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Lucro da Ambev surpreende e ações sobem quase 10%

Faixa-bônus: após fechamento, Bolsonaro disse que a “Petrobras tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto como tem dado”.

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
Atualizado em 18 out 2024, 09h23 - Publicado em 28 out 2021, 18h02
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 (Tiago Araujo/Você S/A)
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O meme “O Brasil me obriga a beber” parece ser especialmente verdade nos últimos tempos. E quem se deu bem foi a Ambev, como mostraram os números divulgados pela empresa pela manhã que contrariaram todas as expectativas do mercado. 

A Ambev nunca vendeu tanta cerveja em um terceiro trimestre como neste ano – foram 23,5 milhões de hectolitros, um crescimento de 7,5%. O consenso dos analistas previa uma queda de 5%. Nisso, a empresa registrou lucro de R$ 3,712 bilhões no período, alta de impressionantes 57,4% em relação ao mesmo período de 2020.

Os números encantaram tanto o mercado que o Credit Suisse descreveu o cenário de uma forma bem poética: “Eles não sabiam que era impossível, então eles fizeram”. A Faria Lima respondeu, não com poesia, mas com números: alta de 9,72% nos papéis da Ambev, que lideraram o dia no Ibovespa.

A empresa disse que os saltos são resultado de uma “consistente estratégia comercial” e da recuperação da pandemia no Brasil, que levou bares e restaurantes a reabrirem. De fato, a Ambev conseguiu aproveitar a reabertura da economia sem deixar de lado o trunfo que a permitiu continuar funcionando mesmo durante os períodos de lockdown: o Zé Delivery, aplicativo de venda e entregas de cerveja da empresa, atendeu 15 milhões de pedidos no trimestre.

Mas não é só isso, como lembraram analistas do Bradesco BBI. A Ambev aumentou seus números enquanto a sua principal concorrente, a Heineken, diminuiu seu volume vendido em 10%. Acontece que a holandesa vem focando sua produção em marcas de cerveja mais premium, que levam mais tempo para serem produzidas, abrindo mercado para a Ambev, especialmente nas marcas mais populares. O Bradesco, inclusive, deu selinho de outperform (acima da média do mercado) para as ações da companhia.

Na divulgação dos resultados, Jean Jereissati, presidente da Ambev, disse estar confiante de que a companhia seguirá à frente das concorrentes na participação de mercado. Ele ressaltou que 20% da receita da empresa vem de produtos novos, ou seja, a inovação está em alta. 

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Ibovespa

Mas só mesmo a Ambev para se beneficiar de um cenário que nos obriga a beber. De resto, a Faria Lima não teve muitos motivos para comemorar. O Ibovespa operou marcado pela instabilidade, entre altas e baixas moderadas, e fechou em -0,62%.

Os investidores reagiram mal à alta de 1,5 ponto percentual da Selic, anunciada ontem à noite pelo Banco Central. Na reunião de dezembro, mais 1,5 ponto, o que faria a Selic terminar o ano em 9,25%. Tudo era mais ou menos esperado, mas de alguma forma foi considerado insuficiente para compensar o cenário fiscal incerto.  

Para piorar, a inflação continua a piorar: hoje, o IGP-M de outubro (a inflação do aluguel) subiu 0,64%, acima do teto das estimativas (0,61%) e revertendo a queda de setembro. Não só. A PEC dos Precatórios empacou na Câmara, após perder apoio do MDB. O lance é que ela é considerada crucial para fazer do Orçamento de 2022 algo menos parecido com uma peça de ficção. Também é dela que depende o pagamento do auxílio emergencial. Ou não. Aí chegamos na faixa-bônus caótica do dia.

Saideira macabra

Depois que a bolsa fecha, podemos desligar o computador e abrir uma cerveja, certo? Bem, nem sempre. Bolsonaro foi aconselhado a consultar o Tribunal de Contas da União sobre a possibilidade de prorrogar o auxílio emergencial e se haveria a necessidade de reeditar o decreto de calamidade pública, aquele usado no começo da pandemia.

O mercado viu como mais uma licença para gastar, e os juros futuros renovaram máximas. O dia já havia sido de alta, e o dólar fechou com ganho de 1,26%, a R$ 5,6253. O Ibovespa futuro despencou 2,5%, indicando que o dia de amanhã será mais uma vez difícil.

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Não só. Bolsonaro fez uma live expressa nesta quinta, também logo após o sino da B3 tocar, e afirmou que “ninguém entende o preço do combustível estar atrelado ao dólar” e que a “Petrobras tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto como tem dado”.

Nisso, as ações da estatal negociadas em Nova York passaram a cair mais de 5%. Pudera, um pronunciamento diametralmente oposto à ideia de privatizar a estatal. Já o preço ser atrelado ao dólar tem motivo, sim. A gente importa gasolina e diesel, afinal.

Em resumo, Bolsonaro contratou para amanhã mais um pregão no negativo. Chega a ser sofrido, ainda mais quando olhamos para as nossas amigas nos EUA. Por lá, as bolsas registraram altas e o S&P 500 renovou sua máxima histórica, a 58ª do ano. Inveja que fala?

Maiores altas

Ambev (ABEV3): 9,72%

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BRF (BRFS3): 6,56%

Multiplan (MULT3): 1,77%

Klabin (KLBN11): 1,37%

Suzano (SUZB3): 1,10%

Maiores baixas

Americanas (AMER3): -8,60%

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Lojas Americanas: (LAME4): -7,41%

Petrorio (PRIO3): -7,26%

Getnet (GETT11): -6,63%

Cyrela (CYRE3): -5,26%

Ibovespa: -0,62%, aos 105.704 pontos 

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Em Nova York

Dow Jones: 0,68%, aos 35.730 pontos

S&P 500: 0,98%, aos 4.596 pontos

Nasdaq: 1,39%, aos 15.448 pontos

Dólar: 1,26%, a R$ 5,6253

Petróleo

Brent: -0,25%, a US$ 83,66

WTI: 0,18%, a US$ 82,81

Minério de ferro: -6,02%, negociado a US$ 112,65 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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