Mercados tombam no dia do meme: que semana, hein? Capitão, é quarta-feira

Nova York indica tombo de mais de 1%, bolsas da Europa chegam a cair mais de 2%. O problema é a inflação e como contornar a alta dos combustíveis.

Por Tássia Kastner, Bruno Carbinatto
Atualizado em 16 dez 2024, 16h32 - Publicado em 6 out 2021, 08h23
-
 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Bom dia! 

Existe um meme que volta à internet toda santa quarta-feira. “What a week, huh?” “Captain, it’s Wednesday.” Cai como uma luva hoje. As bolsas americanas, que ontem ensaiaram uma recuperação das perdas da segunda, estão posicionadas para um tombo de mais de 1%. Na Europa, os índices chegam a tombar mais de 2%.

--

Investidores seguem apavorados com a disparada nos preços do petróleo e do gás natural, e temem que essa alta funcione como gasolina na inflação. Os preços do brent e do WTI até começaram o dia mais mansos, em leve queda após terem renovado máximas em três e sete anos, respectivamente. O problema é que o gás natural, responsável por boa parte da geração de energia na Europa, não dá trégua. A crise se repete nos EUA e até na China, cujas bolsas estão fechadas nesta semana por feriado nacional.

Lá, o governo mandou importadores darem um jeito de comprar gás mais barato para tentar reduzir a crise energética do país. Segundo a Bloomberg, o governo tem deixado empresas à míngua e não manteve o nível de subsídios necessários para enfrentar a alta de custos dos combustíveis. O mercado, que já vinha com medo da desaceleração chinesa por causa da crise imobiliária, agora tem mais um motivo para se preocupar: falta de luz para manter a produção na segunda maior economia do mundo.

Enquanto isso, Brasília quer resolver a crise energética com cloroquina, mexendo nos impostos estaduais sobre a gasolina. Ontem, o presidente da Câmara, Arthur Lira, abraçou a proposta de Jair Bolsonaro de avançar sobre os estados – ignorando que a causa da disparada de preços é de outra esfera: 1) o petróleo subiu, 2) o dólar não para de subir, 3) a Petrobras tem por política repassar os preços integralmente ao consumidor.

E a coisa tá tão feia, que na verdade ela até desacelerou os repasses, mas não suaviza o rombo que faz no bolso da população. Depois das altas recentes do petróleo (brent acima de US$ 80 o barril) e do dólar beirar os R$ 5,50, cálculos do mercado apontam para uma defasagem de mais de 20% na comparação com a paridade internacional. No período mais agudo de controle de preços dos combustíveis, sob o governo Dilma Rousseff, a defasagem chegou a 25%.

Continua após a publicidade

Voltando aos EUA, às 9h15 sai o relatório da criação de vagas no setor privado dos EUA (o ADP), uma espécie de aquecimento para o dado oficial de desemprego do país, na sexta. Ele é crucial para investidores ajudarem as expectativas sobre a corda-bamba em que caminha o Fed: reduzir estímulos para conter a inflação, mas desacelerar a economia e arriscar o mercado de trabalho; ou manter a geração de empregos e perder o controle da alta de preço.

Já que o dia realmente tem tudo para ser difícil, o AM de hoje tem uma dica de leitura extra: o Globo contou a origem do meme que ilustra o dia de hoje, e todas as quartas-feiras dessa redação. Aqui

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -1,23%

Futuros Nasdaq: -1,43%

Continua após a publicidade

Futuros Dow: -1,06%

*às 7h55

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -2,31%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -1,82%

Continua após a publicidade

Bolsa de Frankfurt (Dax): -2,32%

Bolsa de Paris (CAC): -2,22%

*às 7h50

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): feriado

Continua após a publicidade

Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,05%

Hong Kong (Hang Seng): -0,57%

Commodities

Brent*: -0,42%, a US$ 82,21 

Minério de ferro: estável, a US$ 116,58 por tonelada no porto de Qingdao (China)

Continua após a publicidade

*às 7h40

Agenda

9h: IBGE libera o número de vendas no varejo de agosto; a expectativa é de um crescimento de 0,60% para o varejo restrito (sem automóveis e material de construção) e uma queda de 0,50% no varejo ampliado (que inclui tudo).

