Ibovespa sobe 2,1% com EUA e eleições no Congresso
Lá fora, o humor volta ao normal. Por aqui, a expectativa foi pela aceleração das reformas. Eneva (13,5%) e Eletrobras (9%) foram os destaques.
Os EUA deram o tom do dia. Depois do mau humor com a rebelião das sardinhas contra os fundos de investimentos, que marcou a semana passada nos EUA e afetou as cotações de todas as bolsas do planeta, hoje foi um de volta à normalidade – e de inflar mais ainda o valor das ações americanas, que seguem em patamares exuberantes. No final, o S&P 500 ganhou 1,61%, aos 3.773,86 pontos, o Índice Nasdaq valorizou 2,55%, para 13.403,39 pontos, e o Dow Jones subiu 0,76%, para 30.211,91 pontos.
Por aqui, o Ibovespa acompanhou o movimento e terminou no positivo: alta de 2,13%, aos 117.517.57 pontos. Ajudou o fato de que o clima em Brasília acalmou, depois de ter esquentado no final de semana, com Rodrigo Maia ameaçando abrir um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro no seu último dia na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados. Hoje Maia voltou atrás nas bravatas e ficou por isso mesmo.
A debandada dos partidos do centrão à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) também agradou o mercado. É que, com isso, a vitória de Arthur Lira (PP-AL), candidato favorito de Bolsonaro, é dada como certa na votação de hoje. Num otimismo cauteloso, o mercado espera que, agora, sem poder botar a culpa nos congressistas, o presidente melhore sua interlocução com os parlamentares e aprove as reformas tributária e administrativa.
A elétrica, aliás, anunciou o pagamento de R$ 1,57 de dividendos por ação preferencial (Elet6). Isso representa um bem vindo ganho de 5% pela cotação de hoje. O mercado gostou, e colocou a estatal entre as maiores altas de hoje. Tem direito aos dividendos quem tiver ações da Eletrobras na carteira na quarta (03). E o pagamento sai dia 19/02.
Melhor do que isso para os acionistas da empresa, só mesmo se a privatização sair. Mas não dá para ficar cheio de gás com essa possibilidade tão cedo.
Eneva
Quem terminou o dia cheia de gás mesmo foi a Eneva. A empresa, que atua nos setores de geração de energia, exploração e produção de petróleo e gás natural, disparou quase 14% no pregão de hoje, impulsionada por uma série de notícias positivas.
No início da manhã, a Toro Investimentos incluiu a Eneva na sua carteira para o mês de fevereiro. Para a corretora, a companhia, antiga MPX de Eike Batista, que entrou em recuperação judicial em 2014 e reestreou na bolsa no fim de 2017, havia deixado os tempos sombrios no passado.
Segundo os analistas, além de possuir negócios complementares na área de gás natural, atuando em várias frentes, a Eneva tinha um potencial de expandir suas operações com a possível (até então) aquisição do Complexo de Urucu, colocado à venda pela Petrobras em novembro, como parte dos seus desinvestimentos.
Daí que o momento para a Toro soltar esse relatório não poderia ser melhor. À tarde, o site Brazil Journal informou, justamente, que a Eneva havia vencido a disputa e levado para a casa o Polo de Urucu, no Amazonas.
E olha que a vitória foi suada. Na primeira rodada de investimentos, a 3R Petroleum saiu na frente da Eneva. Enquanto a primeira, uma pequena petroleira nacional com poços no Nordeste, havia feito uma proposta de R$ 1,1 bilhão pelo campo, a segunda havia oferecido só R$ 600 milhões.
O que salvou a Eneva foi uma repescagem. A Petrobras não gostou de uma série de exigências feita pela 3R (como romper o contrato atual de fornecimento de gás que a a estatal mantém com a Cigás, a distribuidora do Estado do Amazonas), e resolveu sentar novamente com as concorrentes interessadas. E daí a Eneva, com sangue nos olhos, ofereceu um valor entre 30% a 40% maior que o anterior.
O polo de Urucu é promissor, de fato. O complexo de sete campos é capaz de produzir cerca de 14 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia (além de 16,5 mil barris de petróleo). Com a aquisição, a Eneva vai se tornar a maior produtora privada de gás no Brasil.
Foi o suficiente para investidores encherem o carrinho com os papéis da produtora de energia. E era o empurrãozinho que faltava para quem ainda ficava ressabiado com a companhia, que se valorizou 42% no ano passado. É que, embora tenha trocado o comando e passado por uma reestruturação, o alto endividamento da Eneva ainda deixava muita gente com o pé atrás. No final do terceiro tri do ano passado, a alavancagem da companhia era de 3,1 vezes o seu Ebitda, (o ideal para o mercado é que esse número caia para 2,5 vezes).
Com a compra bem-sucedida do campo de Urucu, o mercado antecipa que Eneva vai fortalecer o caixa pelos próximos anos, e pôr fim no período de alavancagem elevada. Um belo gás para os próximos balanços.
MAIORES ALTAS
Eneva: 13,51%
Eletrobras PN: 8,98%
Eletrobras ON: 7,46%
Braskem: 5,53%
Pão de Açúcar: 5,21%
MAIORES BAIXAS
Via Varejo: 2,11%
Magazine Luiza: 1,35%
Natura: 1,22%
Sulamérica: 1,00%
Lojas Renner: 0,96%
Dólar: -0,40%, cotado a R$ 5,44
Petróleo
Brent (referência internacional): +2,29%, a US$ 56,30
WTI (referência nos EUA): +2,59%, a US$ 53,55
Minério de Ferro: -0,93%, cotado a US$ 157,07 a tonelada no porto de Qingdao (China).