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Ibovespa sobe 1,11% com taxação de offshores no radar

Dia positivo em Nova York ajudou, mas foi a perspectiva de mais recursos no caixa da União que fez o Ibov pisar no acelerador na reta final do pregão.

Por Jasmine Olga
28 ago 2023, 18h16

 

A última semana de agosto começou com o pé direito para o Ibovespa: alta de 1,11%, aos 117.120 pontos. Mas a bolsa brasileira vai precisar de muito mais fôlego se quiser apagar todos os 16 pregões de queda que marcaram o mês – de um total de 20 até esta segunda.   

O Ibov começou o dia meio preguiçoso, acompanhando de longe o desempenho positivo das bolsas americanas, e foi ganhando confiança ao longo da sessão. Foi uma espécie de toma lá, dá cá com Wall Street. Na etapa final do pregão, o S&P 500 e o Nasdaq ganharam força extra e puxaram o Ibovespa —  (mais sobre isso adiante). 

Nova York estimulou o apetite por risco, mas o pé no acelerador ao final do dia veio mesmo de Brasília. O governo divulgou suas estimativas de arrecadação para o projeto de taxação de fundos offshore (aqueles com gestão feita no Brasil, mas com recursos aplicados no exterior, quase sempre em paraísos fiscais). 

O texto foi enviado ao Congresso Nacional e, segundo o Ministério da Fazenda, o potencial de arrecadação pode somar R$ 20 bilhões até 2026 – com  R$ 7,05 bilhões em 2024, R$ 6,75 bi em 2025 mais R$ 7,13 bi daqui a três anos. Em um momento em que se discute a eficácia do arcabouço fiscal e de seus gatilhos para conter os gastos públicos, uma eventual injeção extra de recursos é bem-vinda: ajuda a aliviar a curva de juros e o câmbio. 

Uma percepção de que o projeto tem potencial para ajudar a saúde financeira das contas da União de forma concreta pode levar a um reajuste nas apostas para a Selic nas próximas decisões do Copom. 

Vale lembrar: o colegiado já deixou contratado pelo menos mais três reduções de 0,5 ponto percentual para os três últimos encontros de 2023. Para o mercado financeiro, o interessante é entender se há espaço para acelerar ainda mais o ritmo de queda. 

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VALE3 (1,43%) 

A Vale contrariou a sua commodity de referência para encerrar o dia em alta de 1,43%. Em um dia em que a China fez mais uma tentativa de turbinar seu mercado ao reduzir um imposto cobrado sobre a compra e venda de ações — o mais novo estímulo em uma lista que começa a ficar longa —, o minério de ferro afundou mais 2%. 

As bolsas asiáticas responderam bem ao estímulo do governo e fecharam no azul nesta madrugada, mas não faltam incertezas sobre o tamanho do problema chinês.

Prova disso é justamente a baixa do minério de ferro hoje. A commodity passou por um dia de realização de lucros após uma semana em que alcançou sua melhor marca em quatro meses. 

A Vale, que até ontem acumulava uma perda de 36% desde o pico mais recente, em janeiro, também tinha espaço para uma correção — só que para cima. 

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Falando em crise, o grupo Evergrande, enorme símbolo dos problemas do setor imobiliário e que vira e mexe dá o que falar, voltou a ter as suas ações negociadas em bolsa após uma suspensão de 17 meses. 

Mas foi um pregão para esquecer. As ações derreteram quase 80% em Hong Kong e a empresa, que já chegou a valer mais de US$ 50 bilhões agora está em meros US$ 600 milhões – o equivalente a small caps mirradas da nossa bolsa. 

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PETR4 (1,13%), ITUB4 (3,39%)

Não foi só a Vale que ignorou a sua commodity de referência para fechar o dia em alta. A Petrobras também deixou a queda de 0,19% do barril para lá e encerrou a sessão com ganhos de 1,13%. 

A dobradinha Vale e Petro em alta é quase sempre uma boa notícia para o Ibovespa e meio caminho andado para um dia positivo: juntas elas representam 25% do índice. 

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A mineradora e a petroleira, no entanto, não foram as únicas gigantes a puxarem o índice para cima nesta segunda-feira. Os bancos também ajudaram. Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, juntos, respondem por 14,5% do índice. E, nesta segunda-feira de alívio, foram bem: ITUB4 fez 3,39%, BBDC4, 3,24% e BBAS3, 2,88%.    

Semana cheia na gringa

Com uma semana cheia pela frente, os investidores em Nova York aumentaram as apostas otimistas. O S&P 500 subiu 0,63%, enquanto a Nasdaq avançou 0,84%. 

Em partes, a segunda-feira ainda reverberou o discurso sem surpresas feito por Jerome Powell, presidente do Fed, na última sexta. O chefe do banco central americano deixou claro que a economia não está desacelerando da maneira que se esperava e que é preciso sinais de um desaquecimento do mercado de trabalho. E esses sinais podem vir ainda nesta semana.

Nos próximos dias, a agenda gringa reserva uma coletânea dos principais indicadores que entram na conta na hora de decidir o futuro da política monetária: o índice de inflação preferido do Fed – Gastos com Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) e, para fechar a semana, o Payroll, com os tão aguardados dados da trajetória do mercado de trabalho. 

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Com os números em mãos, o mercado pode refazer as projeções para as próximas reuniões do Fomc (o Copom dos EUA). A ver.

PETZ3 (+0,56%)

De volta à B3, a Petz teve um pregão bom para cachorro na parte da manhã e chegou a liderar as maiores altas do dia em diversos momentos da sessão. Mas PETZ3 perdeu o fôlego, e pôs a língua de fora no fim da tarde: encerrou em relativamente tímidos 0,56%. 

O movimento de alta veio porque o mercado gostou de ouvir uma notícia: a de que a varejista pet pode fundir-se com a Cobasi — sua principal concorrente em São Paulo. 

A notícia foi antecipada pelo Valor Econômico. No início da manhã, a Petz comentou a publicação por meio de fato relevante. Apesar de dizer que não existe nenhum documento preliminar sobre a viabilidade da operação, a empresa não negou que de fato existem conversas sobre a possibilidade. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos. 

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A semana só está começando e os próximos dias prometem! 

Até amanhã.

MAIORES ALTAS

Minerva (BEEF): 4,21%

Margrig (MRFG3): 3,54%

Itaú (ITUB4): 3,39%

Bradesco (BBDC4): 3,24%

Dexco (DXCO3): 3,17%

MAIORES BAIXAS

GPA (PCAR3): -6,78%

Via (VIIA3): – 6,45%

Méliuz (CASH3): -4,28%

Alpargatas (ALPA4): -3,24%

CVC (CVCB3): -3,08%

Ibovespa: 1,11%, aos 117.120 pontos

Em Nova York:

S&P 500: 0,63%, a 4.433 pontos

Nasdaq: 0,84%, a 13.705 pontos

Dow Jones:0,62%, a 34.559

Dólar: -0,01, a R$ 4,87

Petróleo

Brent: -0,09%, a US$ 83,87 por barril

WTI: 0,33%, a US$ 80,10 por barril

Minério de ferro:  -1,93%, a US$ 111,23 por tonelada em Dalian

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