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Mercado global vira para alta, mesmo com a maior inflação em 30 anos nos EUA

Há 33% mais dólares em circulação hoje do que em 2020. Isso impulsiona altas não só nos preços dos itens de consumo, mas no dos ativos também.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 11 nov 2021, 08h18 - Publicado em 11 nov 2021, 08h13

Em 1990, o Ibovespa subiu 308%. Sabe o que isso significou? Uma perda monstruosa: a inflação daquele ano tinha sido de 1.476%. Era assim no Brasil da hiperinflação. Os preços das ações não subiam porque as empresas estavam valendo mais, mas porque o dinheiro valia cada vez menos. 

Isso diz um pouco sobre o fenômeno desta manhã, e deste ano inteiro, nas bolsas globais. Os EUA vivem sua pior inflação em 31 anos. Mesmo assim, o S&P 500 acabou de engatar oito dias seguidos de alta, renovando seu recorde histórico a cada pregão. Ontem veio um soluço, e agora engata-se nova alta: às 7h40 o índice futuro do S&P marcava 0,37% no positivo. O do Nasdaq, 0,62%. 

O grande agente causador de inflação é a quantidade de dinheiro que o governo injeta na economia. Em março de 2020, marco inicial da pandemia, havia US$ 15 trilhões em circulação, na forma de notas e de dinheiro em contas correntes e aplicações de curto prazo – o dinheiro que paga o cartão de débito e a fatura do cartão no fim do mês. Hoje são US$ 20 trilhões. 

Para que não houvesse inflação, a produção de bens e de serviços precisaria ter aumentado na mesma toada. Não é o que acontece, posto que nem a China de 15 anos atrás crescia 33% num espaço de menos de dois anos. Com mais dinheiro novo em circulação do que coisas extras para comprar com esse dinheiro, então, os preços sobem. 

Não só os preços dos ítens de consumo. O dos “ítens de investimento” também. É graças ao dinheiro extra em circulação que o preço de um bitcoin subiu de US$ 16 mil para US$ 65 mil em 12 meses. Uma alta de 300% capaz de dar à luz a comercial de corretora de cripto estrelado por Pedro Bial. O mesmo fenômeno joga as bolsas globais para cima. 

E isso acaba segurando o Ibovespa de um jeito ou de outro. Mesmo com todas as trapalhadas de Brasília, entrou mais dólar na B3 neste ano do que saiu. O saldo, convertido para reais, está positivo em R$ 54,7 bilhões até outubro.  

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Conclusão: não é só o petróleo e o tomate que sobem com a inflação. Os preços dos “ativos” (ações, cripto, whatever) vai junto. Altas impulsionadas por impressão de dinheiro, porém, não são algo sólido. Tendem a se desmanchar com a rapidez com que um sonho se esvai no momento em que você acorda.

Boa quinta.

humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: 0,37%

Futuros Nasdaq: 0,62%

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Futuros Dow: 0,16%

*às 7h40

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,14%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,35%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,21%

Bolsa de Paris (CAC): 0,34%

*às 7h30

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,61%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,59%

Hong Kong (Hang Seng): 1,01%

Commodities

Brent: 0,64%, a US$ 83,17

Minério de ferro: 4,13%, US$ 92,57

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*às 7h30 

Agenda

Hoje é feriado do Dia dos Veteranos nos EUA, mas Wall Street funciona normalmente. Só o mercado de Treasuries que fecha. 

09h O IBGE divulga a Pesquisa Mensal do Comércio de setembro. A expectativa é de que as vendas no varejo recuem 0,6%.

market facts

US$ 1 bilhão

O Brasil tem um novo unicórnio: a Frete.com (holding das empresas de logística CargoX, FretePago e FreteBras) recebeu um aporte de US$ 200 milhões do SoftBank e da Tencent. Com isso, a startup atingiu a marca dos US$ 1 bilhão. O investimento, de acordo com a empresa, será usado para aumentar a segurança nas entregas, reduzir as emissões de carbono e melhorar a tecnologia envolvida no processo logístico. 

Nova ações

A Petz está planejando uma oferta pública de distribuição primária. Ou seja, a companhia vai jogar mais ações no mercado – serão 41 milhões de novos papéis ordinários. Se formos considerar o valor da ação da empresa no fechamento de ontem, que foi de R$ 22,57, a operação poderá movimentar R$ 925 milhões. A precificação deve acontecer no dia 18 de novembro e as novas ações devem começar a ser negociadas a partir de 22 de novembro.

Vale a pena ler:

“Foi mal, errei”

Há dois anos, o empreendedor Adam Neumann foi obrigado a se afastar da sua grande criação (ou desilusão): o WeWork. Na época, a startup estava avaliada em US$ 47 bilhões e se preparava para abrir o seu capital. Mas erros de gestão e governança corporativa quase levaram a empresa à falência. 

Agora, em entrevista para o The New York Times, Neumann diz que tem alguns arrependimentos sobre essa história. Incluindo que o “sucesso” subiu à cabeça e que ele falta de atenção aos balanços financeiros. Veja a entrevista completa aqui (em inglês)

Lixão do Atacama

O deserto do Atacama se transformou em um grande lixão clandestino de roupas. Os produtos fazem parte do mercado fast fashion, que produz roupas de baixa qualidade para serem usadas poucas vezes e logo descartadas para abrir espaço para uma nova tendência das passarelas.

Conforme relata a reportagem da agência de notícias AFP, quase 40 mil toneladas de lixo têxtil são jogadas na área de Alto Hospicio, no norte do Chile. Veja o vídeo aqui.

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Hoje, a lista de balanços é longa: 70 companhias vão divulgar os seus resultados do terceiro trimestre. Entre as principais estão a Ambipar, Americanas, Azul, B3, Br Malls, Bradespar, Cyrela, Grupo Soma, Hapvida, IRB Brasil, Lojas Renner, Unidas e Via.

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