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MGLU3, VIIA3 e AMER3 disparam; desaceleração na China derruba petróleo e minério 

Expectativa de controle da inflação e de juros mais baixos em 2023 anima o varejo.  Já as commodities sofrem com o desempenho frustrante da indústria chinesa.

Por Bruno Vaiano e Alexandre Versignassi
Atualizado em 15 ago 2022, 18h09 - Publicado em 15 ago 2022, 18h04

O Ibovespa passou a tarde indeciso – o gráfico alternou quatro vezes entre o verde e o vermelho. Terminou o pregão um pouquinho acima do zero a zero, com alta de 0,24%. Reflexo de um dia particularmente cheio de notícias. 

Primeiro, a Petrobras anunciou mais um corte de preço: a partir desta segunda, as distribuidoras vão pagar R$ 3,53 pelo litro da gasolina, uma redução de R$ 0,18 – ou 4,85% – em relação ao valor anterior de R$ 3,71. 

Os cortes sistemáticos na gasolina e no diesel – o drink dos caminhões já caiu R$ 0,42 por litro só em agosto – contagiam outros setores: se as empresas economizam com o transporte, os produtos chegam mais baratos às lojas e a inflação como um todo desacelera, ainda que essa reação em cadeia leve algum tempo para se manifestar.

Com o IPCA dos próximos meses sob controle, o Banco Central tem mais motivos para não engatar outra alta na Selic. Sem alta no horizonte, os juros futuros se dão mal e a B3 se dá bem: os investidores põem menos dinheiro em títulos públicos e mais dinheiro na bolsa.

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Esses descontos de pai para filho são uma tentativa de adequar os preços no Brasil à realidade do mercado internacional.

O Brent vem caindo desde o mês de São João – 23% entre o pico mais recente em 8 de junho e o vale atual, a US$ 95,10 o barril. Essa janela de tempo coincide com o primeiro mês da empresa nas mãos de um novo presidente, Caio Mario Paes de Andrade.  

De acordo com Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), nossa  gasolina estava chegando ao consumidor algo entre R$ 0,07 e R$ 0,43 mais cara que no resto do mundo.

Para alguns analistas, a Petrobras tinha manga para fazer um corte ainda maior e seguir operando com margens saudáveis de lucro. E o mercado parece ter gostado do corte relativamente leve: as ações da petroleira, afinal, ficaram estáveis, em 0,03% (PETR4). Não parece grande coisa, mas é um sinal de resiliência diante das más notícias vindas da…

China

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A produção industrial deles cresceu “só” 3,8% em julho – o que seria uma notícia invejável para praticamente qualquer país do mundo em 2022, mas que para a China fica  abaixo da expectativa do mercado: de 4,6% (com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades…). 

Como eles são os grandes consumidores de minério de ferro brasileiro, Vale e sua gangue de siderúrgicas/mineradoras passaram o dia flertando com a lanterna do Ibovespa: VALE3, CSNA3 e USIM5 terminaram o dia respectivamente em – 2,15%, – 4,55% e -2,42%. 

A China também é pródiga em queimar gasolina, de modo que uma desaceleração econômica por lá reforça a queda de longo prazo do barril e puxa nossas petroleiras para baixo: PetroRio (PRIO3) e a 3R Petroleum (RRRP3) fecharam o dia em – 2,28% e – 3,51%.

Para completar, o presidente da Saudi Aramco – a maior petroleira do mundo, controlada pelo governo saudita – anunciou que é capaz de aumentar a produção se o governo pedir. É o primeiro sinal de diálogo com os EUA desde que Biden foi lá pedir um aumento na extração de suco de dinossauro (e levou um “vou ver, te aviso”). Além disso, há a expectativa de um acordo internacional para acabar com o embargo ao petróleo iraniano. Talvez nesta semana. Aí não tem erro: A expectativa de mais oferta no futuro faz o preço cair. Baixa de 3,11% para o Brent.

Com commodities em queda e China desanimada, o dólar tende a subir. Alta de 0,35% hoje, para R$ 5,09. 

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Dia cheio na B3 

O trio de ferro do varejo permanece com desempenhos emocionantes nos pregões – super voláteis, suas ações andam reagindo com dois dígitos aos acontecimentos. 

Foi assim na sexta, após as divulgações dos balanços, com Magalu e Via subindo bem ao norte dos 10%. E foi assim hoje: AMER3 18,29%, VIIA3 14,47% e MGLU3 12,88%. 

Aí não tem muito segredo. Os balanços vieram capengas, mas não o bastante para fazer frente à “energia positiva” que vem dos juros. A expectativa agora é a de que a Selic passe a cair ainda no primeiro trimestre de 2023. Mais: o Boletim Focus desta semana baixou mais um pouco a expectativa para o IPCA ao final de 2022: de 7,11% para 7,02%, o que deixa a porteira mais aberta para eventuais quedas na taxa básica.

Com tudo isso, a perspectiva para o trio muda – para (muito) melhor, já que juros menos altos são sinônimo de mais consumo. E os investidores correm atrás para comprar papéis das grandes do varejo enquanto é tempo. 

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Se a aposta vai dar certo é outra história – mas o fato é que algumas das altas já têm dimensão histórica. MGLU3 e VIIA3 subiram mais de 50% em duas semanas.

Se você embarcou nesses foguetes, parabéns. Já tem um lucro brutal para realizar, se quiser. 

E até amanhã!

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Maiores altas

Americanas (AMER3): 18,29%

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Via (VIIA3): 14,47%

Meliuz (CASH3): 14,18%

Magazine Luiza (MGLU3): 12,85%

CVC (CVCB3): 9,51%

 

Maiores baixas

IRB (IRBR3): – 9,96%

Braskem (BRKM5): – 4,86%

CSN (CSNA3): -4,55%

SLC Agrícola (SLCE3): -3,57%

3R Petroleum (RRRP3): -3,51%

 

Ibovespa: 0,24%, a 113.031 pontos

 

Em NY:

S&P 500: 0,49%, a 4.297 pontos

Nasdaq: 0,62%, a 12.128 pontos

Dow Jones: 0,45%, a 31.912 pontos

 

Dólar: 0,35%, a R$ 5,09

 

Petróleo

Brent: -3,11%, a US$ 95,10

WTI: -2,91%, a US$ 89,41

 

Minério de ferro: – 3,61%, a US$ 105,26 a tonelada, no porto de Qingdao (China).

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