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Inflação dá trégua e Ibovespa samba com salto de 4,29%

IPCA de março abaixo das expectativas abre alas para corte na Selic. Inflação em 12 meses fica abaixo do teto da meta do BC, em 4,65%. Das 88 ações do Ibovespa, 86 fecharam no verde. GOLL4, AZUL4, MGLU3 e HAPV3 têm altas de dois dígitos.

Por Júlia Moura, Alexandre Versignassi
Atualizado em 11 abr 2023, 18h02 - Publicado em 11 abr 2023, 18h02

A agradável surpresa de uma inflação abaixo da expectativa em março fez a Faria Lima festejar como há tempos não fazia. Ao som de um IPCA mais harmônico, o Ibovespa fechou em alta de 4,29%, aos 106.214 pontos, maior patamar desde 8 de março e maior alta percentual desde o resultado do primeiro turno das eleições no ano passado, quando tinha saltado 5,5%.

Pela manhã, o IBGE divulgou que o principal índice inflacionário do país subiu 0,71% no mês passado, ante expectativa de 0,77%. 

Esta é a menor alta para um mês de março desde 2020, quando o início da pandemia parou o país, E, também, uma boa freada em relação aos 0,84% de fevereiro. Na comparação anual, a alta foi de 4,65%, bem abaixo dos 5,60% contabilizados até então. 

Não menos importante: é a primeira vez desde fevereiro de 2021 que a inflação em 12 meses fica abaixo do teto da meta do Banco Central – o alvo do BC para 2023 é de 3,25%, com margem de 1,50 p.p. para cima ou para baixo. 

Ou seja: teto da meta 4,75% X 4,65% inflação atual.    

Melhor ainda: a inflação de março veio basicamente por conta da alta nos preços da gasolina e da conta de luz, dado o aumento de impostos. A reoneração dos combustíveis levou o item transportes a ficar 2,11% mais caro – o maior impacto para a inflação mensal.

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As altas nos preços dos demais passaram por uma freada considerável, muito por conta do fim da época de reajustes – caso de saúde (de 1,26% para 0,82% ) e educação (de 6,28% para 0,10%). O item alimentação e bebidas, que já foi o vilão do IPCA, praticamente zerou: saiu de uma alta de 0,16% em fevereiro para 0,05% em março. 

Após a publicação do IPCA, Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, disse que o arcabouço fiscal permite uma queda da Selic ainda entre julho e agosto, levando a taxa para 10,5% ao fim deste ano, versus os atuais 13,75%.

O Itaú, apesar de ver um processo de desaceleração na inflação, manteve sua expectativa para o IPCA em nada otimistas 6,1%.

A percepção do mercado, de qualquer forma, é de que essa inflação mais suave abre alas para uma Selic mais baixa. E isso impulsiona ativos de renda variável: os investidores correm para comprar ações mesmo com o juro ainda em 13,75%, pois quem compra primeiro leva a preços mais baixos quando (e se) a taxa básica baixar. Aí a bolsa sobe com força. 

E o dólar cai, já que as expectativas para a economia como um todo melhoram. O dólar chegou a ser negociado abaixo de R$ 5,00 durante esta terça. E fechou em queda de 1,16%, a R$ 5,00 cravados, menor preço desde junho de 2022.

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Os juros futuros também recuaram, levando o juro título do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 a cair de 5,90% ontem para 5,81%.

O dia foi tão bom para os ativos de risco que apenas duas das 88 ações que compõem o Ibovespa terminaram no vermelho: Minerva (-1,29%) e Taesa (-0,03%).

E as maiores altas foram justamente de companhias que têm apanhado feio nos últimos 12 meses: Gol, Azul, Magalu, Hapvida, CVC. Todas tiveram altas de dois dígitos hoje (veja abaixo). Cogna (11,30%) e Yduqs (10,06%) completaram o clube das altas acima de 10%. 

China e EUA

A inflação da China também veio abaixo do esperado. Neste caso, não é necessariamente bom, já que indica cansaço da economia chinesa. Mas abre espaço para estímulos econômicos do governo. A esperança de um empurrão de Pequim fez o minério e o petróleo fecharem em alta, colaborando com a alegria da Faria Lima.

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A festa pode se estender até amanhã se o CPI (IPCA americano) de março der fôlego aos investidores. A expectativa é que o índice desacelere de 0,4% em fevereiro para 0,2%. Se for isso mesmo, o dado anual deve ir de 6% para 5,2%. Ainda está longe da meta do Fed (de 2%). Mesmo assim, uma freada da inflação por lá pode frear o ciclo de alta nos juros americanos, hoje em 5%.

Amanhã também vem a ata da última reunião de política monetária do Fed, quando ele aumentou os juros em 0,25 ponto percentual mesmo com a crise bancária, dada a resiliência do mercado de trabalho por lá. O documento deve dar uma ideia melhor do que deve vir do BC americano nos próximos meses.

O caminho para BCs mais dovish parece aberto, resta pavimentar. 

Até amanhã!

MAIORES ALTAS

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Gol (GOLL4): 17,13%

Azul (AZUL4): 13,81%

Magazine Luiza (MGLU3): 12,84%

Hapvida (HAPV3): 12,77%

CVC (CVCB3): 11,62%

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MAIORES BAIXAS

Minerva (BEEF3): -1,29%

Taesa (TAEE11): -0,03%

Ibovespa: 4,29%, aos 106.214 pontos 

Em Nova York

S&P 500: estável, aos 4.109 pontos

Nasdaq: -0,43%, aos 12.032 pontos

Dow Jones: 0,29%, aos 33.685 pontos

Dólar: -1,16%, a R$ 5,00

Petróleo

Brent: 1,07%, a US$ 85,61

WTI: 2,24%, a US$ 81,53

Minério de ferro: 2,05%, negociado a US$ 121,07 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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