Investidor faz as pazes com alta de juros nos EUA
Subida de juro tende a machucar bolsas. Mas a necessidade de conter a inflação pesa mais.
Deu medo, mas passou rápido. O presidente do Fed (o Banco Central americano), Jerome Powell, afirmou ontem que os juros dos EUA podem subir em ritmo mais acelerado, se necessário, levando a um mergulho nas bolsas americanas, que já não vinham em um dia muito bom.
Agora, investidores apostam que em maio o juro poderá subir coisa de 0,50 ponto percentual, e não 0,25 p.p., como foi sinalizado há menos de uma semana pelos membros do Fed.
De longe, parece uma mudança de direção. De perto, está dentro do esperado, já que o foco agora é trazer a inflação dos EUA, que está em 7,9%, para baixo. É como se a alta de 0,25 ponto da semana passada fosse um ensaio antes de o Fed mexer de fato seus pauzinhos para cumprir com o combinado. Afinal, trata-se da maior inflação dos EUA em 40 anos. Não há muita dúvida no mercado financeiro de que é necessário apertar os juros para conter a alta de preços.
Juro alto tende a pesar sobre a bolsa, porque sobra menos dinheiro para apostar em investimentos arriscados. Empresas também tendem a ser menos rentáveis. Por outro lado, inflação alta também prejudica os negócios, daí a necessidade de contê-la.
Passado o susto inicial com Powell, investidores acordaram menos ressabiados. Os futuros americanos estão de volta ao positivo, assim como os principais índices europeus.
Continuar assim dependerá do petróleo. O barril do tipo Brent disparou acima de US$ 115 ontem, mas passou a madrugada no negativo. Era um sinal de alívio. Mas conforme o sol começa a raiar, a queda foi zerada. Mais um desafio os esforços globais de domar a inflação mundo afora. É o que tem para hoje. Bom pregão.
Futuros S&P 500: 0,37%
Futuros Nasdaq: 0,35%
Futuros Dow: 0,48%
*às 7h43
Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,80%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,52%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,89%
Bolsa de Paris (CAC): 0,63%
*às 7h42
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,08%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): 1,48%
Hong Kong (Hang Seng): 3,15%
Brent: 0,03%, a US$ 115,66*
*às 7h40
12h – Diretora do FMI, Kristalina Georgieva concede entrevista sobre os impactos da Guerra na Ucrânia.
14h30 – Ministério da Economia divulga relatório de receitas e despesas do 1º bimestre. O secretário do tesouro, Esteves Colnago, concede entrevista na sequência.
Alívio na mesa e nos postos
Com um olho na inflação e outro na reeleição, o governo zerou as alíquotas para importação do etanol e outros sete produtos da cesta básica – café, margarina, queijo, macarrão, açúcar e óleo de soja. A medida vale, inicialmente, até o fim deste ano e custará R$ 1 bilhão para os cofres públicos. Com isso, o Ministério da Economia espera aliviar a pressão no preço dos itens que compõem a mesa dos brasileiros e reduzir em até R$ 0,20 o valor da gasolina nas bombas. É que cada litro do combustível é composto por 25% de etanol.
O drama dos IPOs
Mais três empresas resolveram engrossar o coro de cancelamentos e adiamentos de IPO na Bolsa de Valores, segundo o Valor Econômico. A holding de transações eletrônicas BMRV, a construtora JFL e a rede de academias Self It se juntam a uma lista de outras 18 empresas que colocaram o plano de venda de ações de volta na gaveta. A expectativa é que as companhias retomem seus processos para abertura de capital em 2023 – a depender, claro, das eleições, taxa de juros, guerra e por aí vai. Atualmente, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), há apenas seis pedidos de IPO em análise. Todos eles parados.
Os castigos funcionam?
A utilização de sanções para punir ou coagir governos a seguirem determinadas medidas acontece desde a Grécia antiga. Mas se intensificou a partir de 1950, segundo um levantamento da universidade americana Drexel. Esse mesmo estudo mostrou que apenas um terço das sanções têm sucesso, ou seja, faz a nação castigada se dobrar às determinações do seu algoz. Leia na BBC News Brasil.
Quando a demanda encontra a oferta
Muitos países europeus estão vendo um ponto positivo, a despeito de tantos negativos, na crise migratória provocada pela invasão russa à Ucrânia. É que quem fugiu da guerra precisa de trabalho e a maioria das nações da Europa, de trabalhadores. Além das facilidades para permanência, muitos países estão criando estratégias para reter a mão de obra ucraniana. A França e a Lituânia, por exemplo, facilitaram o ingresso de crianças em creches para que mulheres com filhos possam trabalhar. Enquanto isso, Portugal oferece cursos de língua portuguesa aos refugiados. Leia no The New York Times.
Após o fechamento do mercado, saem os balanços de Copel, Even, Petrorecôncavo, Positivo e Vibra.