelo governo, mas pelo BC local. Isso significa o seguinte: o BC imprime dinheiro para pagar os juros delas (isso não acontece no Brasil, por exemplo: aqui o governo emite novas dívidas para pagar as antigas – ou usa dinheiro arrecadado via impostos, quando faz superávit primário). 

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A diferença: o modelo do Brasil (e de todos os países sérios) não joga dinheiro novo na economia para financiar a máquina pública. O modelo Argentino joga, sem parar. Por isso, a inflação de lá está em 140% para os últimos 12 meses, contra 4,82% aqui.

A ver como Milei pretende desarmar essa bomba – sem colocar outra no lugar. 

Até amanhã.

  

MAIORES ALTAS 

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CSN (CSNA3): 9,49%

Raízen (RAIZ4): 5,60%

Raia Drogasil (RADL3): 4,57%  

Natura (NTCO3): 4,00% 

CSN Mineração (CMIN3): 3,79%

 

MAIORES BAIXAS

Gerdau (GGBR4): -4,62%    

Metalúrgica Gerdau (GOAU4): -4,33%

Cemig (CMIG4): -2,84%

CVC (CVCB3): -1,93%

Assaí (ASAI3): -1,68%

 

Ibovespa: 0,95%, aos 125.957 pontos

 

Em Nova York

S&P 500: 0,74%, aos 4.547 pontos

Nasdaq: 1,13%, aos 14.284 pontos

Dow Jones: 0,58%, aos 35.150 pontos

 

Dólar: -1,10%, a R$ 4,85

 

Petróleo 

Brent: 2,12%, a US$ 82,32

WTI: 2,35%, a US$ 77,83

 

Minério de ferro: 0,47%, a US$ 135,08 por tonelada a bolsa de Dalian (China)

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