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Ibovespa tomba 1,29% com escalada nos Treasuries; dólar vai a R$ 5,06

Cresce o temor do mercado com novas altas de juros nos EUA. E só as big techs escaparam do mau humor causado pela alta nos rendimentos dos títulos americanos nesta segunda-feira.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 2 out 2023, 17h57 - Publicado em 2 out 2023, 17h46

Déjà-vu? Na semana passada, a curva de juros americana já havia pautado o noticiário econômico. O rendimento dos Treasuries (títulos públicos americanos) com vencimento de 10 anos havia atingido 4,55% – um patamar só visto antes em 2007. Outubro chegou, e a escalada continua: os rendimentos desse título atingiram os 4,70% na máximas do pregão desta segunda-feira, gerando um mau humor que se espalhou para todo o mercado.

A razão para a escalada dos rendimentos dos Treasuries é a percepção, cada vez mais enraizada no mercado, de que o Fed vai manter as taxas de juros nos EUA mais altas por mais tempo, com a possibilidade inclusive de novas altas ainda este ano. Um quarto dos investidores vê a possibilidade de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa já na próxima reunião do Fom, em novembro; quase 40% apostam nessa alta na reunião de dezembro.

Não é puro achismo. Seja em documentos oficiais ou seja por meio de falas de seus dirigentes, o próprio Fed tem deixado claro sua postura hawkish, ou seja, a escolha de manter os juros altos para liquidar de vez a inflação – mesmo que isso tenha consequências negativas para a economia americana. Hoje, foi  a vez de Michelle Bowman, uma das diretoras do Fed, de lembrar o mercado disso. Em fala em um evento público, ela disse que serão precisas “múltiplas altas de juros” (no plural mesmo) para combater a inflação.

Mais cedo, um dado de atividade os EUA mostraram que a economia americana segue aquecida, apesar dos juros altos. O PMI industrial de agosto, uma métrica que mede a força do setor, veio acima do esperado:  49,8, contra os 48,9 previstos. Esse dado é calculado de uma maneira diferente: números acima de 50 indicam expansão da atividade; abaixo, retração. No caso, então, a indústria americana retraiu menos que o esperado no mês.

Uma economia mais forte e resiliente do que a esperada, paradoxalmente, causa mais medo nos investidores porque indica que o Fed tem mais folga para pode apertar ainda mais o acelerador dos juros sem necessariamente causar uma recessão caótica.

Na bolsa, o mau humor foi mais forte pela manhã, mas se aliviou na reta final do pregão. O Dow Jones caiu 0,22%; o S&P 500 terminou no zero a zero (0,01%), enquanto o Nasdaq ignorou a amargura e fechou em alta de 0,67%. Cortesia, principalmente, das big techs e de empresas de tecnologia, que tiveram um bom dia: Apple (1,48%), Amazon (1,84%) e Nvidia (2,95%).

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Ibovespa

Por aqui, num dia de agenda esvaziada, o azedume americano pegou com força. O real não conseguiu escapar do avanço do dólar diante as divisas do mundo todo, e a moeda americana fechou o dia em a R$ 5,0667, alta de 0,79%.

Já o Ibovespa tombou fortes 1,29%, se segurando por pouco nos 115 mil pontos. Poucas ações – 15, de 86 – se salvaram. Os juros futuros domésticos reagiram aos seus primos americanos também em forte alta.

Por aqui, investidores também ficaram de olho em novos dados sobre o mercado de trabalho. Em agosto, o Brasil criou 220.844 vagas, segundo o Caged (Ministério do Trabalho). A abertura de postos com carteira assinada veio acima dos 173 mil esperados. Mesmo assim, teve pouca repercussão na bolsa.

E outubro começou assim: no vermelho.

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Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

Fleury (FLRY3): 3,37%

BB Seguridade (BBSE3): 2,34%

BRF (BRFS3): 2,06%

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Minerva (BEEF3): 1,73%

Telefônica (VIVT3): 1,25%

MAIORES BAIXAS

Vamos (VAMO3): -8,41%

MRV (MRVE3): -6,56%

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Azul (AZUL4): -6,15%

IRB (IRBR3): -5,30%

Magazine Luiza (MGLU3): -5,19%

Ibovespa: -1,29%, aos 115.056 pontos

Em Nova York

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S&P 500: 0,01%, aos 4.288 pontos

Nasdaq: 0,67%, aos 13.307 pontos

Dow Jones: -0,22%, aos 33.433 pontos

Dólar: 0,79%, a R$ 5,0667

Petróleo

Brent: -1,62%, a US$ 90,71

WTI: -2,17%, a US$ 88,82

Minério de ferro: feriado na China, sem referência

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