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Ibovespa sobe 12,54% em novembro e tem o melhor mês dos últimos três anos

Petróleo cai 2,43% no dia em que o Brasil é convidado a se juntar a Opep+. BRKM5 recua 6,45% após nova intimação por danos causados por afundamento de solo em Maceió.

Por Jasmine Olga
Atualizado em 1 dez 2023, 09h41 - Publicado em 30 nov 2023, 19h04

Não é só quem viu o 13º salário pingar na conta neste dia 30 que tem razões para comemorar. O Ibovespa encerrou o seu melhor mês desde novembro de 2020 — alta de 12,54%, aos 127.331 pontos. 

O fim do bate-cabeça dentro do governo e a decisão de manter a meta de déficit fiscal zero para o próximo ano foi um verdadeiro alívio para a bolsa brasileira, mas Nova York também ajudou. Lá fora, os investidores já começam a ver possibilidades de um corte nos juros no início do próximo ano. 

Hoje o empurrãozinho veio do BC. Em evento do JP Morgan, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que, em suas conversas com a Faria Lima, tem escutado que há espaço para acelerar o corte de juros para além do ritmo atual, de 0,50 p.p. em 0,50 p.p. Quem decide isso é o Copom, claro, mas o fato de o mercado financeiro manifestar apoio aos cortes ajuda na tarefa de cortar juros sem desajustar as expectativas. 

A Faria Lima gostou de saber que está sendo ouvida. Não à toa, os juros de curto prazo cederam e o Ibovespa subiu 0,92%. 

Mas Galípolo pediu calma. É que tanto o mercado financeiro quanto o Banco Central estão contentes em ver a inflação ceder – especialmente a de serviços, que demora mais a reagir a juros – ao mesmo tempo em que dados de emprego continuam sólidos. Nesta quinta, o IBGE divulgou que o país alcançou, pela primeira vez, 100 milhões de pessoas ocupadas. O desemprego fechou em 7,6%. 

Esses dados mensais, chamados de alta frequência, é o que dão confiança ao mercado e ao BC de que seria possível acelerar o ritmo dos cortes. É aí que entra o calma lá de Galípolo. Segundo ele, o Banco Central acha melhor “não se emocionar” com esses dados, que o ritmo de -0,50 p.p. por reunião é adequado e que o sarrafo está alto para acelerar a queda. A ver. 

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Menos petróleo, mas ainda mais barato

A alta do Ibov nesta quinta ocorreu apesar do petróleo, que costuma pesar muito no índice. A commodity terminou o dia em queda de 2,43%, se segurando ao redor de US$ 80 por barril. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) estava há dias tentando um acordo para cortar a produção de petróleo para içar os preços de volta para perto de US$ 100, isso enquanto China e países desenvolvidos desaceleram, reduzindo o consumo da matéria-prima. Só que os países do cartel nnao chegaram a um acordo. O que saiu da reunião desta quinta-feira foi um anúncio de “cortes voluntários” de produção que podem chegar a 2,2 milhões de barris no 1º trimestre de 2024. 

Na prática, se alguém fechar a torneira, poderá perder mercado para países dispostos a manter – ou aumentar – a produção. Daí que o mercado não levou fé na redução de oferta, por isso do tombo nos preços. 

A única certeza que se tem ao fim do encontro desta quinta-feira é a de que o Brasil foi convidado a se juntar ao clube da Opep+, um convite que será analisado pelo governo federal. Por sinal, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, avisou que não se juntaria ao clube para combinar cortes de oferta. Parece que o convite veio no timing errado. 

O dólar à vista acabou acompanhando o dia morno em Nova York, em alta de 0,56%, a R$ 4,91. Ainda assim, a moeda americana terminou novembro com um recuo de 2,50%. No ano, ela tomba 6,91%

Em Nova York

A quinta-feira foi de consolidação do cenário de um “pouso suave” para a economia americana. Após a revisão positiva do PIB americano e do índice de inflação ao consumidor (PCE, na sigla em inglês)  visto ontem, hoje as medições mensais do PCE seguiram mostrando que o Federal Reserve está no caminho certo para domar a alta dos preços. 

