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Ibovespa segue em queda com novo governo; Tesla e Apple derrubam bolsas em NY

Enquanto aqui a novela é de ordem política, nos EUA são as big techs que preocupam. Com a queda de hoje, o valor de mercado da Apple cai abaixo dos US$ 2 tri pela primeira vez desde 2021.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 3 jan 2023, 19h28 - Publicado em 3 jan 2023, 19h01
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 (Brenna Oriá/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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A Faria Lima começou 2023 firme em seu mau humor com o novo governo. Depois de cair 3% ontem, o Ibovespa desabou mais 2,08% no segundo pregão do ano, com os temores políticos pesando. O índice foi aos 104 mil pontos e só cinco ações fecharam no azul. Não deu para culpar a baixa liquidez dessa vez: depois do feriado prolongado, as bolsas em Nova York voltaram a abrir nesta terça-feira.

Investidores seguiram acompanhando as falas dos integrantes do novo governo, e o que ouviram não agradou. O ministro Carlos Lupi (PDT), da pasta de Previdência Social, tomou posse hoje e atacou a reforma da previdência do governo Bolsonaro (que ele chamou de “antirreforma”). Ele prometeu formar uma comissão com representantes de sindicatos patronais, empregados, aposentados e lideranças do governo para rediscuti-la. 

Ao mesmo tempo, Gabriel Galípolo, o número 2 do Ministério da Fazenda, tentou fazer acenos ao mercado e prometeu que Lula quer sustentabilidade econômica aliada à sustentabilidade social e ambiental. Mas não convenceu.

O dólar disparou 1,72%, a R$ 5,4521, e os juros futuros também foram às alturas.

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As declarações meio contraditórias seguem a novela mais ampla de todo o governo, que incita uma enorme cautela nos investidores. Afinal, a leitura que predomina é que o novo governo não está comprometido com a responsabilidade fiscal.

Lula já deu claras sinalizações que a direção escolhida do novo governo será heterodoxa, com mais gastos públicos e intervenções do Estado na economia. Na Faria Lima, prevalece o pânico da volta do caos nas contas públicas vistos no período Dilma.

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Fernando Haddad segue tentando fazer a contenção de danos, mas não convence muito. O entendimento do mercado é que o novo Ministro da Fazenda já começa perdendo a queda de braço com o presidente – a desoneração dos combustíveis por dois meses, medida que Haddad era contra, está aí para provar.

Nas próximas semanas, o mercado vai buscar mais detalhes sobre duas grandes mudanças prometidas pelo governo: a política de preços da Petrobras e uma nova âncora fiscal para substituir o Teto de Gastos.

Nessa novela da Petrobras, os papéis PETR3 e PETR4,  seguiram em queda hoje (-1,41% e -2,53%, respectivamente), após forte tombo ontem. Tudo bem que não dá para culpar só o novo governo. As cotações do petróleo começaram 2023 em queda livre: o Brent, referência internacional, caiu 4,43%, a US$ 82,10 por barril. O temor, aqui, é de que 2023 vai ser marcado por uma desaceleração econômica global e, consequentemente, menor demanda pelas commodities. A China é a protagonista deste drama: por lá, os casos de Covid-19 seguem em níveis preocupantes.

Nos EUA

Wall Street até tentou começar 2023 com o pé direito, mas não deu. Após abrirem em alta, as bolsas americanas fecharam no vermelho no primeiro pregão do ano para eles.  O S&P 500 caiu 0,41%, enquanto o Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, perdeu 0,76%.

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Duas big techs se destacaram negativamente. Os papéis da Apple (AAPL34) caíram 3,74%, fechando em seu menor patamar desde junho de 2021. Com isso, o valor de mercado da empresa caiu para baixo dos US$ 2 trilhões pela primeira vez em um ano e meio, considerado um marco importante.

O que derruba as ações da maçã são preocupações com a demanda por seus produtos. A empresa reportou para fornecedores que espera uma demanda mais fraca no primeiro trimestre de 2023. Os sucessivos lockdowns na China, bem como os protestos subsequentes e a nova onda de casos, causaram uma série de disrupções na produção da empresa no país asiático nos últimos dois meses.

A segunda protagonista do mau humor de hoje é a Tesla (TSLA34). As ações da empresa fecharam em queda de 12% após a divulgação de dados que decepcionaram o mercado. A montadora de Elon Musk entregou 405.278 veículos elétricos nos últimos três meses do ano passado, o que fez o total do ano subir para 1,31 milhão de entregas, um recorde. 

Mas o mercado esperava 431.117, segundo dados da Refinitiv, e não gostou de ser contrariado. Resultado: mais queda nas ações. Só 2022, os papéis da Tesla caíram 65%. Enquanto isso, seu CEO segue se envolvendo em polêmicas diárias no seu outro negócio, o Twitter.

Em sua defesa, Musk culpa a queda no aumento dos juros nos EUA – o remédio do Fed contra a inflação, que tem como efeito colateral o esfriamento da economia e a retirada de grana da renda variável. Mas a verdade é que, enquanto todo mundo sofre com isso, a queda da Tesla está bem maior do que o restante. Teria sido a compra do passarinho um tiro no pé?

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Até amanhã.

Maiores altas

Qualicorp (QUAL3): 7,61%

Embraer (EMBR3): 1,89%

Suzano (SUZB3): 1,78%

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Klabin (KLBN11): 0,35%

Gerdau (GGBR4): 0,20%

Maiores baixas

Méliuz (CASH3): -11,48%

Positivo (POSI3): -7,48%

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Locaweb (LWSA3): -6,85%

PetroRio (PRIO3): -6,69%

Alpargatas (ALPA4): -6,49%

Ibovespa: -2,08%, aos 104.165 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,41%, aos 3.823 pontos

Nasdaq: -0,76%, aos 10.386 pontos

Dow Jones: -0,04%, aos 33.134 pontos

Dólar: 1,72%, a R$ 5,4521

Petróleo

Brent: -4,43%, a US$ 82,10

WTI: -4,15%, a US$ 76,93

Minério de ferro: -0,41%, a US$ 123,35 por tonelada na bolsa de Dalian (China)

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