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Ibovespa sofre com PEC dos precatórios, mas tem notícias boas para se agarrar

Investidores acompanham mercado de trabalho americano e leilão do 5G.

Por Tássia Kastner, Bruno Carbinatto
Atualizado em 5 nov 2021, 08h34 - Publicado em 5 nov 2021, 08h30

Bom dia!

Investidores acordaram de bom humor lá nos Estados Unidos, confiantes de que o mercado de trabalho do país voltou a ganhar força em outubro. Economistas consultados pelo The Wall Street Journal esperam que a economia americana tenha gerado 450 mil postos de trabalho, isso depois da desaceleração brutal no mês de setembro, o pico da terceira onda de Covid por lá. 

Os dados saem às 9h30 e são cruciais nas apostas do mercado financeiro sobre quando o Fed (o Banco Central dos EUA) começará a elevar os juros americanos, ao redor de zero desde março do ano passado. É que o BC americano tem duas missões: controlar a inflação e garantir o pleno emprego – algo que ainda parece distante para os membros do Fed, segundo disse Jerome Powell nesta semana.

A taxa de desemprego até cai, mas de forma muito desequilibrada, com setores ainda afetados pela pandemia. Powell e sua turma não querem deixar ninguém para trás.

Para o Brasil, alta de juros nos EUA não é boa notícia, já que tende a reduzir a quantidade de dólares que pinga pelas bandas de cá. Quanto maior o rendimento em lugares mais seguros, menos investidores se animam a navegar por terrenos pantanosos.

E bota pântano nisso. Aqui todas as atenções seguem voltadas para a PEC dos Precatórios, que passou na primeira votação da Câmara, mas tem placar incerto na segunda rodada e também no Senado, menos favorável aos planos pouco sólidos do governo. Por sinal, para tentar ampliar o placar entre os deputados, o governo abriu a torneira do Orçamento secreto – pago com as emendas de relator. Isso quer dizer que o governo está gastando mais enquanto tenta sinalizar ao mercado que quer controlar gastos. Aí fica difícil segurar os ânimos dos investidores.

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Mas, quem quiser sextar com o ânimo um pouquinho melhor, tem algumas coisas para se agarrar. 

  1. Na noite de ontem, o Bradesco divulgou lucro robusto (+35%, a R$ 6,76 bi), o que tende a trazer um alento ao mercado. 
  2. O governo já arrecadou mais de R$  7 bilhões no primeiro dia de leilões do 5G.
  3. O petróleo opera no positivo, bom para a Petrobras e para o Ibovespa como um todo – já que ela é a segunda maior companhia no índice. 

A ver se será o bastante para minimizar o tombo da quinta.

humorômetro: o dia começou com tendência de alta

Futuros S&P 500: 0,25%

Futuros Nasdaq: 0,42%

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Futuros Dow: 0,03%

*às 8h10

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): 0,65%

Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,67%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): 0,23%

Bolsa de Paris (CAC): 0,68%

*às 8h08

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,54%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,61%

Hong Kong (Hang Seng): -1,41%

Commodities

Brent: 0,48%, a US$ 80,93 

Minério de ferro: –6,95% em Qingdao, na China, negociado a US$ 93,14

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*às 7h59

Agenda

9h30 Departamento do Trabalhos dos EUA libera o payroll, relatório sobre criação de empregos no país em outubro

market facts

Destronada

Acumulando queda de quase 7% nas suas ações em relação ao fim de outubro, a Vale não é a mais a empresa com maior valor de mercado do Ibovespa. O posto pertence agora à Petrobras. A mineradora vem sendo penalizada pela queda livre no preço do minério de ferro lá na China, que chegou a ser negociado aos US$ 220 por tonelada em seu pico em junho, mas agora ronda os US$ 100 após o governo chinês intervir (hoje voltou a cair: US$ 93,14). Nesse período, os papéis da Vale caíram 42% e estão com o menor preço do ano. Mas não é como se as coisas para a Petro, agora líder, estivessem a mil maravilhas. Apesar da alta do petróleo no mercado internacional, a estatal é constantemente ameaçada pelo risco político, com Bolsonaro e outros políticos criticando sua política de preços em meio ao aumento da gasolina, e ameaçando intervenção. De junho para cá, as ações dela caíram 7%.

No azul

Depois de anos no prejuízo, a Uber surpreendeu com um número positivo e que talvez, quem sabe, indique que a empresa conseguirá sair do vermelho no futuro. No terceiro trimestre, a empresa registrou um Ebitda de US$ 8 milhões, a primeira vez que ele fica no positivo. Esse indicador olha apenas para o negócio, e desconsidera outras despesas como juros, depreciação e amortização. Até então, o negócio da Uber era queimar não só combustível, mas dinheiro dos acionistas. Essa mudança de cenário foi uma cortesia da retomada da atividade econômica mundo afora, que aumentou as viagens e os pedidos de delivery. E trouxe um certo alívio, já que investidores cansaram de tanto prejuízo e pressionam a companhia a provar que é um negócio realmente viável e que dá lucros. E isso continua distante. O prejuízo foi US$ 2,42 bilhões no terceiro trimestre, contra US$ 1,09 bilhão negativo do mesmo período de 2020. O rombo aumentou por causa dos investimentos da empresa na Didi, o “Uber chinês”, cujas ações em New York despencaram depois que Pequim passou a investigar o app como parte de sua ofensiva contra as techs americanas.

Vale a pena ler:

Quem é Winity

O leilão do 5G de ontem trouxe um novo nome: Winity, a operadora de telefonia móvel ligada ao fundo Pátria Investimentos. Após ganhar um dos lotes, ela deverá levar internet para locais atualmente sem conectividade e para estradas federais. Conheça a empresa nestes textos do Valor e do g1

Como vencer o burnout

Foram dois anos de pandemia que deixou a nós todos esgotados. Pesquisas mostram que quase 90% dos trabalhadores estão agora tendo sintomas de burnout, a síndrome de enfrentar um trabalho desgastante. Mas há luz no fim do túnel. Neste texto, o Wall Street Journal elenca dicas de como enfrentar o problema. Leia aqui (em inglês). 

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M. Dias Branco

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