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Investidores caem na real e dólar escala 1,94%, a R$ 5,279

Dirigente do Fed avisa que inflação não começou a baixar – vem mais juro por aí. Isso enquanto os EUA pegam um avião para provocar a China. Como foi que a Vale conseguiu subir nesse caos? Eis um mistério para a Faria Lima.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 2 ago 2022, 17h38 - Publicado em 2 ago 2022, 17h32

Honestamente? O dia começou com o pé esquerdo. Pela manhã, o mundo tentava rastrear onde exatamente estava o avião de Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA. Ela cruzou o oceano para pousar em Taiwan, comprando uma briga com o governo chinês. 

O objetivo da viagem era esse mesmo: comprar briga. Mas no universo das relações diplomáticas chama-se dar apoio à democracia no país. Taiwan declarou independência da China, mas nunca teve o status reconhecido – nem pelo gigante asiático, que dirá pelo resto do mundo. Desde 1997 ninguém com o cargo de Pelosi pisava pelas bandas de lá.

Nada contra defender a democracia. É só uma questão de timing, mesmo. O mundo já tá lidando com os efeitos econômicos da guerra na Ucrânia – se você acabou de chegar de Marte, é a alta da inflação. Mas talvez a disparada do preço do petróleo tenha deixado a passagem de foguete mais cara neste ano e até isso você saiba.

Enfim. O lance é que esse “tudo caro” tem feito o Fed (o BC dos EUA) subir os juros nos Estados Unidos de um jeito que não se via desde que as pessoas tinham Walkman. Na semana passada, Powell e sua turma elevaram a Selic americana em mais 0,75 ponto percentual, e agora ela está numa banda de até 2,50%.

O comunicado e a entrevista a jornalistas não tão contundentes deixaram os investidores otimistas que viria uma trégua nas próximas reuniões – talvez um aumento de “apenas” 0,50 p.p. para suavizar a paulada de 1,5 p.p. em duas reuniões.

Doce ilusão. 

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A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que a “inflação não esfriou” e que não há dúvida de que subir juros é o que precisa ser feito agora. Resultado. O mercado financeiro virou a chave do modo easy going para o susto.

Nos EUA, o S&P 500 tinha tentado ignorar Pelosi na Ásia e ensaiou alta. Virou a chave para o vermelho depois da fala de Loretta. Mas o termômetro de verdade foi o dólar, que começou a subir no mundo todo. 

O Brasil não escapou: a moeda saltou 1,94%, a R4 5,279. No pior momento do dia, chegou a ultrapassar os R$ 5,28. 

Universo paralelo

Ok, depois da fala da presidente do Fed de Cleveland, o Ibovespa até deu uma engasgada. A bolsa brasileira corria solta uma festa que começou sem motivo aparente, mas capitaneada por Vale e Petrobras.

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O minério de ferro teve um dia meia boca, altinha de 0,50% mais ou menos. Já a Vale ganhou mais de 3% e puxou as colegas mineradoras e siderúrgicas junto. O petróleo subiu também 0,50%, só o suficiente para terminar o dia acima dos US$ 100 o barril. A PETR4 entregou ganho mais modesto – 0,17%.

Das 90 ações do Ibovespa, 60 fecharam o dia no azul. Bonito de ver. Motivos? Não muitos. O que importa é que a bolsa colocou mais 1,11% de alta na conta de vai firmando um espacinho acima dos 100 mil pontos, lá nos 103.362 pontos.

Por hoje é só, pessoal. Até amanhã.

Maiores altas

Locaweb (LWSA3) 8,58%

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Hapvida (HAPV3) 5,07%

IRB (IRBR3) 3,65%

Gerdau (GGBR4) 3,51%

Vale (VALE3) 3,17%

Maiores baixas

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Via (VIIA3) -3,69%

Cyrela (CYRE3) -3,09%

Eztec (EZTC3) -2,80%

Azul (AZUL4) -2,54%

Yduqs (YDUQ3) -2,08%

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Ibovespa: 1,11%, a 103.362 pontos

Nova York

Dow Jones: -1,22%, a 32.397 pontos

S&P 500: -0,66%, a 4.091 pontos

Nasdaq: -0,16%, a 12.349 pontos

Dólar: 1,94%, a R$ 5,2792

Petróleo

Brent: 0,51%, a US$ 100,54

WTI: 0,56%, a US$ 94,42

Minério de ferro:  0,26%, a US$ 114,75 por tonelada em Singapura

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