9h15: ADP, empresa que administra a folha de pagamentos de boa parte das empresas americanas, libera relatório sobre criação de empregos no setor privado dos EUA em setembro

market facts

Bancos x Apple

Quando a Apple lançou o Apple Pay, que permite a donos de iPhone pagarem por suas compras usando o celular, bancos americanos abraçaram a tecnologia. Foram tão entusiastas que não se importaram em pagar uma taxa extra para Apple, o que, obviamente, reduziu as suas receitas. Agora, eles estão tentando desfazer ao menos uma parte do estrago. Quem manda no esquema dos cartões de crédito são as bandeiras, como Mastercard e Visa. No caso da Apple, quem coordena esse arranjo é a Visa. A ideia é que pelo menos pagamentos recorrentes no cartão, aqueles de cobrança automática como Netflix, academia ou Uber, não gerem receita para a Apple. Quem revelou a história foi o The Wall Street Journal.

Não é o primeiro revés que a Apple sofre. O caso mais recente foi a disputa com a Epic Games, dona do jogo Fortnite, que processou a empresa da maçã por cobrar uma taxa de 30% em toda transação, incluindo a de itens no jogo (como roupas dos personagens), o que inflava os seus preços. A justiça decidiu que os apps podem oferecer diretamente aos usuários meios alternativos de pagamento que não envolvam a Apple. 

No Brasil, os bancos foram mais cautelosos e demoraram para oferecer a opção. O Santander até hoje não permite que seus clientes paguem com Apple Pay – não quer socializar o lucro da operação com a big tech.

Racismo custa caro

Um tribunal federal dos Estados Unidos condenou a montadora de carros elétricos Tesla a pagar US$ 137 milhões para um ex-funcionário que foi vítima de racismo enquanto trabalhava em uma fábrica na Califórnia em 2015. Owen Diaz, que é negro, alega ter sido chamado de nomes racistas por colegas frequentemente e que a Tesla nada fez para impedir, apesar das reclamações feitas aos seus supervisores. Após o veredito, a Tesla se pronunciou em um comunicado. Reconheceu o problema, mas questionou parte das alegações de Diaz e a própria decisão da justiça. E ressaltou que a Tesla não é mais a mesma de 2015 e que novas políticas de diversidade foram e estão sendo implementadas na companhia.

Vale a pena ler:

“É totalmente insensato dizer que falta dinheiro para dar aos pobres”

A frase é de Ricardo Paes de Barros, economista e professor do Insper. Em entrevista à Folha, ele argumenta que recursos há – só falta melhorar sua distribuição. Defende que o Bolsa Família é um instrumento essencial para combater a pobreza, mas que precisa ser atualizado – e é contra aumentar o número de beneficiários do programa: “O melhor seria elevar o benefício para quem mais precisa e melhorar a sua focalização”. Leia aqui

Zuckerberg contra-ataca

A semana não tem sido boa para o Facebook. Além do apagão na segunda-feira, a rede social também ganhou as manchetes com o depoimento de Frances Haugen, uma ex-funcionária que denunciou a empresa ao Senado americano. Segundo ela, o Facebook escolheria priorizar seu próprio lucro, e não os interesses do público. Agora, Zuckerberg decidiu se pronunciar. O dono da empresa que lucra US$ 9,5 bi respondeu que as alegações simplesmente “não são verdade” e que se preocupa muito com o bem-estar e segurança de seus usuários, especialmente crianças e adolescentes. A Bloomberg conta essa história aqui (em inglês).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

ECONOMIZE ATÉ 65% OFF

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 6,00/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.