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Marco fiscal faz Ibovespa deslanchar 1,70%, segunda alta consecutiva

Lá fora, lucro da Nvidia sobe 843% e embala Nova York. PCAR3 desaba 19,31%, mas não é uma queda de verdade. Entenda.

Por Jasmine Olga
Atualizado em 23 ago 2023, 18h18 - Publicado em 23 ago 2023, 17h48

Havia uma pedra no caminho do Ibovespa, mas agora o principal índice da bolsa brasileira parece pronto para deixar a sequência histórica de quedas para trás e seguir subindo a serra em direção ao topo da montanha. 

Nesta quarta-feira, o Ibov engatou a sua segunda alta consecutiva pela primeira vez desde o fim de julho, em alta de 1,70%, aos 118.134 pontos. 

O empecilho no meio da estrada é um velho conhecido e ficou atravancando o caminho por quase 50 dias: o arcabouço fiscal, que ganhou o aval final do parlamento na noite de ontem. O texto aprovado ontem na Câmara dos Deputados acabou melhor do que o esperado após a retirada da emenda feita pelos senadores que aumentaria o “cheque em branco” para o governo gastar ao adicionar despesas com ciência e educação fora do teto, mas o sentimento de alívio visto hoje no mercado brasileiro veio de outro lugar. 

É que com o arcabouço fiscal aprovado, há menos espaço para que os desentendimentos entre o Executivo e Legislativo impeçam que outros itens da pauta econômica sejam votados. 

Assim, os investidores podem voltar às compras com o mesmo ímpeto do início de julho — quando a aprovação da reforma tributária trouxe ventos mais favoráveis para a B3. A redução do risco político-fiscal também levou alívio ao dólar, que recuou 1,73%, a R$ 4,85.

Em Nova York

Apesar de as questões locais terem tido um peso muito maior nas decisões de mercado nesta quarta-feira, o clima otimista em Nova York favoreceu os negócios na forma de uma grata surpresa. O S&P 500 subiu 1,11%, enquanto o Nasdaq avançou 1,59%.

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Lá fora, a expectativa era pelos números da Nvidia, divulgados assim que o mercado fechou. A companhia registrou um lucro – respire – 843% SUPERIOR ao do segundo trimestre do ano ano passado. Ela colocou no caixa US$ 6,2 bilhões no trimestre. Na comparação com o 1º tri, a alta foi de 203%. O faturamento dobrou e a margem bruta da companhia bateu 70%. 

Ao longo de todo o ano, a fabricante de chips tem sido uma espécie de colete salva-vidas para Wall Street em alguns momentos, principalmente para o setor de tecnologia. Isso porque a corrida pelo desenvolvimento cada vez maior de sistemas de inteligência artificial aumentam a demanda por componentes eletrônicos produzidos pela companhia.

Só neste ano, as ações da Nvidia já subiram quase 200%. O resultado do balanço será repercutido no próximo pregão, mas os papéis sobem 7% no after market em NY após a divulgação. 

GPA despenca quase 20% 

As ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) registraram uma forte queda de 19,31%, a R$ 6,56. Na mínima, a queda foi ainda maior, de 23%. Só que essa não foi uma queda de verdade. 

A razão do tombo é que o Pão de Açúcar passou a ser negociado sem uma parte nesta quarta-feira. A varejista colombiana Éxito deixou de fazer parte do GPA e passa a existir como uma empresa independente, uma operação aprovada pelos acionistas da companhia em fevereiro deste ano.

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A fatia que o Pão de Açúcar detinha na companhia (88% das ações) foi transferida para os seus acionistas e ganharam vida própria na bolsa… da Colômbia. Com isso, quem era dono de uma ação PCAR3 até a noite de ontem agora tem, além da PCAR, quatro recibos de ação (BDR) do Éxito para chamar de seu. 

Na prática, os analistas acreditam que a separação dos negócios permite uma “geração de valor” muito maior aos acionistas. Geração de valor, aqui, significa que os negócios seriam mais bem avaliados pelos investidores, e que as ações teriam potencial de alta. Isso por que, quando companhias têm muitos negócios, alguns deles ficaram “escondidos” nos resultados e o valor deles seria mal calculado pelo mercado. Se isso acontecerá ou não, é cedo para dizer. O fato é que a separação das empresas simplifica a organização societária do GPA, que é conhecido pelo seu organograma confuso. 

Por conta de ter se originado em uma cisão de uma ação pertencente ao Ibovespa, o BDR EXCO32 faz parte do índice, mas deve sair da carteira teórica na próxima atualização feita pela B3, em setembro. Hoje, a valorização do ativo foi de 21,72%. Ou seja: o acionista teve a “perda” do GPA compensada pelos novos ativos na carteira. 

O movimento é semelhante ao que aconteceu quando o GPA decidiu separar a operação do seu braço de atacarejo — o Assaí (ASAI3) —, em operação que aconteceu em março de 2021. 

MAIORES ALTAS

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Éxito (EXCO32): 21,72%

São Martinho (SMTO3): 7,64%

Eletrobras (ELET3): 7,31%

Eletrobras (ELET6): 5,91%

Petrobras (PETR3): 5,70%

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MAIORES BAIXAS

GPA (PCAR3): -19,31%

Via (VIIA3): -2,40%

BRF (BRFS3): -2,31%

Minerva (BEFF3): -2,14%

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Carrefour (CRFB3): -1,87%

Ibovespa: 1,70%, aos 118.134 pontos. 

Nova York:

Dow Jones: 0,54%, aos 34.472 pontos

S&P 500: 1,11%, aos 4.436 pontos

Nasdaq: 1,59%, aos 13.721 pontos

Dólar: 1,73%, a R$ 4,85

Petróleo

Brent: -0,97%, a US$ 83,21

WTI: -0,94%, a US$ 78,89

Minério de ferro: 3,68%, a US$ 112,03 por tonelada em Dalian

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