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Ibovespa sobe 1% com destaque para ações do varejo; NTCO3 salta 15% após balanço

Bolsa brasileira fechou na contramão de Wall Street, com otimismo em relação à inflação mais baixa apesar da dura ata do Copom.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 9 Maio 2023, 18h15 - Publicado em 9 Maio 2023, 18h05
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 (Juliana Krauss/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O mercado acordou com a ata do Copom avisando: a Selic não deve baixar tão cedo. Mau sinal para as ações de varejo e consumo, certo? Não exatamente. Foi justamente esse grupo que liderou as altas do Ibovespa nesta terça-feira, num pregão que foi na contramão de Wall Street: o índice brasileiro fechou em alta de 1%, enquanto o S&P 500 caiu 0,46%.

A coroa do dia ficou para a Natura (NTCO3), que saltou 15% após divulgar balanço ontem depois do fechamento. Não dá para dizer que a forte performance foi justificada por resultados fantásticos, porém. 

A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no primeiro trimestre de 2023, um aumento de 1,4% em relação ao prejuízo registrado no mesmo período do ano passado. As vendas, por sua vez, caíram 3%. A performance da companhia no Brasil ajudou a aliviar o tombo, já que, por aqui, as vendas subiram 25%. Os resultados (muito) negativos da Avon e da The Body Shop, porém, pesaram na performance da empresa.

O pulo do gato: o mercado já esperava o pior dos números, tão pessimista que até se surpreendeu com alguns dados positivos, como o aumento das margens e da lucratividade da companhia. O Ebitda fechou em R$ 841,7 milhões, alta de 41,3% em relação ao mesmo período de 2022, e a margem ficou em 10,5%, uma expansão de 3,3 pontos percentuais – ambos superando as expectativas.

Como resumiu os analistas do Goldman Sachs em relatório: os resultados foram “fracos, mas melhores que o temido”. O suficiente para justificar o salto de 15% nos papéis da empresa.

Há outro fator que pode explicar parte do otimismo: em abril, a Natura anunciou a venda da Aesop, marca de luxo australiana adquirida em 2012, para a L’Oréal, numa transação de  US$ 2,5 bi. É algo que praticamente zera a dívida da companhia – que era um dos maiores problemas da Natura, como reiterou hoje o CEO do grupo, Fábio Barbosa, na conferência dos resultados. 

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Acontece que o mercado até concorda que o endividamento era um dos grandes problemas da Natura, mas lembrava que não era o único – e focava nos outros desafios para justificar seu pessimismo. Por isso não celebraram tanto assim a venda da Aesop no mês passado (os papéis fecharam em queda de 16% em abril, sendo que o anúncio veio logo nos primeiros dias do mês). Agora, porém, com algumas surpresas positivas no resultado abriram o resultado para um olhar um pouco mais otimista para a empresa no pregão de hoje.

Mais varejo

Depois da Natura, outros papéis ligados ao varejo e consumo tiveram forte altas: Magalu (7%), Via (5%), Assaí (3,8%) e Lojas Renner (4,17%), surfando na expectativa de uma inflação mais baixa que pode levar os brasileiros às compras.

Foi na contramão do aviso da ata do Copom, que, apesar de reconhecer que a inflação está mais suave, reforçou que as expectativas de inflação ainda seguem acima da meta e manteve o tom hawkish.

Até Simone Tebet ajudou a alavancar o viés otimista quanto ao tema hoje. A ministra do Planejamento, em audiência do Senado, disse que “teremos uma surpresa positiva com a inflação”, que, segundo ela, virá menor que a prevista.

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Pareceu até um spoiler do IPCA, que será divulgado oficialmente pelo IBGE nesta sexta-feira, a ponto de que a ministra teve que esclarecer que não recebeu a informação com antecedência e que se baseia nas projeções e indicações do Focus dessa semana e da própria ata do Copom. E mudou um pouco a frase, dizendo aos senadores que “acredita” que haverá uma surpresa.

De qualquer forma, parece que a ministra não está sozinha: o Ibovespa subiu justamente apoiado nos papéis mais ligados aos juros, tampando os ouvidos para o tom mais duro para o Copom e possivelmente apostando numa inflação realmente menor.

E assim terminou o dia: com bom humor na bolsa enquanto o Brasil se despedia de Rita Lee, a eterna rainha do rock nacional.

Até amanhã.

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Maiores altas

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Natura (NTCO3): 15,08%

Magazine Luiza (MGLU3): 6,98%

IRB Brasil (IRBR3): 5,50%

Via (VIIA3): 5,05%

Lojas Renner (LREN3): 4,17%

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Maiores baixas

Raízen (RAIZ4): -3,93%

Yduqs (YDUQ3): -2,95%

Tim (TIMS3): -2,86%

Hapvida (HAPV3): -1,37%

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Ibovespa: 1,01%, aos 107.113 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,46%, aos 4.119 pontos

Nasdaq: -0,63%, aos 12.179 pontos

Dow Jones: -0,17%, aos 33.562 pontos

Dólar: -0,48%, a R$ 4,9875

Petróleo

Brent: 0,56%, a US$ 77,44

WTI: 0,75%, a US$ 73,71

Minério de ferro: 1,28% cotado a US$ 103,15 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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