Continua após publicidade

‘Incerteza excepcional’ sobre economia mantém bolsas em baixa

Banco Mundial rebaixou previsão de crescimento global neste ano. E pediu alta de juros para conter a inflação.

Por Juliana Américo, Tássia Kastner
19 abr 2022, 08h24

Incerteza excepcional. Foi assim que o Banco Mundial definiu o cenário econômico global, um caldeirão de inflação acelerada, guerra e covid. Ontem, o órgão reduziu a previsão de crescimento da economia do planeta para 2022 em quase um ponto percentual, de 4,1% para 3,2%. 

O presidente da instituição, David Malpass, disse que o banco está preparando um pacote de ajuda financeira de US$ 170 bilhões para países em desenvolvimento que estão sofrendo com o aumento de preços da energia, fertilizantes e alimentos (o combo inflacionário da vez). Ele também incentivou os bancos centrais a usarem todas as ferramentas possíveis para controlar a inflação. 

O problema é que justamente as ferramentas de controle de inflação podem jogar o mundo em recessão, já que o jeito de controlar a alta de preços é reduzir o consumo. 

De qualquer maneira, os juros já estão subindo. Nos EUA, o mercado financeiro espera que a taxa suba 0,50 ponto percentual em maio. Os membros do Fed (o BC americano) indicaram que os juros terminariam 2022 em 1,9%. Isso é o que foi dito no mês passado. Agora, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, diz que será preciso mais, e defendeu que as taxas deveriam subir para 3,5% até o fim do ano. 

Esses juros em alta têm forçado uma migração de recursos para investimentos mais seguros. A incerteza excepcional contribui com o movimento. Nesta terça, o dia começa mais uma vez no negativo para as bolsas americanas. Os futuros de Nasdaq caem -0,14% e S&P 500 tenta a estabilidade: -0,07%. 

O mercado europeu também opera no vermelho de olho nos desdobramentos da guerra na Ucrânia. Ontem, o presidente Volodymyr Zelensky anunciou que a Rússia está bombardeando a região de Donbass, território controlado por separatistas pró-Kremlin.

Continua após a publicidade

Já na China, o banco central anunciou apoio financeiro para os setores atingidos pelo novo surto de Covid no país e pediu que os bancos e instituições financeiras intensifiquem a concessão de empréstimos. As bolsas asiáticas subiram com a novidade. A exceção foi a Hang Seng, de Hong Kong, que desabou mais de 2%. As ações de tecnologia caíram depois que o governo chinês proibiu, na sexta-feira, a transmissão de videogames não autorizados. Plataformas de streaming, como a Bilibili e Kuaishou afundaram 11% e 5,5%, respectivamente.

Bom dia. 

Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,07%

Futuros Nasdaq: -0,14%

Continua após a publicidade

Futuros Dow: -0,01%

*às 8h10 

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,06%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,37%

Continua após a publicidade

Bolsa de Frankfurt (Dax): -0,87%

Bolsa de Paris (CAC): -0,98%

*às 7h55

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,76%

Continua após a publicidade

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,69%

Hong Kong (Hang Seng): -2,28%

Commodities

Brent: -1,21%, a US$ 111,79

Minério de ferro: -2,56%, US$ 150,90 em Cingapura

Continua após a publicidade

*às 7h55

Agenda

Paulo Guedes e Roberto Campos Neto participam de reuniões em Washington, onde acontecem os eventos do FMI, do Banco Mundial e do G20.

market facts

IRB Brasil

A SEC, a comissão de valores mobiliários americana, abriu um processo contra Fernando Passos, ex-vice-presidente de finanças e relações com investidores da resseguradora IRB Brasil. O executivo está sendo acusado de mentir e apresentar documentos falsos sobre um suposto investimento da gestora Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffet, na companhia brasileira. As ações da empresa chegaram a subir  6% após história falsa, divulgada em 26 de fevereiro de 2020. Dois dias depois, a Berkshire negou o investimento e os papéis da IRB afundaram mais de 40% – e nunca se recuperaram. 

Bancos

Os quatro bancões brasileiros com ações na bolsa estão no top 10 de bancos mais rentáveis do mundo, de acordo com a Economatica. São, na ordem: o Santander Brasil (3º lugar), Itaú (5º lugar), Banco do Brasil  (7º lugar) e Bradesco (8º lugar). Na primeira posição ficou o banco americano Capital One.

Vale a pena ler:

Uni duni tê

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, há quase dois meses, os EUA e a União Europeia decidiram impor sanções a alguns dos maiores oligarcas russos. No entanto, o congelamento de ativos e proibição de transações foram um tanto seletas: nomes como Vladimir Potanin (magnata do níquel), Alexei Mordashov (proprietário da siderúrgica OAO Severstal) e Mikhail Fridman e Petr Aven (co-fundadores do Alfa-Bank) continuam livres para negociar com o Ocidente. E mesmo aqueles que sofreram sanções não foram tão afetados assim. Roman Abramovich, por exemplo, está bloqueado no Reino Unido e Europa, mas não em território americano. O motivo para essas sanções não tão rigorosas está na economia: os líderes mundiais querem manter a estabilidade do mercado e não piorar o rali das commodities. Leia aqui.

Compartilhe essa matéria via:

 

Publicidade