Ibovespa patina em -0,11% à espera do lucro do Itaú (ITUB4), que passa dia offline
Volume de negócios foi 25% menor que a média do ano – modestos R$ 19 bi. Nova York volta a respirar após rebaixamento da Fitch.
Uma caravela em alto mar em dia de calmaria. Foi assim que o Ibovespa se comportou ao longo de toda a segunda-feira, até encerrar a sessão em uma queda tímida de 0,11%. Havia um vento favorável soprando de Nova York, que voltou a subir após dias turbulentos causados pelo corte da nota de risco americana. Ainda assim, o dia na Faria Lima transcorreu quase como se os marinheiros não soubessem para onde guiar o barco.
Para se ter uma ideia, o volume médio negociado na B3 ficou em R$ 19,3 bi, 25% abaixo da média de R$ 25,7 bi registrada ao longo de 2023, levando o principal índice da bolsa a oscilar entre leves perdas e ganhos ao longo de todo o dia.
A previsão do tempo, no entanto, aponta para mudanças amanhã – e logo cedo. Isso porque a ata da última reunião do Copom será divulgada nesta terça-feira, às 8h.
Normalmente a ata segue em linha com os recados deixados pelo BC no comunicado da decisão de juros, mas, dessa vez, a história pode ser diferente. Isso porque essa foi a primeira vez desde setembro de 2022 que houve divergência entre os votantes.
E não se trata de qualquer divergência. A votação entre os diretores foi acirrada, com um placar de 5 a 4 pelo corte de 0,5 ponto percentual.
O documento será um sopro de direção para os marinheiros que preferiram esperar e deve guiar as expectativas do mercado para as próximas reuniões, com grande impacto na curva de juros.
Semelhante ao que ocorre no Brasil, os investidores também estão divididos sobre quais devem ser os próximos passos do Federal Reserve e os impactos em Wall Street.
Enquanto os ventos da ata do Copom devem clarear o horizonte dos mercados locais, em Nova York há grande expectativa pelos indicadores de inflação – que serão conhecidos apenas na quinta-feira.
Na última sexta-feira o relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, trouxe sinais mistos sobre a real temperatura da atividade econômica dos EUA, a esperança é que os números do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) tragam maior clareza aos investidores, guiando as projeções para os próximos encontros do Fed e também para o mercado de juros.
A temporada de balanços ainda está rolando e também segue sendo um guia importante para os negócios, mas são as projeções mais otimistas para a economia que embalaram os ganhos de Wall Street hoje (veja os números do fechamento abaixo).
Para arrematar a segunda, pelo menos teve alguma emoção – e expectativa – com a temporada de balanços. Vamos aos destaques.
BBSE3: +2,38%; ITUB4: -0,79%
A semana começou agitada, com o balanço do Itaú, uma das maiores empresas da bolsa, marcado para ser divulgado após o fechamento do mercado. É do jogo.
Mas teve um twist difícil: o bancão laranja passou o dia todo com seus serviços digitais fora do ar – com problemas também registrados em agências. No Twitter (sim, a gente ainda chama de Twitter), o banco informou que seus sistemas apresentavam “instabilidade”. Timing péssimo para clientes, já que 5º dia útil do mês costuma ser de pagamento – e quando os boletos vencem. Entre o caos na prestação de serviços e a expectativa, ITUB4, a terceira maior ação do Ibov, caiu 0,79%.
Para compensar, havia a BB Seguridade. O braço de seguros do Banco do Brasil lucrou 31% a mais no segundo trimestre: saiu de um resultado de R$ 1,4 bilhão em 2TRI2022 para R$ 1,8 bilhão em 2TRI2023. Isso garantiu uma alta de 2,38% para os papéis da companhia – a maior do Ibovespa hoje.
Os investidores também se animaram com a fatia de R$ 3,2 bilhões em dividendos que serão distribuídos ainda este mês – cerca de R$ 1,60 por ação. No preço do fechamento de hoje, isso significa um dividend yield de 8,91%.
CASH3: -6,95%
Quem também chamou a atenção dos investidores ao longo do pregão foi a Méliuz que, assim como o Itaú, divulga o seu balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado. Se as ações do bancão caíram, os papéis CASH3 despencaram: -6,95%.
A Méliuz é uma empresa de cashback. Mas para ter dinheiro de volta, antes é preciso comprar algo. Juros altos e endividamento elevado vem derrubando os resultados das varejistas. A CASH3 foi junto: , a empresa apresenta um histórico de resultados recentes fracos. Muito aquém de uma companhia que era um dos foguetinhos do Ibovespa.
Só no primeiro trimestre, ela deu prejuízo de R$ 11,9 milhões. E figura entre os piores desempenhos do ano do Ibovespa, com queda superior a 30%.
A verdade é que, até o fim da temporada de balanços, o barquinho do Ibovespa ainda terá que desviar de muitas nuvens de expectativas frustradas.
Uma boa noite para você!
MAIORES ALTAS
BB Seguridade (BBSE3): 2.38%
Embraer (EMBR3): 2,17%
Dexco (DXCO3): 1,71%
CSN Mineração (CMIN3): 1,43%
Assaí (ASAI3): 1,31%
MAIORES BAIXAS
Méliuz (CASH3): -6,95%
CVC (CVCB3): -3,97%
Lojas Renner (LREN3): -3,16%
IRB (IRBR3): -2,90%
Petz (PETZ3): -2,27%
Ibovespa: -0,11%, a 119.380 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,90%, a 4.519 pontos
Nasdaq: 0,61%, a 13.994 pontos
Dow Jones: 1,16%, a 35.473 pontos
Dólar: 0,40%, a R$ 4,8946
Petróleo
Brent: -1,04%, a US$ 85,34
WTI: -1,06%, a US$ 81,94
Minério de ferro: -1,57%, a US$ 100,12 por tonelada na bolsa de Dalian (China)