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Lá vem ela, de novo: todos os olhos na inflação americana

O dado sai às 10h30, e deve ficar acima dos 7% pela primeira vez em quatro décadas. Se superar expectativas, pode pressionar o Fed para agir mais rápido.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 12 jan 2022, 08h09 - Publicado em 12 jan 2022, 08h08

Bom dia!

O mercado acordou morno nesta quarta-feira, com os contratos futuros dos principais índices apontando para uma leve alta enquanto investidores esperam pelo dado mais importante do dia (e talvez da semana): o número da inflação americana para o mês de dezembro. 

Não é de hoje que o aumento generalizado dos preços assusta por lá. Em novembro, a inflação subiu 0,8%, chegando aos 6,8% na comparação anual, o maior nível em quatro décadas. Agora, o mercado espera que ela desacelere no mês de dezembro e suba “só” 0,4%, o que já seria suficiente para colocar a taxa acima do 7% na comparação de 12 meses. Se vier acima disso, pode pressionar o Fed, banco central dos EUA, a ser ainda mais agressivo contra a inflação. 

Durante a pandemia, o Fed adotou uma política de incentivos à economia para compensar o alto desemprego, que chegou a superar os 14% no começo da crise. Manter os juros baixos e comprar títulos foram algumas das medidas que o Fed usou para garantir a torneira de dólares abertas, enquanto chamava a inflação de fenômeno transitório.

Pois bem, a pandemia pode até não ter acabado – pelo contrário, os EUA está batendo recorde de casos na onda de Ômicron –, mas os impactos econômicos dela já não são mais os mesmos. O desemprego, por exemplo, está só em 3,9%, indicando uma economia que já caminha com os próprios pés, sem precisar do empurrãozinho do Fed. E a inflação, por sua vez, se mostra um amargo efeito colateral nada transitório.

O Fed já reconheceu isso – e mudou o tom no final do ano passado, quando passou a afirmar que iria retirar os estímulos e começar a combater a inflação com força. Uma das medidas que o banco central já adiantou é a subida da “Selic americana” para conter a alta dos preços.

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O banco central americano já adiantou três subidas de 0,25 pontos percentuais cada, e o mercado aposta que a primeira aconteça já em março. Acontece que há quem acredite que só três não vão bastar: o Fed precisará ser ainda mais agressivo. É o que prevê o Goldman Sachs, por exemplo. Se o número de inflação de hoje vier acima do esperado, é possível que mais gente comece a prever o mesmo.

Mais: ontem, o presidente do Fed Jerome Powell acalmou o mercado e garantiu alta nas bolsas pelo mundo ao garantir que outra medida importante considerada pelo Fed, a redução de seu balanço de ativos, ainda vai demorar. Ou seja: adiou a abertura do ralo que drenará os dólares do mercado para o meio do ano, mais ou menos, mesmo que alguns dirigentes defendam que isso aconteça logo depois do início do aumento dos juros.

Se a inflação vier acima do esperado, talvez o Fed precise adiantar a abertura do ralo, porém. O dado sai às 10h30, e a reação a ele deve ditar o humor do mercado hoje. A ver.

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humorômetro: o dia começou sem tendência definida
(Arte/VOCÊ S/A)

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10h30 O Departamento do Trabalho dos EUA divulga o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) do mês de dezembro

market facts

Bitcoin e ações lado a lado

O desempenho das criptomoedas, anteriormente vistas como ativos de proteção por ter pouca correlação com o mercado tradicional de ações, está cada vez mais correlacionado com os índices acionários americanos, alertou o FMI nesta terça-feira. “Antes da pandemia, ativos como bitcoin e ether apresentavam pouca correlação com os principais índices de ações. Eles foram pensados para ajudar a diversificar o risco e atuar como uma proteção contra oscilações em outras classes de ativos. Mas isso mudou após as extraordinárias respostas à crise do banco central no início de 2020”, disse o órgão.

Antes de 2020, o coeficiente de correlação do bitcoin, a cripto mais popular, com o índice S&P 500 era de apenas 0,01 ponto. Depois da pandemia, saltou para 0,36 pontos.

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Por que a Ômicron na China é um problema global

A China está enfrentando uma nova onda de infecções por Covid-19. Não é a primeira nos últimos dois anos – mas os surtos anteriores haviam sido controlados pela política de “Covid zero” do país, que incluem testagem em massa e lockdowns severos. A nova variante super transmissível, porém, está se mostrando mais difícil de conter. E isso é uma má notícia para o mundo, já que pode levar a escassez de alguns produtos com as fábricas fechando. Entenda essa história neste texto da Bloomberg (em inglês)

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