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Esse é o indicador de inflação favorito do Fed. E os números vieram em linha com o consenso de mercado: o PCE ficou estável em outubro ante setembro. O núcleo do índice, que exclui a variação de itens voláteis como alimentos e energia (e é acompanhado de perto pelo Fed), avançou 0,2% no mês. 

Na prática, isso significa que a inflação americana segue desacelerando em direção à meta de 2% e os otimistas podem seguir com a expectativa de que a taxa básica abandone o patamar dos 5,5% . O PCE avançou 3% nos últimos 12 meses — em setembro, era 3,4%. 

A notícia é boa, mas não foi uma surpresa —- a inflação ao consumidor medida pelo CPI já havia mostrado sinais de estabilidade e o mercado de trabalho mostra um enfraquecimento que tende a beneficiar o controle dos preços. O sentimento de que a economia americana tem condições de iniciar o seu ciclo de corte de juros tem dominado o noticiário e o humor dos investidores em Wall Street nas últimas semanas. Isso levou os índices a acumularem ganhos mensais robustos. 

Então, restou pouco fôlego para que as bolsas fossem ainda mais longe hoje. Uma situação comum após uma alta expressiva em um curto período de tempo. Nesta quinta-feira S&P 500 subiu 0,38%, ampliando a alta do mês para 8,9% – melhor número desde julho de 2022.

BRKM5 (-6,45%)

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Um velho problema reapareceu para assombrar as ações da Braskem nesta quinta-feira — o risco de colapso iminente de uma mina de sal-gema da companhia em Macéio. O resultado foi uma queda de 6,45% de BRKM5. 

O afundamento de terra na cidade é uma situação crítica que se arrasta desde 2019 — ano em que algumas minas de exploração foram fechadas e a realocação de moradores da região se iniciou.  O sal-gema é utilizado na cadeia de produção do PVC, um dos principais produtos da companhia. 

Com cinco tremores registrados nas últimas semanas, a Defesa Civil aumentou o nível de alerta nesta semana. Até então, os papéis da petroquímica estavam reagindo de forma tímida ao agravamento da situação em Maceió. Mas, nesta tarde, a Braskem enviou um comunicado ao mercado informando que foi intimada por uma nova ação federal e do estado de Alagoas sobre os danos causados pela movimentação do solo. 

Segundo o documento, o valor da ação coletiva é de R$ 1 bilhão. Em julho, a companhia já havia fechado um acordo para pagamento de R$ 1,7 bilhão em indenização para a prefeitura. 

Como é de praxe, os papéis BRKM5 tiveram a negociação interrompida por alguns minutos para a divulgação do fato relevante. É o que pede o manual da B3. Mas não havia mais como ignorar o problema após o fim do leilão — e as ações desabaram. 

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No momento, as autoridades locais ainda precisam retirar 5 mil pessoas de três bairros adjacentes ao problema.  

Com a virada da folha do calendário, a expectativa é de que Papai Noel traga de presente o rali de final de ano. Estamos na torcida. Até mais. 

MAIORES ALTAS 

Cielo (CIEL3): 7,77%

Magazine Luiza (MGLU3): 7,45%

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Embraer (EMBR3): 5,44%

Cyrela (CYRE3): 4,65%

Alpargatas (ALPA4): 4,02%

MAIORES BAIXAS

Marfrig (MRFG3): -6,54%

Braskem (BRKM5): -6,45%

Klabin (KLBN11): – 3,67%

BRF (BRFS3): -2,85%

Assaí (ASAI3): -1,82%

Ibovespa: 0,92%, aos 127.331pontos

Em Nova York

Dow Jones: 1,47%, aos 35.950 pontos

S&P 500: 0,38%, aos 4.567 pontos

Nasdaq: -0,23%, aos 14.226 pontos

Dólar: 0,56%, a R$ 4,91

Petróleo 

Brent: -2,43%, a US$ 80,86 por barril

WTI: -2,44%, a US$ 75,96 por barril

Minério de ferro: 1,36%, a US$ 136,87 por tonelada na bolsa de Dalian

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