Investidores esperam pelo Fed – e depois estarão prontos para o fim do ano
Impaciência deve marcar o pregão até lá, com alta volatilidade dos mercados.
Bom dia!
Não sabemos, caros leitores, quantos anos vocês têm exatamente, mas vamos abusar da memória para falar de Sonic, o ouriço azul dos videogames da Sega. Ele corria como ninguém, mas ficava deveras impaciente, batendo pezinho, ao menor sinal de que o jogador tivesse soltado o controle por alguns instantes.
(Caso você não tenha a referência, deixamos um gif aqui para ajudar)
Pois esse é exatamente o estado de espírito de investidores do mundo todo nesta quarta e vai ser assim até as 16h, quando o Fed finalmente divulgará sua decisão sobre a política monetária dos EUA. Recapitulando: o mercado espera que o ritmo de retirada de estímulos dobre. Em vez de injetar US$ 15 bilhões a menos todo mês, seriam US$ 30 bilhões a menos. Há também uma expectativa de antecipação do calendário até o começo da subida dos juros por lá.
Uma marca dessa espera impaciente está estampada nos mercados futuros americanos. O S&P 500 está perto da estabilidade, o Dow Jones subia, enquanto o Nasdaq tinha mais uma queda. E não dá para contar com isso para saber como o dia vai correr até as 16h. De resto, Europa vai sendo negociada no positivo – a exceção de Londres, assustada com a maior alta da inflação em uma década.
Por aqui, o susto maior deve vir no câmbio, isso depois de o dólar ter roçado os R$ 5,70 no pregão de ontem. Com a perspectiva de menos dinheiro correndo no mundo, investidores podem continuar sacando dinheiro do Brasil para levá-lo de volta aos EUA. Isso sem falar no tradicional movimento de final de ano, que eleva a demanda de empresas por verdinhas para envio ao exterior.
Dito isso, existem sinais positivos – ainda que pontuais – para o Brasil. Agora cedinho, o Ministério da Agricultura afirmou à CNN que China liberou a importação de carne bovina brasileira. As compras estavam suspensas desde setembro, quando o governo detectou um caso atípico (não contagioso) de mal da vaca louca. O embargo foi autoimposto pelo Brasil, e a expectativa era de que durasse dias, não meses (alô, diplomacia). Bem, ontem os frigoríficos já haviam liderado as altas do Ibovespa e não havia uma razão clara. Agora deu para entender.
É isso. Boa quarta e boa espera. 🙂
Futuros S&P 500: 0,01%
Futuros Nasdaq: -0,21%
Futuros Dow: 0,12%
*às 8h04
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,55%
Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,34%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,35%
Bolsa de Paris (CAC): 0,68%
*às 8h03
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,87%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,10%
Hong Kong (Hang Seng): -0,91%
Brent: -0,81%, a US$ 73,10*
Minério de ferro: -0,80%, a US$ 111,00, no porto de Qingdao na China
*às 8h04
Hoje – A Câmara retoma a votação em segundo turno dos destaques da PEC dos Precatórios que ainda não foram promulgados.
9h – O Banco Central divulga o IBC-Br de outubro. A expectativa do mercado é de um recuo de 0,4% na atividade econômica.
10h30 – EUA divulgam os números das vendas no varejo em novembro.
16h – O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes devem participar de evento na Fiesp.
16h – O Fed anuncia sua decisão sobre a política monetária.
16h30 – O presidente do Fed, Jerome Powell, fala sobre a decisão do banco central em entrevista coletiva.
Recuperação do turismo
Outubro foi o mês, digamos, menos pior para o setor de turismo desde o começo da pandemia. Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), a perda foi de “apenas” R$ 11,2 bilhões. O apenas é porque, no acumulado da pandemia, de março de 2020 até agora, o rombo soma R$ 453 bilhões. A expectativa era de que a sangria fosse ser estancada em maio do ano que vem. Só que aí apareceu a Ômicron, e estados e municípios começaram a cancelar festas de Ano-Novo e Carnaval, reduzindo novamente o potencial de crescimento do setor. Agora, a CNC espera que a recuperação total venha apenas no segundo semestre de 2022.
Forcinha para o Dogecoin
Outra vez, Elon Musk resolveu atacar de trader e tuiteiro e alavancou uma das suas criptomoedas favoritas: a Dogecoin. Desta vez, o dono da Tesla disse que a empresa vai aceitar a cripto como forma de pagamento na compra de produtos de merchandising. A marca de Musk tem um e-commerce para a venda de acessórios para os veículos, miniaturas deles e até roupas, com preços a partir de US$ 50.
Ele arrematou os tuítes da terça-feira com um “vamos ver no que vai dar”. Deu em uma subida no preço da moeda, que começou o dia valendo em torno de US$ 0,16 e chegou a bater nos US$ 0,22 (valorização de 37,5%). Mas foi fogo de palha, e agora ela já orbita a casa dos US$ 0,18. E, mesmo com o empurrãozinho, a Dogecoin ficou longe da valorização máxima, de US$ 0,74, atingida em maio deste ano.
Por falar em Musk, ele vendeu mais 934 mil ações da Tesla no começo dessa semana, arrecadando um total de US$ 907 milhões, de acordo com arquivo enviado à SEC, a CMV americana. Musk começou a se desfazer das ações após perguntar em uma enquete, no Twitter, se ele deveria reduzir em 10% sua participação na montadora – a maioria respondeu que sim.
Se ele realmente quiser bater a marca, ainda precisará vender mais 7,9 milhões de papéis. Até agora, ele colocou no bolso US$ 11,7 bi. Claro que não foi apenas por causa da enquete. O bilionário precisava pagar bilhões em impostos para exercer a opção de compra de ações (uma espécie de programa de bônus bastante comum nos EUA). Daí a liquidação.
Transição de carreira
Aquela ideia de carreira linear, na qual você se forma, arruma um emprego numa grande companhia, trabalha na área a vida inteira e depois se aposenta já não faz mais parte da realidade. O mercado de trabalho está cheio de profissionais que não atuam no que se formaram. E metade dos brasileiros quer mudar de área. Na edição de dezembro da Você S/A, a gente mostra como se preparar para esse movimento. Aqui.