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Minério cai 1,7% com deflação chinesa. Petróleo sobe 3,6% com ataques aos Houthis

China registra 3º mês seguido de inflação negativa. No Oriente Médio, temor é que o Irã crie um gargalo monstruoso na oferta de petróleo.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 12 jan 2024, 09h24 - Publicado em 12 jan 2024, 08h45

Só existe uma coisa pior do que inflação: deflação. É contra intuitivo. Uma realidade na qual os preços baixam o tempo todo parece ser o melhor dos mundos. 

Se você tem um negócio, pode ser ver obrigado a vender seus produtos por menos do que pagou por eles – caso todos os seus concorrentes estejam reduzindo o preço paulatinamente. Desse jeito, uma hora você quebra. 

Não é só uma alegoria. A Grande Depressão dos anos 1930 – que arrasou a economia global e plantou as sementes para a 2ª Guerra foi basicamente um período de deflação persistente, que começou nos EUA e espalhou-se para o mundo. Ideal mesmo para a economia é uma inflação perto de zero, mas positiva – se os preços não sobem nunca, significa que a economia está definhando por falta de demanda. Ponto.

Nos perdoem pela introdução maior do que a média, mas ela é necessária para entender o tamanho do perigo que a economia chinesa corre – e como a China compra um terço de tudo o que o Brasil importa, o problema não é só deles. É nosso também. 

Aos dados. A inflação por lá fechou dezembro em -0,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. É o terceiro mês seguido de deflação. E não são os primeiros. A primeira visita ao reino da inflação negativa veio em julho. Em agosto, 0,1%. Setembro, 0%. E aí….     

Outubro: -0,2% 

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Novembro: -0,5%

Dezembro: -0,3%

O governo chinês sabe bem do perigo que a deflação persistente representa. E corre com estímulos: baixaram os juros e facilitaram o acesso ao crédito imobiliário (que representa 25% do PIB chinês). A derrocada nos preços, porém, só mostra que as medidas não têm sido suficientes para reavivar a demanda. 

E aí vem o efeito dominó. O dado de inflação de dezembro, que saiu na madrugada de hoje, deprimiu a cotação do minério de ferro por lá (já que menos demanda por apartamentos, por exemplo, significa menos vendas de aço, o produto cujo minério é a matéria prima). Queda de 1,76% na bolsa de Dalian. Nos contratos futuros negociados em Cingapura, o tombo é pior ainda: -3,40%. 

A China compra 60% do minério brasileiro. A Vale representa 14% do Ibovespa. É assim que o efeito dominó segue – terminando no seu bolso. Também vale ressaltar que eles compram 70% da nossa soja – sem China, então, não há pujança para o agronegócio. 

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Outros dados da China (melhores)    

Mas nem tudo são espinhos ali. As importações da China, que são o que mais interessa ao Brasil, tiveram uma leve alta: 0,2% na comparação anual, acima das previsões, que apontavam para 0,0%.

E as exportações cresceram 2,3% – também acima das previsões (1,8%). A balança comercial também veio acima do esperado: superávit de US$ 75,3 bilhões, contra US$ 74,3 bilhões na mediana das estimativas.       

E é isso. Boa sorte para a economia chinesa, porque sem ela a nossa vai para o brejo.

Petróleo: 3,62%

Baixa no minério de ferro, alta relevante para o petróleo. O Brent subia mais de 3% nesta manhã, acima dos US$ 80, por conta de bombardeios dos EUA e do Reino Unido contra os rebeldes Houthis – a milícia xiita que tenta derrubar o governo no  Yemen. Trata-se de uma retaliação a ataques dos Houthis contra navios no Mar Vermelho.

O problema não é o Yemen, claro. É o Irã, patrocinador do Houthis. Caso o caldeirão esquente, é possível alguma retaliação de lá. A pior seria o fechamento do estreito de Ormuz – trecho do Golfo Pérsico costeado por Arábia Saudita e Irã, por onde passa 30% do petróleo consumido no globo. Seria um gargalo monstruoso na oferta da commodity. Para se precaver, os  dealers de petróleo correm às compras. Daí a alta – obviamente positiva para a Petrobras, que responde por 12% do Ibovespa.

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Bons negócios. 

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

Futuros S&P 500: -0,08%

Futuros Nasdaq: -0,27%

Futuros Dow Jones: 0,10%

*às 8h21

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Agenda

14h30 (EUA): Discurso de Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta

Europa

                                • Índice europeu (Euro Stoxx 50): 0,82%
                                • Londres (FTSE 100): 0,74%
                                • Frankfurt (Dax): 0,78%
                                • Paris (CAC): 0,95%

                                *às 8h28

                                Fechamento na Ásia

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                                    • Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,35%
                                    • Hong Kong (Hang Seng): -0,35%
                                    • Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,50%

                                    Commodities

                                                                                  • Brent*: 3,62%, a US$ 80,21
                                                                                  • Minério de ferro: 1,76%, US$ 133,45 por tonelada, em Dalian

                                                                                  *às 8h01

                                                                                  Vale a pena ler:

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