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Inflação americana volta a surpreender, e Ibovespa vai ao menor patamar no ano

Medo da recessão nos EUA aumenta enquanto investidores esperam que Fed deverá agir ainda mais rápido no ciclo de aumento dos juros.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 13 jul 2022, 17h58 - Publicado em 13 jul 2022, 17h46

Contrariando as expectativas dos mais otimistas, que acreditavam que o aumento dos preços nos EUA havia chegado ao seu pico, a inflação americana continuou disparando em junho: alta de 1,3% no mês. No acumulado de 12 meses, o dado chegou aos 9,1%, contra 8,6% registrado em maio. É o maior patamar do índice desde 1981.

Apesar da inflação estar alta já há um bom tempo, o novo aumento voltou a surpreender (negativamente) o mercado – esperava-se um aumento mensal de 1,1%, e, ano ano, uma inflação de 8,8%. O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, também surpreendeu: 5,9% na base anual, contra os esperados 5,7%.

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O Fed, banco central americano, está numa batalha feroz contra a inflação há alguns meses. Mas os resultados ainda não estão aparecendo. Para a próxima reunião, já estava mais do que certo que um aumento robusto, de 0,75 pontos percentuais, viria na taxa de juros americana. Mas, agora, a aposta majoritária é que a decisão terá que ser ainda mais radical: um possível aumento de 1 ponto percentual inteiro na “Selic” deles.

Raphael Bostic, dirigente do Fed de Atlanta (o banco central americano é formado por várias unidades regionais), confirmou hoje que essa opção está na mesa: “Tudo é possível”.

Coincidentemente, no vizinho Canadá, o banco central canadense surpreendeu ao aumentar hoje os seus juros em 1%, maior salto na taxa desde 1998, citando justamente a inflação alta e persistente também por lá.

O problema é que aumento de juros esfriam a economia, e os riscos dos Estados Unidos entrarem em recessão são cada vez maiores à medida que o Fed fica mais radical para lutar contra a inflação. Pior ainda é a percepção que não há garantias que o aumento dos preços será domado somente via aumento de juros, já que parte do problema é de demanda – a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China levaram a novas disrupções na cadeia produtiva mundial, e, por consequência, a escassez de produtos e combustíveis mais caros.

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Os dados já começam a apontar para essa possibilidade. Além do CPI, o Fed também divulgou hoje o Livro Bege, um relatório sobre as condições econômicas no país e as previsões dos dirigentes distritais do Fed para o futuro próximo. O documento veio marcado por uma linguagem bastante pessimista, citando que o mercado já sente uma queda expressiva na demanda, mas com os preços ainda em trajetória de alta. São as condições de uma estagflação – quando a economia não cresce, mas a inflação continua subindo. Esse risco parece cada vez mais realista para a economia americana.

As bolsas nos EUA passaram por um dia bastante volátil após a inflação surpreendente, mas o pessimismo se firmou mesmo depois da divulgação do Livro Bege e elas fecharam em quedas moderadas.

Por aqui, o Ibovespa também engatou uma montanha-russa enquanto acompanhava a votação da PEC Kamikaze na Câmara, mas o pessimismo americano acabou falando mais alto e o índice perdeu os 98 mil pontos, indo ao seu menor patamar em 2022. Do outro lado, dos ganhos, a Ambev se destacou com uma alta de 5,66% após o JPMorgan elevar sua recomendação para os papéis da empresa  de neutra para comprar. Segundo o banco americano, a queda no preço das commodities é uma boa notícia para a companhia de bebidas.

Até amanhã.

Maiores altas

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Ambev (ABEV3): 5,66%

Carrefour (CRFB3): 3,29%

Natura (NTCO3): 2,93%

BRF (BRFS3): 2,72%

Vibra (VBBR3): 2,70%

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Maiores baixas

3R Petroleum (RRRP3): -5,55%

Qualicorp (QUAL3): -4,40%

Rede D’Or (RDOR3): -4,31%

Sul América (SULA11): -3,56%

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Magazine Luiza (MGLU3): -3,41%

Ibovespa: – 0,40%, aos 97.881 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,45%, aos 3,801 pontos

Nasdaq: -0,15%, aos 11.247 pontos

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Dow Jones: -0,68%, aos 30.771 pontos

Dólar: -0,61%, a R$ 5,4058

Petróleo

Brent: 0,08%, a US$ 99,57

WTI: 0,48%, a US$ 96,30

Minério de ferro: 1,38%, negociado a US$ 110,00 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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